Epílogo

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Caleb Grey

Não havia nada melhor do que chegar em casa é ser recebido pelo cheiro da comida do meu pai. Encarei a fachada do restaurante com um sorriso.

Sienna & Adam Bistro

Atravessei as portas do restaurante sentindo o cheiro incrível que vinha da cozinha. Depois do treino de beisebol, minha barriga estava roncando, então nem hesitei em atravessar o restaurante e ir em direção à cozinha.

- Pai? - chamei assim que entrei, vendo meu pai de costas cortando alguma coisa na bancada. Ele olhou por sobre o ombro e sorriu quando viu que era eu. - Não são nem onze horas e você já está aqui embaixo? - Era sempre assim, ele era o dono do lugar, mas sempre chegava muito antes dos funcionários e clientes.

- É o que acontece quando se trabalha com o que ama. - Deu de ombros, secando as mãos no pano de prato e vindo até mim para me dar um abraço forte.

- Cadê a mamãe? - perguntei, olhando em volta. - Ela está sempre por aqui. -Meu pai sorriu, jogando os cabelos castanhos para trás, mas não negou porque aquilo era verdade. Mamãe cuidava da parte administrativa do restaurante enquanto meu pai cozinhava, mas isso não a impedia de estar sempre aqui em baixo.

- Está lá em cima com seus irmãos. Arthur não para de destruir as coisas da cozinha e Alice resolveu que não quer mais dormir, apenas chorar - disse ele com um suspiro.

- Está vendo? Esse é o sinal.

- Que sinal? - perguntou, franzindo as sobrancelhas escuras.

- Que está na hora de parar de ter filhos. - afirmei arrancando um risada dele.

- Não sei não, acho que talvez mais uma menina seja bom para completar o quarteto - disse com uma expressão pensativa, fazendo-me revirar os olhos.

Mas a verdade é que eu não me importava em ter mais irmãos, porque durante muito tempo nossa vida era baseada em silêncio e tristeza, coisa que nunca mais havia existido desde que minha mãe se casou com Adam.

Agora éramos daquele tipo de família que, onde chega, faz barulho. Seja mamãe dando uma bronca, meu pai rindo, Alice chorando, Arthur correndo e o Batman tentando se soltar da coleira. Sim, isso mesmo, eu tenho um cachorro e o nome dele é Batman. Foi presente de aniversário de nove anos do meu pai e, desde então, o levamos para todo lugar.

Subimos para o segundo andar do restaurante, onde ficava nosso apartamento, que por sorte era tão grande quanto o restaurante, ou não nos caberia. Antes de chegarmos ao quarto no fim do corredor, Arthur já estava correndo em nossa direção, sendo rapidamente pego no colo pelo nosso pai.

- Você é ligado no 220, né? - Adam perguntou retoricamente, fazendo Arthur cair na risada. Arthur tinha cabelos castanhos e a pele negra como papai, mas seus olhos eram de um tom de castanho mais claro e ele tinha o nariz e a boca da nossa mãe.

Entramos no quarto decorado em tons de rosa, feito especialmente para Alice, vendo minha mãe no meio do quarto segurando-a no colo enquanto tentava fazê-la dormir. Ela nos escutou e se virou com um sorriso largo no rosto, como se tudo que ela precisasse fosse nós.

- Oi, meu bem - ela sorriu para mim. Ela sempre sorria agora e esse era um dos motivos para eu amar meu pai. Porque ele transformou todas as tristezas e traumas da minha mãe em sorrisos. - Te liberaram mais cedo?

Dei de ombros.
- Uma professora faltou.

Papai entrou no quarto ainda com Arthur no colo, se colocando ao lado de mamãe para dar uma boa olhada na minha irmã, que finalmente havia dormido.

- Ela vai me dar um trabalhão - papai afirmou, fazendo mamãe comprimir os lábios para não rir.

- Achou que teríamos só meninos?

- Não, mas eu tinha esperanças - ele suspirou, fazendo ela balançar a cabeça negativamente. Me aproximei também para vê-la. Ela tinha exatos oito meses, mas já dava para ver que ela puxaria à mamãe. Porque, apesar de ter o cabelo castanho e os olhos também, era uma cópia ambulante da minha mãe com a pele branca é o nariz arrebitado.

Mamãe colocou Alice no berço e saiu do quarto, e logo em seguida levou Arthur para o quarto, colocando um desenho que ele amava, o deixando entretido. Com isso, fui para o meu quarto esperar pelo almoço. Mas, ao descer para dar comida para o Batman, parei no meio da escada quando vi papai e mamãe dançando no salão do restaurante com uma música baixa. Os dois pareciam perdidos um no olhar do outro, e eles riam e se beijavam como se fosse a primeira vez que estivessem fazendo isso.

Eu sorri, sentindo uma onda de felicidade me invadir. A vida tinha mudado tanto nos últimos cinco anos. De uma casa silenciosa e triste, passamos a ser uma família barulhenta e cheia de amor. E, naquele momento, percebi que não importava quantos irmãos eu tivesse, ou quantos desafios enfrentássemos, sempre teríamos uns aos outros.

Me sentei em um degrau ainda observando meus pais, perdidos em seu próprio mundo. E soube que, não importa o que acontecesse, sempre teríamos aquele amor para nos guiar.


Fim

Sentimentos Proibidos : Sendo reescrito Onde histórias criam vida. Descubra agora