Capítulo 38 : Distanasia

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Adam Grey

Abri os olhos sentindo a luz do sol filtrando pelas cortinas e aquecendo minha pele. Confuso, olhei para o lado e vi Erika ainda dormindo, seu rosto sereno e tranquilo. Flashes e memórias da noite passada passaram rápidas pela minha mente como um trem desgovernado, e então um peso esmagador foi colocado sobre o meu peito ao perceber que eu havia usado Erika como uma escapatória.

Com cuidado para não acordá-la, me levantei e comecei a vestir minhas roupas.

- Adam?

Parei por um momento ao escutar sua voz hesitante e confusa.

- Tenho que ir, Erika.

- Mas e nós?

Abotoei a calça e vesti a camisa, me virando para ela.

- Eu preciso te dizer uma coisa. - Passei as mãos nos cabelos, ainda atordoado. - O que aconteceu entre nós... não significou nada para mim. Eu estava tentando esquecer outra pessoa, e isso foi errado. Eu sinto muito, Erika. Eu não deveria ter te usado assim.

Erika ficou em silêncio, absorvendo minhas palavras, com uma expressão devastada.

- Se você tem que esquecê-la, ela não é boa pra você.

- Não, não é. - Engoli seco, encarando meus tênis.

- Posso fazer você esquecer ela. Você esqueceu ontem, não esqueceu? Quando estávamos juntos.

Eu realmente havia esquecido, mas aquilo era como bebida; eu podia esquecer momentaneamente, mas nunca permanentemente. No final, a realidade sempre me atingiria, não importava qual método eu estivesse usando para fugir dela.

- O que aconteceu ontem à noite, Erika, não vai se repetir.

Erika respirou fundo, tentando controlar suas emoções. Mas não disse nada. Apenas se levantou e caminhou até o banheiro a passos pesados.

Saí do quarto e, ao fechar a porta atrás de mim, senti uma mistura de alívio e culpa.

Enquanto caminhava pelo corredor, meus demônios pareciam mais despertos e agitados. Sussurrando verdades das quais eu não estava disposto a ouvir e pensamentos dos quais eu não queria dar atenção.

Ela não me destruiria.

Porque eu já estava destruído.

[...]

Sienna Cameron

Cinco minutos, apenas cinco minutos definiriam o meu destino. Esse curto espaço de tempo era a única coisa que havia entre a dúvida e a verdade.

Com as mãos apoiadas na bancada do vestiário feminino, encarei o teste de gravidez como se fosse meu pior pesadelo. O silêncio ao meu redor era ensurdecedor, cada segundo parecia se arrastar como uma eternidade. Meu coração batia tão forte que eu podia senti-lo pulsar em minhas têmporas.

Respirei fundo, tentando acalmar a tempestade de pensamentos que invadia minha mente. "E se der positivo?" A pergunta ecoava, trazendo consigo uma avalanche de emoções: medo, ansiedade, arrependimento.

Olhei para o relógio mais uma vez. Apenas dois minutos haviam se passado. Fechei os olhos e respirei fundo, tentando me manter calma, mas tudo o que conseguia ver eram as possíveis consequências daquele pequeno objeto em minhas mãos.

Não, não podia dar positivo.

Não podia.

Positivo não queria dizer apenas que eu estava grávida, mas também que eu podia estar grávida de Adam, e aquilo não podia ser.

Sentimentos Proibidos : Sendo reescrito Onde histórias criam vida. Descubra agora