37. Deixe acontecer

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Astoria estava arrumando os presentes debaixo da árvore quando Draco invadiu a sala. Ela ouviu a porta bater, mas não comentou nada. Sentou-se junto à lareira e começou a tirar as meias molhadas, aquecendo-se junto ao fogo. Após alguns momentos de silêncio, Astoria perguntou:

— É estranho eu vir passar as férias?

Irritado, Draco franziu as sobrancelhas ainda mais do que já estava.

Astoria esclareceu:

— Estamos divorciados.

Draco não tinha pensado nisso e realmente não estava com disposição para os jogos dela. Astoria voltou a reorganizar os presentes. Draco se perguntou o que causou isso.

— Isso é sobre Harry? — ele finalmente disse.

— Claro.

— Ele não se importa.

— Você perguntou a ele?

— Não. Mas ele não se importaria.

Astoria, ainda sentada no tapete, olhou para Draco com paciência forçada.

— Eu não sabia que vocês dois estavam se dando bem de novo.

Draco se irritou.

— Eu perdi a parte em que tudo isso é da sua conta. Eu não interrogo você sobre seus relacionamentos.

Astoria ergueu as mãos em sinal de rendição.

— Eu sei, eu sei. — Ela então cruzou as mãos no colo. — Talvez eu devesse ser mais direta. — Por um breve momento, algo semelhante à vulnerabilidade passou por seu rosto. — Quero passar o Natal com meu filho.

Não era sempre que Astoria queria ter uma discussão séria com Draco, então ele prestou atenção.

— Tudo bem — ele disse lentamente.

— Com quem você quer passar o Natal?

Ele não precisou pensar muito sobre isso.

— Scorpius.

Astoria estremeceu, mas também sorriu com a resposta.

— Tudo se resume a Scorpius, não é? — Ela torceu um pedaço de fita entre os dedos, observando-a enrolar com facilidade. — Ele ficou entre nós.

Draco fez uma careta.

Por mais que lhe doesse admitir, ela estava certa e ele não podia negar. Eles foram felizes juntos, só os dois, por um tempo. A gravidez criou uma barreira entre eles e a rachadura não pôde ser reparada. Havia muito ressentimento ali, muitas palavras ofensivas, emoções horríveis enterradas sob uma camada de amizade cuidadosamente construída que eles construíram ao longo dos anos desde a separação.

— Foi isso que uniu vocês dois? — Astoria se perguntou. — Scorpius?

Draco supôs que sim. O fascínio de Scorpius por seu novo professor. Scorpius insistindo em ver seu primo. Scorpius convidando Harry para jantar. Scorpius querendo que alguém o ensine a voar. Halloweens, aniversários, aventuras, tudo para Scorpius. Ele assentiu.

— O que acontecerá quando Scorpius não estiver mais por perto? Quando ele for para Hogwarts? Ele não será uma distração.

— Ele não é uma distração — Draco retrucou.

Astoria era irritante. Ela tinha razão, menosprezava e era presunçosa sobre muitas coisas, mas especialmente sobre a vida dele, e ele não iria se envolver hoje. Ele saiu furioso de lá sem outra palavra.

Quando Scorpius não estiver mais por perto... Por que ela diria algo assim? Scorpius não é uma distração. Scorpius fazia parte de sua vida; alguém que significa muito para ele. Ele esperava por Harry também. Mesmo assim, os dois tinham muito em comum além da adoração mútua por Scorpius.

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