03. O confronto

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Harry ajudou o último garoto a colocar a mochila antes de se levantar e esticar as costas doloridas. Era sexta-feira à noite e ele mal podia esperar por um fim de semana tranquilo.

Ele fez uma careta quando se virou para encontrar Draco Malfoy parado na porta com uma expressão carrancuda no rosto e uma atmosfera ameaçadora emanando ao seu redor. Scorpius estava ao lado de seu pai, parecendo um pouco arrependido e resignado.

— Sim? — Harry perguntou enquanto gesticulava para os dois entrarem.

— Scorpius, espere lá fora — Draco disse. Scorpius puxou as calças de Draco para fazê-lo calar a boca, mas Draco simplesmente apontou para o corredor. Scorpius se arrastou para fora da sala de aula desanimado. Draco fechou a porta entre eles. Agora a sala de aula estava vazia, exceto para ele e Harry. — O que você tem dito ao meu filho?

Harry estreitou os olhos. Sempre que estava perto de Malfoy, ele era colocado em uma situação em que tinha que lutar ou correr, então, como resposta condicionada, a adrenalina bombeava através dele.

— Não sei do que você está falando — disse ele com toda a calma que conseguiu reunir.

— Sobre família?

Harry ficou perplexo.

— O que?

— Você disse a ele que você é a família dele?

— Uau, espere só um minuto — Harry interrompeu, erguendo as mãos. — Eu só estava... eu estava puxando conversa.

— Essa é uma conversa típica com seus alunos, Potter?

Harry se irritou.

— Bem, é a verdade, não é? — ele argumentou. — Teddy está perguntando sobre -

— Quem?

— Teddy. Edward Lupin. Neto de Andrômeda?

Draco respirou fundo para se acalmar.

— Você não tem direito — disse ele. Esse era o tipo de bobagem da qual ele estava tentando proteger seu filho. — Você é o professor dele. Você não tem o direito de investigar sua vida pessoal, encher sua cabeça com histórias extravagantes, fazer jogos mentais. Ele é uma criança. Você não tem direito sobre ele! — Ele cerrou os dentes. Ele percebeu que havia exagerado, deixou que suas emoções o vencessem.

Ele estalou a língua e saiu furioso da sala de aula. Ele iria se certificar de que Scorpius não se machucaria por causa de algo assim, mesmo que isso significasse antagonizar Potter. Scorpius já teve decepções suficientes para toda a vida. Ele agarrou o filho pela mão e saiu pelas portas da frente.

— Tudo bem. — Scorpius apertou a mão de Draco. — Eu não quero ver meu primo.

Draco pegou Scorpius e desaparatou da escola, aterrissando no saguão. Mas ele não o soltou. Scorpius deixou que o pai o abraçasse, permanecendo cuidadosamente imóvel e sem dizer uma palavra. Ele sabia o que Draco queria dizer quando o abraçava daquela maneira.

Draco nunca conseguiu expressar completamente o amor que sentia pelo filho. Ele não conseguia dizer as palavras sem parecer falso, então parou de tentar. Mas ele o abraçava assim e Scorpius entendia. Ele também amava seu pai. Ele ouvia o coração de ambos, imaginando quanto tempo ainda teria que envelhecer para que seus batimentos cardíacos começassem a soar tão altos quanto os do pai.

— Vamos tomar um pouco de suco — disse Draco.

Scorpius fechou os olhos e repassou a discussão que ouvira na sala de aula, mesmo a portas fechadas. Ele não entendia o que estava acontecendo. Ele nunca disse que queria conhecer seu primo. Seu pai de alguma forma chegou a essa conclusão.

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