Percebi o quanto Alice ficou constrangida com o meu afastamento, mas porra se a minha vontade não era de repetir a noite de ontem. Só de lembrar o quanto ela gozou na minha boca, nos meus dedos e no meu pau, sinto o aperto novamente em minhas calças.
Só que eu não podia fazer isso, a última coisa que queria era iludi-la com falsas promessas de relacionamento. E ela queria isso, podia ver em seus olhos a ânsia de ter uma vida estável, com marido e filhos. Eu não seria o seu par.
Vi o momento que ela foi para o corredor dos quartos com a minha irmã e cunhada. Vinte minutos se passaram e nada de voltarem. Dei uma desculpa e fui à mesma direção, a porta do quarto da Pérola estava fechado e ouvi uma parte da conversa delas. Cheguei perto a tempo de ouvir Alice falando que tinha sido somente sexo. Porra, não esperava ela contando sobre a nossa noite justamente com nossos familiares. Mas, ouvi o questionamento da minha irmã e a resposta dela tinha uma nota muito segura. Ela sabia quando foi para a cama comigo, que eu não era de compromisso. E fiquei feliz que ela entendia isso.
O problema era eu conseguir entender a própria regra que criei.
***
O dia de Natal passamos na casa dos meus pais, mas Alice não veio. Enviei uma mensagem para ela, e não recebi resposta.
Bia foi ao meu apartamento no dia seguinte, tinha pedido para conversar com ela sobre o Tales, pois fiquei realmente curioso sobre ele, e preocupado com a sua reação.
-Bear, o que vai fazer para comemos? – Ela chegou com uma garrafa de vinho tinto suave, que os patrocinadores dela a presentearam.
-Hoje pedi comida, maninha. – falei a abraçando de lado. Na minha casa só entrava meus pais, irmãos e cunhados. Na verdade, cunhado, Olivia, ainda não tinha vindo me visitar. Precisava remediar isso em breve.
-Você cozinha bem, o que houve?
-Estou muito cansado, esse final de semana terminou ontem. – ri. – E trabalhei muito hoje. Preciso deixar o máximo de coisas prontas antes de viajar.
-Será que vamos nos esbarrar em alguns dos circuitos?
-Vou manter vocês atualizados dos locais que estarei, mas terei folgas e sempre virei ao Brasil, conferir os negócios.
-Certo. – Meu interfone tocou e desci para buscar o jantar. Bia arrumou a nossa mesa. – Bear?
-Sim. – respondi.
-Porque você insistiu tanto com a Alice, se não quer um compromisso?
-Ela te falou algo?
-Ela comentou que vocês saíram da festa juntos e que ficaram.
-Eu não acho que isso seja da sua conta, maninha.
-Bear, a Alice é uma pessoa maravilhosa, e não vou ferir a confiança dela, mas agora que você já teve a noite que queria, por favor, se afasta. Ela não é esse tipo de garota de uma noite que você está acostumado.
-Eu ouvi, ela contando para vocês no quarto da Pérola o que houve entre nós. E ela parecia bem segura sobre o lance.
-Você ouviu, mas não viu sua fisionomia. Bear, ela estava bastante constrangida. – falou segura do seu ponto de vista.
-Não se preocupe, Beatriz, eu não vou avançar nela novamente. Alice continua uma mulher livre e desimpedida. – Quando me tornei a porra de um mentiroso. - Não pretendo tratar ela de outra forma, se não o mais cordial possível. Nossos pais nos educaram muito bem.
-Eu sei que vai fazer isso, Bear. - Ela apertou a minha mão e fomos falar sobre os planos para o ano novo. Bia tinha um evento para cumprir nesta data, e me convidou para acompanhá-la.
-Achei que iria chamar seu novo, velho amigo? – Minha irmã abaixou a cabeça e suspirou.
-Ele não é meu amigo, Bear. Tales foi uma pessoa que me ajudou no passado e a muito tempo não o via. Eu fiquei feliz por vê-lo, mas bastante chateada com a Olivia por ter convidado ele e não ter me contado.
-Não entendi?
-Olivia sabia sobre ele, mas como perdi o contato não imaginava que estava tão perto. Ele é filho de um dos clientes do Bene e foi para lá que eles foram passear em Uberlândia.
-Eu sei. Fui eu que levei eles ao aeroporto aquele dia. Mas ainda não compreendo sua situação com a Olivia.
-Ela sabia que tinha procurado por ele por muito tempo, e ela escondeu a informação desde então.
-E por que ela não te contou? – perguntei.
-Porque ele pediu. – falou baixo.
-Se ele pediu isso, não vale a pena manter o contato, Bia. – Vi que ela ficou sem graça.
-Eu sei, mas achava que Olivia seria honesta comigo e não foi o que aconteceu.
-Não sou nenhum juiz aqui, mas a Olivia sempre teve uma leitura muito boa das pessoas ao redor, e provavelmente não falou com você por causa do pedido dele, mas sim para a sua preservação. – ela suspirou novamente e vi seu olhos cheios de lágrimas. – Algo mais que devo saber? – estava em alerta.
-Eu estou saindo do mundo da moda. – Ficou em silêncio por um tempo e pedi para prosseguir. – O glamour só existe nas fotos prontas, mas entre ser a modelo escolhida e finalizar uma campanha, temos um caminho bastante cruel, Bear. E aprendi da pior forma.
-O que aconteceu, Beatriz? – Falei me levantando da cadeira e a derrubando pela rapidez que fiz.
-Bear, calma.
-Calma o caralho, fala logo porra.
-Eu tentei me matar. – Eu perdi o equilíbrio ao ouvir aquilo. Minha irmã, minha bonequinha, me fala que chegou a desistir da vida mesmo cercada com tantas pessoas, mesmo tendo uma família tão unida. Eu falhei por não ter visto isso acontecer, eu falhei por ter me enfiado na minha própria dor e não perceber que ela precisava também. Foi a sua mão tocando a minha que me fez derrubar a primeira lágrima seguida das outras.
Beatriz se levantou da cadeira e juntos choramos as nossas dores. Eu nunca mais vou deixar que ela passe por nada que fuja ao seu controle. Eu passei por minha dor de forma diferente, mas ainda assim tão autodestrutiva quanto um atentado contra a vida.
O avatar é da Bia. A história dela será contada no meu próximo livro. Por isso deixo aqui um gostinho do que virá nele. Eu sei que sou um pouco má por aguçar a curiosidade de vocês, mas garanto que a história dela vai valer a pena ser contada.
Beijinhos e até quarta-feira.
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My care bear( Concluído)
RomanceBernardo Meu sonho morreu no dia que sofri um acidente automobilístico em uma pista de corrida. Mas, tudo ficaria bem, eu tinha um amor que ultrapassava qualquer limite. Pelo menos era assim que eu pensava, até descobrir o contrário. Alice Eu estava...