02. Os Malfoys

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Certa tarde, no recreio, Harry saiu do trabalho quando ouviu uma agitação no parquinho. Ele encontrou um pequeno grupo reunido perto das barras de macaco. Ao se aproximar deles, ele pôde ver Gabrielle consolando um Scorpius muito pálido enquanto cuidava do que parecia ser um tornozelo torcido. Harry tentou espantar as outras crianças, mas todas insistiram em ficar e assistir a toda aquela agitação. Scorpius estava mordendo os lábios e fungando para conter as lágrimas. Gabrielle encolheu os ombros para Harry, como se dissesse que o tornozelo não parecia tão ruim. Harry bagunçou o cabelo de Scorpius para tentar fazê-lo olhar para cima. Scorpius abaixou a cabeça. Gabrielle colocou um dedo sob o queixo do aluno e levantou a cabeça para que ele pudesse ver o sorriso dela. Ele piscou para afastar as lágrimas e usou as costas da mão para limpar o nariz.

— Você pode andar? — Harry perguntou. Scorpius não respondeu. — Vamos tentar — Harry encorajou enquanto ajudava o menino a se levantar. Ele foi capaz de ficar em pé enquanto segurava com força o braço de Harry. — Aqui vamos nós. — Harry acenou para Gabrielle para que ela ficasse com as outras crianças.

— Você vai ficar bem, Scorpius — algumas das crianças disseram. — Talvez você consiga um gesso!

Scorpius não achou essa ideia tão atraente quanto todo mundo e Harry percebeu isso pela forma como seu rosto se contorceu.

— Vamos — Harry apressou-se, mas já era tarde demais. Scorpius cedeu pesadamente e balançou a cabeça enquanto um soluço abafado lhe escapava. Ele estava envergonhado, chocado e assustado e tudo doía e ele não queria gesso. Ele só queria ir para casa. Ele não protestou quando foi pego por Harry. Ele escondeu o rosto na camisa do professor, ouvindo palavras gentis sendo ditas em seu ouvido.

Em pouco tempo, eles estavam na enfermaria e ele não conseguia parar de chorar, mesmo que quisesse. Foi ainda mais triste ver porque quando Scorpius chorou, ele manteve a voz dentro de si, fechou os olhos e apertou os lábios para que nenhum som escapasse dele. Ele acabou tremendo a cada respiração sufocada.

— Você pode ligar para os pais dele — aconselhou a enfermeira. — Só para avisar? Não há nada de errado. O inchaço vai diminuir em algumas horas. Ele só precisa descansar com o pé elevado.

— Sim, acho melhor avisá-los. Já volto, Scorpius. — Harry foi em direção ao escritório externo, onde a recepcionista o ajudou com o contato de emergência de Scorpius.

— Malfoy.

Harry ficou surpreso ao ouvir uma voz tão familiar e enterrada tão profundamente em suas memórias. Memórias dos sons de conchas batendo em caldeirões na aula de poções, do vento gelado no campo de quadribol, do cheiro metálico de sangue em um banheiro sujo, do calor escaldante do fogo mágico... Tudo voltou à tona quando ele ouviu a voz de Draco Malfoy.

Ele conseguiu dizer:

— Olá. Estou ligando da escola de Scorpius.

Houve uma breve pausa do outro lado da linha. — Sim?

— Não há nada com que se preocupar. Ele caiu feio no parquinho e torceu o tornozelo. Nós -

— Quem é?

— Estou ligando da escola -

— Com quem estou falando?

— Er-Harry Potter.

Outra pausa preencheu a conversa, momento em que Harry estava tentando descobrir a melhor forma de dizer que Scorpius talvez precisasse ir para casa. Mas antes que ele pudesse falar -

— Potter?

Ele quase bufou.

— Sim.

— Por que está me ligando?

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