Capítulo 13 : Lágrimas

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Sienna Cameron

Adam estava parado dentro da minha sala, esperando por uma resposta minha. Ainda esperando pela tal conversa. Mas tudo que eu conseguia pensar era na noite anterior. Não da parte da festa, mas sim a parte em que meu marido me agrediu e me estuprou. Aquilo não foi apenas uma punição, aquilo era uma ameaça. Minha vida era um pesadelo do qual eu não queria que Adam fizesse parte.

Volte para sua sala, Adam. — Eu disse com firmeza, virando-me para sair do escritório.

Eu precisava dar um fim a essa situação antes que se tornasse um problema maior.

Adam foi rápido e agarrou meu pulso, puxando-me em sua direção. Uma pontada de dor atravessou meu braço e eu não pude conter uma careta. Ele franziu a testa, confuso com minha reação. E antes que eu pudesse impedir, ele já estava levantando o tecido da minha blusa social e seu olhar se escureceu ao ver o hematoma arroxeado que manchava minha pele.

— O que foi isso?

—  Foi só um acidente. — menti rapidamente, tentando puxar meu braço de volta, mas ele continuou segurando meu pulso enquanto fitava o machucado com uma expressão tensa. — Droga, Sienna, você tinha que ter colocado gelo nisso. — Ele murmurou, mais para si mesmo do que para mim.

Sem esperar minha permissão, ele me arrastou pelos corredores até a enfermaria. Lá, com mãos gentis, aplicou uma compressa fria sobre o hematoma e cuidou do machucado com uma atenção que me fez sentir um calor estranho no peito.

Nunca me lembro de alguém cuidando dos meus machucados por preocupação.

Quando eu morava com os meus pais, quem cuidava de mim eram as babás. E é claro elas faziam isso por que era seu trabalho. Me davam algum remédio e então se viravam e saiam. Quando me casei  Jeson mal tinha tempo para notar qualquer coisa além do seu trabalho. E depois de um tempo os médicos eram quem cuidavam dos machucados que ele mesmo causava. 

Enquanto ele trabalhava em silêncio, não pude deixar de observá-lo. Havia uma ternura em seus gestos que contrastava fortemente com a frieza da qual eu estava acostumada. E por um momento fugaz, eu me permiti imaginar como seria ser verdadeiramente amada por alguém. Mas logo uma vozinha venenosa sussurrou dentro de mim que aquilo era só um sonho distante e impossível.

Adam ergueu seus olhos e eu soube que ele estava prestes a falar.

— Sienna, eu...

A porta se abriu abruptamente e a Sra. Blackwood entrou segurando alguns remédios, mas antes que ela entrasse nós nos afastamos, indo cada um para um lado da enfermaria.

— Diretora? — Ela franziu o cenho na minha direção e, então, lentamente seus olhos escorregaram para Adam, parado ao meu lado, aparentemente nervoso. Ele passava as mãos nos cabelos rebeldes, jogando-os para trás. — O que vocês estão fazendo aqui?

Adam me olhou, parecendo hesitante; então eu falei: —  Acabei me machucando e precisava de uma compressa de gelo e uma pomada para hematomas. Adam já estava aqui quando cheguei; estava esperando a senhora para pedir um analgésico. — Olhei para Adam. — Era isso, não era?

Ela acenou com a cabeça e colocou as mãos nos bolsos.

— Deixe-me ver como está seu braço — disse ela, vindo na minha direção.

— Não precisa, ele estava me ajudando, já que a senhora não estava aqui. É um bom rapaz. — Disse, tentando parecer despreocupada enquanto arrumava a manga da minha blusa social.

— Que bom. Jovens assim estão cada vez mais raros. — Ela sorriu para ele. — Para que precisa de analgésicos, querido?

— Dor de cabeça.

Sentimentos Proibidos : Sendo reescrito Onde histórias criam vida. Descubra agora