Sienna Cameron.Silêncio. Ao meu redor, tudo era completo e absoluto silêncio.
A madrugada também tem sua beleza, percebi.
Nunca vi minha rua tão silenciosa, quase como se ninguém mais existisse. Era como se eu estivesse sozinha em um mundo esquecido e vazio.Eu encarava a fachada da casa, imobilizada dentro do carro. Sabia que, ao cruzar aquela porta, enfrentaria as consequências das minhas escolhas recentes. Mas eu não tinha forças para isso, não agora. Não depois de ter tido uma pequena parte de Adam, sabendo que nunca poderia tê-lo por completo.
Não depois de escultar minha irmã, narrando os eventos que antecederam a sua revolta. Não depois de ouvir dos lábios dela o quão cruéis nossos pais podiam ser.
Meu coração estava partido, quando eu pensava que Jeson já havia destruído todas as partes possíveis.
Olhando para a rua envolta em escuridão, desejei secretamente que houvesse mais madrugadas do que dias, mais silêncio e menos vozes julgadoras. Queria mais de mim mesma e menos da versão moldada pelos padrões que a sociedade me impôs. Mais ruas vazias, menos olhares atentos e vigilantes a qualquer erro.
Mas não tive muito tempo para pensar. A porta da grande casa à minha frente se abriu abruptamente, soando mais alto do que deveria por causa do silêncio opressor.
Me assustei, apertando o volante com força. Mas não foi o som não foi o que me assustou; foi a figura que emergiu da casa e marchou furiosamente em direção ao meu carro estacionado.
Minha respiração acelerou a cada passo que Jeson se aproximava. Meus batimentos cardíacos dispararam. Fechei os olhos, tentando controlar o furacão dentro de mim.
A porta ao meu lado se abriu com um baque, e antes que o vento gélido pudesse atingir minha pele, outra coisa me atingiu. Quente e bruto, eu reconheceria aquele toque em qualquer lugar e circunstância, mesmo após anos. Era o toque do meu marido.
Jeson agarrou meu braço e me arrancou do carro, fazendo-me tropeçar.
— Jeson! — Gritei, ainda atordoada, ainda desesperada.
— Calada! — Ele se virou para mim, segurando meu braço. Seus olhos escuros pareciam mais sombrios do que o normal, como um abismo no qual eu estava prestes a ser lançada. — Se algum vizinho sair por causa dessa sua boca grande, você já sabe o que vai acontecer.
Engoli em seco, encarando seus olhos ameaçadores. Meu corpo parecia petrificado, como se cada terminação nervosa soubesse que eu estava diante de uma ameaça iminente. As marcas da última vez que ele se enfureceu ainda manchavam minha pele. Não podia arriscar atiçar a fera que existia dentro dele, então deixei que me arrastasse para dentro da casa que mais parecia uma prisão.
Durante todo o trajeto, tive que pressionar os lábios um contra o outro. A dor causada pelo aperto parecia atravessar a pele e a carne, infiltrando-se nos meus ossos. Mesmo depois que ele me soltou, jogando-me na cama de casal, meu braço ainda latejava.
— Onde você estava? — Sua voz não era agressiva, mas séria. Ele estava diante da cama, mãos na cintura, me fitando.
— Alana...
— Estava com Alana?! — Interrompeu-me de forma mais rude.
Concordei com a cabeça, tentando segurar o choro que fazia um nó se formar em minha garganta.
— O que eu já te disse sobre Alana?
— Que eu não deveria mais vê-la. — Respondi baixinho.
— Por quê...— Perguntou, incentivando-me a falar.
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Sentimentos Proibidos : Sendo reescrito
RomanceSienna Cameron vive uma vida de aparências, lutando diariamente para manter a fachada de perfeição enquanto enfrenta um casamento abusivo e a responsabilidade de criar seu filho. A pressão é constante, e a esperança parece uma ilusão distante. Mas...