Capítulo 04 : Realidade Cruel

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Sienna Cameron

Meus olhos se abriram lentamente, atingidos por uma luz ofuscante que me fez piscar várias vezes, tentando me acostumar com a luminosidade do ambiente. Sentando-me na cama, senti minha cabeça pulsar, como se tivesse sido atingida por um golpe.

— Merda de ressaca! — murmurei com a voz rouca.

Ainda com a visão turva, analisei o cômodo ao meu redor. Quanto mais olhava, mais meus olhos se arregalavam. Aquele não era meu quarto, nem um lugar conhecido. O quarto simples e arrumado parecia o meu pior pesadelo. Antes que pudesse processar mais alguma coisa, um grunhido suave vindo de trás de mim fez meus pelos se arrepiarem.

Virei a cabeça lentamente e meu mundo desabou ao ver a figura alta, de cabelos castanhos, dormindo tranquilamente a poucos centímetros de distância. Prendi a respiração, mas quando ele se mexeu na cama, virando-se de lado, o susto me fez recuar rapidamente. Tentei escapar de seus braços que se estendiam em minha direção, mas só senti o impacto das minhas costas contra o chão e a dor latejante na parte de trás da minha cabeça.

Gemi, esfregando a protuberância entre os fios de cabelo com os dedos, e ficou claro que mais tarde eu teria um galo.

Com um gemido abafado, forcei-me a ficar de pé, ignorando a dor que pulsava na parte de trás da minha cabeça. A brisa salgada do mar invadiu minhas narinas ao me aproximar da janela, e o som das ondas quebrando na praia preencheu o silêncio do quarto. Lá fora, o céu estava tingido com as cores vibrantes do amanhecer, e a luz dourada do sol nascente começava a banhar o mundo em sua acolhida calorosa.

— Onde diabos eu estou? — sussurrei para mim mesma, ainda tentando juntar os fragmentos da noite anterior.

As memórias começaram a voltar lentamente. Os olhares, o som das risadas, o calor e até mesmo a sensação de liberdade que me tomou enquanto eu estava em sua garupa. As últimas lembranças não tinham nada a ver com esse quarto.

Franzi o cenho, tentando lembrar mais alguma coisa, mas tudo que vinha à mente era ele me convencendo a deixarmos a moto na beira da estrada e caminharmos até a praia, um pouco além da pista. O calor compartilhado de um cigarro sob um céu estrelado, enquanto ainda ríamos do que tinha acontecido.

Sacudi a cabeça, afastando aquelas lembranças que faziam meu coração se contrair e meu estômago se contorcer de um jeito estranhamente bom. Precisava sair dali, voltar para a realidade, para a minha vida.

Olhei para baixo e meus olhos duplicaram de tamanho ao perceber que minha blusa azul já não estava mais no meu corpo, e agora tudo que cobria a parte superior era meu sutiã preto. Meus olhos desceram mais, e quase tive uma queda de pressão ao perceber que o zíper da minha calça jeans estava aberto.

— Oh céus! — sussurrei em desespero. Com passos cautelosos, procurei pela minha blusa e pelos meus saltos, vestindo-me rapidamente.

Antes de sair, lancei um último olhar para a figura adormecida na cama. Era improvável que eu o visse novamente. Nunca saberia seu nome, nem teria a oportunidade de fazer as milhares de perguntas que ainda tinha. Hesitei por um segundo com a mão firme na maçaneta.

Abri a porta do quarto e saí para o corredor, sentindo o piso frio sob meus pés descalços. Um corredor vazio, repleto de portas, me recebia. As plaquinhas com números indicavam que era um hotel.

Sentimentos Proibidos : Sendo reescrito Onde histórias criam vida. Descubra agora