Adam GreyOs meses passaram e minha vida parecia ter se transformado completamente. Eu estava trabalhando com meu pai na TechInnovate, morando em um apartamento perto da praia, e minha moto havia sido substituída por um carro que combinava muito mais com meu novo estilo de vida profissional.
As manhãs eram preenchidas com reuniões e relatórios, enquanto as noites eram reservadas para encontros casuais com Erika. Desde que comecei a trabalhar na empresa, Erika esteve ao meu lado, me guiando e aconselhando, já que seu pai era sócio do meu e ela, de certa forma, fazia parte de todo aquele negócio.
Não lembro exatamente quando me entreguei completamente a Erika. Tudo que sei é que estava cansado de me sentir daquele jeito, cansado daquela dor que nunca passava. Eu precisava seguir em frente.
Nós dois nos divertíamos juntos, mas ambos sabíamos que não havia um compromisso sério. Eu gostava da leveza que Erika trazia para minha vida. Ela era uma brisa fresca em meio à pressão e às expectativas do trabalho. No entanto, eu não conseguia evitar a sensação de que algo estava faltando.
Então noite após noite, eu continuava indo àquele bar, assim como antes, tentando preencher o vazio que parecia sugar qualquer chance de felicidade que eu pudesse ter. Cada gole, cada conversa, era uma tentativa desesperada de encontrar algo que me fizesse sentir completo novamente.
As portas do elevador se abriram e eu ajeitei meu terno enquanto caminhava para minha sala, ignorando os olhares inconvenientes que me perseguiam em todos os cantos da empresa. Mas antes de alcançar minha sala, meu pai apareceu no meu campo de visão, vindo na minha direção com uma expressão tensa que me fez franzir as sobrancelhas.
- Aconteceu alguma coisa? - perguntei, parando na sua frente.
- Preciso falar com você. Vamos até o meu escritório.
Sem questionar, segui meu pai até lá. Ao entrar, me sentei na cadeira de frente para sua mesa, vendo-o fazer o mesmo.
- Adam, a situação da empresa é crítica. Estamos à beira da falência.
- O quê? - Me sobressaltei na cadeira e franzi a testa. - Isso não é possível. Eu mesmo analisei esses papéis mês passado e estava tudo sob controle.
- E estava, Adam. Mas houve vários problemas que nos prejudicaram mais do que eu imaginava.
- Isso é impossível. Números tão altos como os do mês passado não podem ter caído tão drasticamente em um período de tempo tão curto.
- Acha que estou mentindo? - meu pai perguntou, irritado, com uma das sobrancelhas arqueadas em desafio. - Veja você mesmo. - Disse, virando o notebook que estava em sua mesa na minha direção.
Meus olhos correram pela tela, vendo que ele realmente estava certo. A situação era alarmante.
- Merda. O que vamos fazer?
- A única solução que vejo é unir forças com a família de Erika. Eles têm os recursos que precisamos para salvar a empresa.
Ergui os olhos lentamente da tela do notebook, olhando para meu pai com incredulidade.
- O quê?
Ele revirou os olhos, passando as mãos pelos fios castanhos com alguns pontos grisalhos.
- Você me ouviu bem, Adam. Preciso que você se case com Erika.
Fiquei em silêncio, encarando-o sem acreditar no que estava ouvindo. Então, dei uma risada amarga sentindo uma onda de raiva e frustração tomar conta de mim Levantei de uma vez da poltrona , fazendo-a ranger no chão.
— Eu não sou a porra do seu fantoche. Primeiro você me manda para aquele internato e me larga lá como se eu fosse descartável. Depois, você precisa de mim na sua empresa e me traz de volta. Eu me recuso a trabalhar aqui e você usa Sienna para me chantagear. E agora isso? Casar com Erika? Quem você pensa que é para ficar jogando assim com a vida dos outros, Deus?
- Não, eu sou apenas um homem prático. Quando um problema se apresenta, eu resolvo.
- Eu não vou me casar com Erika - disse firme. - Não sou uma peça no seu jogo de xadrez.
- Você está agindo como um garoto birrento. O que eu estou te pedindo nem é tão difícil, você já não está saindo com a garota?
- Isso não quer dizer que eu queira me casar com ela.
- Pois devia. Porque enquanto você está aí se lamentando, Sienna está lá sendo feliz com o marido.
- Não vou ficar aqui para escutar isso - passei as mãos pelos cabelos e caminhei até a porta.
- Não importa o quanto você fuja da verdade, Adam. Ela é uma só. Você não passa de um erro para ela. Apenas uma memória ruim em meio à trajetória perfeita que é a vida dela.
Parei a poucos centímetros da porta, voltando-me para o meu pai com o coração batendo forte.
- É melhor parar bem aí.
- Ou o quê, garoto? Você assinou um contrato comigo, as fotos em troca da sua liberdade. Vai ficar aqui até quando eu achar conveniente.
- Eu te odeio.
- Muitas pessoas odeiam.
Meus olhos se cravaram nos seus, tomados de raiva. Não importava quanto tempo passava, nossa relação continuava a mesma: quebrada e deteriorada, cheia de todos os sentimentos que não deveriam existir entre pai e filho.
- Eu já fiz muitos sacrifícios muito piores por essa empresa, Adam. Por que você não pode fazer isso?
Porque?
Porque meu coração não deixa. Ele ainda grita e implora por Sienna, mesmo quando são os lábios de Erika nos meus.
Sem conseguir dar uma resposta, me virei e saí do escritório, batendo a porta atrás de mim. Caminhei rapidamente pelo corredor, ignorando tudo ao meu redor. Minha mente estava a mil, saí do prédio, dirigindo sem rumo, tentando acalmar minha mente.
Só parei ao chegar em um mirante com vista para o mar. O som das ondas batendo nas rochas preencheu meus ouvidos. Desliguei o motor e, com as mãos trêmulas, peguei o celular, discando o número que eu conhecia de cor, mas que não havia usado desde que troquei de telefone.
Meu coração batia acelerado enquanto esperava o sinal de chamada.
- Alô? - A voz de Sienna soou do outro lado da linha, suave e familiar.
Fechei os olhos, deixando que a voz dela me envolvesse. Não disse nada, apenas fiquei lá, torcendo para que ela dissesse mais alguma coisa.
- Alô? Tem alguém aí? - Sienna repetiu.
Cada palavra, cada entonação, era um bálsamo para mim. Eu sabia que não podia, mas naquele momento, tudo o que precisava era ouvir a voz dela.
Senti uma lágrima escorrer lentamente pelo meu rosto.
Eu queria dizer tantas coisas, mas as palavras não vinham. Então, com um suspiro pesado, desliguei a ligação, deixando o silêncio preencher o espaço ao meu redor e o vazio no meu peito pareceu se intensificar.
Continua...
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Sentimentos Proibidos : Sendo reescrito
RomanceSienna Cameron vive uma vida de aparências, lutando diariamente para manter a fachada de perfeição enquanto enfrenta um casamento abusivo e a responsabilidade de criar seu filho. A pressão é constante, e a esperança parece uma ilusão distante. Mas...