Capítulo 48 : Prometa

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Adam Grey

Às vezes eu imaginava como minha vida estaria se eu nunca tivesse vindo para alto-mar. Se meu pai nunca tivesse me pedido para voltar. Eu já estaria livre daquele internato, trabalhando em um lugar qualquer e levando uma vida calma como eu sempre quis. Eu poderia estar fazendo faculdade de gastronomia para mais tarde abrir meu próprio restaurante.
Mas infelizmente, eu estava aqui preso em uma cela. Porque não importa o quanto você tente fugir do seu destino, você nunca conseguirá. Você pode tomar quantos caminhos quiser, mas no final o destino será sempre o mesmo. E essa é a vida e é exatamente por isso que alguns desejam a morte.

— Ei! — saltei da cama encarando o policial do outro lado das grades. — Você está liberado, pagaram sua fiança.

O quê?

Fiquei parado ali encarando o policial abrir a cela sem entender absolutamente nada.

— Anda, garoto, vai ficar parado aí?

Atordoado, atravessei a cela o seguindo para longe dali. Peguei meus pertences e finalmente deixei a delegacia para trás, sentindo o sol batendo no meu rosto. Mas o sol não era a única coisa que brilhava ali, porque eu podia ver Sienna do outro lado da pista, escorada em seu carro com os braços cruzados e uma expressão pensativa enquanto encarava seus saltos.

E foi exatamente ali que eu percebi que, mesmo que meu mundo viesse a cair em destruição, sendo engolido pela escuridão, Sienna sempre seria minha luz no fim do túnel, erguendo a mão enquanto me guiava para fora do escuro.

Então, ali naqueles poucos segundos enquanto eu caminhava até ela, eu fiz uma promessa a mim mesmo. Eu seria uma luz no fim do túnel para ela também. Não importa o que fosse me custar, porque não importa o quanto você tente, você não pode fugir do seu destino, e Sienna Cameron era meu destino.

Os olhos dela se ergueram ao escutar meus passos próximos, brilhando como duas safiras na minha direção. E então um sorriso tão lindo que doía se esticou nos seus lábios, fazendo meu peito se aquecer ao saber que eu era o motivo.

— Adam. — Ela sussurrou com a voz trêmula de emoção antes de avançar sobre mim, me abraçando com tanta força que me fez cambalear para trás. — Eu pensei que te perderia.

— Você nunca vai me perder. — Murmurei contra seus cabelos, absorvendo seu cheiro.

— Temos que ir. — ela disse, se afastando para me encarar. — Seu pai e Jason podem aparecer.

Concordei com a cabeça enquanto admirava cada detalhe do seu rosto. Ela parecia ansiosa e inquieta.

— Vamos para um hotel, lá eles não vão poder nos achar tão facilmente. — expliquei. — Você está bem? — Deslizei a mão sobre sua barriga. — O neném está bem?

Ela engoliu seco e concordou.

— Estamos bem. — Ela sorriu antes de deixar um beijo rápido nos meus lábios e me puxar em direção ao carro.

— Adam? — Ela me chamou depois de colocar o cinto, com as mãos no volante olhando para frente.

— Sim?

— Você tem que prometer. — Ela engoliu seco como se estivesse prestes a chorar. — Prometa que não vai me deixar. Porque eu não sei se consigo sem você. — Ela se virou para mim com os olhos dizendo tudo que ela não conseguia dizer. Mas não precisava, eu sabia o que ela estava sentindo, porque eu também compartilhava daquele sentimento.

Levei minha mão até seu rosto, limpando suas lágrimas.

— Eu prometo.

[...]

Depois de chegarmos ao hotel, nem eu nem Sienna conseguimos relaxar. Estávamos extremamente tensos com toda aquela situação.

— Como exatamente seu pai conseguiu te incriminar? — Sienna disse, sentada ao meu lado no sofá, deitada sobre o meu peito com uma expressão pensativa.

— Ele me fez assinar uma porção de papéis que eu fiz a burrice de não ler.

— Mas a troco de quê exatamente? — Ela me olhou com um olhar confuso. — Quer dizer, por que ele faria isso? Ele tinha toda a empresa para si e você fora do caminho. Então por que te obrigar a trabalhar junto com ele só pra te prender depois?

Passei as mãos sobre o rosto, me sentindo exausto.

— Enquanto eu fiquei preso, pensei muito nisso. Mas não cheguei a nenhuma explicação.

— Nós temos que pensar, Adam. — Ela ergueu o rosto, me olhando com uma expressão apavorada. — Eu consegui te soltar, mas isso não garante nada. Você pode ir a julgamento se eles não retirarem a queixa. E você pode ser preso de verdade, em penitenciária. O que ele poderia perder?

Desviei os olhos dos seus, encarando um ponto de tinta na parede enquanto pensava.

— O que ele disse pra você antes de te prenderem?

Parei por um momento, repassando aquele momento na minha cabeça.

— Falou sobre os papéis e...

Arregalei os olhos.

— O que foi? — Sienna disse nervosa.

— Ele disse algo sobre as ações. Disse que eu tinha 50% da empresa. — Falei em choque.

— Então é por isso! — Sienna exclamou, se afastando de mim para ficar em pé. — Ele sabia que, com você tendo 50% da empresa, ele não poderia fazer nada sem falar com você. E se você resolvesse vender, outra pessoa iria o atrapalhar. — Ela disse eufórica, caminhando de um lado para o outro. — Então ele te atraiu para a empresa, onde seria mais fácil fazer você assinar os papéis, e então te denunciou para você ser preso e...

— Perder a minha parte na empresa.

— Deixando o caminho livre para ele! — Ela afirmou com um olhar de choque e incredulidade.

— Mas eu não entendo, como eu posso ter 50% da empresa da minha mãe, sendo que alguns anos atrás, quando eu tentei confrontar meu pai, ele me mostrou os documentos que afirmavam que eu tinha apenas 40%?

— Ele pode ter falsificado, não? — Ela perguntou hesitante. — Foi um advogado que te mostrou os papéis ou foi ele?

— Foi ele. — Eu disse num suspiro, pendendo a cabeça entre os ombros em derrota. — Eu caí como um patinho, Sienna, e agora eu vou ser preso por algo que eu nem fiz.

— Não, você não vai. — Ela veio até mim, se ajoelhando entre minhas pernas, me fitando com um olhar firme e decidido. — Adam, eu preciso te contar uma coisa. — Prendi a respiração, sentindo todo o meu corpo ficando tenso.

— Sienna...

— Eu só preciso que você fique calmo. — Ela segurou minhas mãos, engolindo seco como se estivesse com medo de como eu reagiria diante de suas próximas palavras.

— Esse filho que eu estou esperando não é do Jason. — Arfei, com os olhos duplicando de tamanho. — E é exatamente por isso que você não pode ir preso. Porque eu estou esperando um filho seu.





Continua...

Sentimentos Proibidos : Sendo reescrito Onde histórias criam vida. Descubra agora