Capítulo 2

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-Você podia me deixar ficar com o outro quarto

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-Você podia me deixar ficar com o outro quarto. – Evelyn falou com muita naturalidade. E fiquei chocada com a cara de pau dela.

-Com o quarto dos meus pais?

-Só tem mais um nesse apartamento, néh. – respondeu petulante.

-Não. – Devolvi seca.

-Estou com dor nas costas de dormir no chão.

-Pode dormir no sofá se quiser, Evelyn. Eu não vou mexer nas coisas deles por enquanto e já te falei sobre isso.

-Então fica nele e me deixa dormi na sua cama.

-Qual a parte de que não vou mexer nas coisas deles você não entendeu?

-Não precisa vir com ignorância. – Ficou chateada.

-Eu não estou sendo ignorante, é você que não está respeitando o meu momento. – Repliquei. – Eu voltei a trabalhar tem uma semana, e a duas você está aqui e nem me ajuda com as tarefas da casa.

-Estou ocupada procurando emprego e estudando para prestar o vestibular.

-Isso não te impede de lavar o copo e prato que você suja.

-Foi um copo sujo tá legal.

-Não foi não. Todos os dias têm vasilhas na pia e se eu não falo você não faz.

-Você é muito fresca, isso sim. – Meu gênio já tinha subido e falei o que não queria.

-É a minha casa, então são as minhas regras. E se a partir da semana que vem você não contribuir com metade das despesas, você pode procurar outro lugar para ficar.

-Você é uma ingrata. Vim para te fazer companhia e é assim que me trata.

-Olha Evelyn, não é ingratidão, mas meus pais e eu dividíamos por igual todas as contas, incluindo as compras da casa. Eu estou fazendo tudo sozinha.

-Você vai ganhar pensão.

-Onde você viu isso. Eu não tenho direito, sou maior de idade e tenho emprego fixo.

-Sei lá, seu pai deve ter deixado algo para você.

-Mesmo que tenha deixado, não é para gastar com você. – falei revoltada. Sim eu tinha recebido o acerto do meu pai, o seguro de vida e tive acesso as contas bancárias de ambos, mas não gastaria para benefício da donzela. Ela começou a chorar e nunca tinha visto lágrimas tão falsas.

Ouvi ela ligando para a mãe dela, e fazendo um show ridículo. Logo fui bombardeada com ligações da família. E eles metendo o pau em mim como se fosse culpada pelo encosto que tinha que aturar.

Em um dado momento, a minha tia Catarina, mãe da princesa, falou que era por isso que eu ficaria sozinha, pois homem nenhum me aguentaria. Além de gorda era pão dura.

-Reformulando o que falei prima, compre sua passagem para o próximo dia, eu não quero você mais aqui. – Pontuei. Peguei a minha bolsa e as chaves para dar uma volta, eu não suportaria olhar na cara dela mais nenhum minuto se quer naquele momento.

Me sentei dentro do meu carro e estava tremendo muito quando coloquei a chave na ignição. Eu tinha comprado recentemente um HB20 e tinha prestações a perder de vista. Coloquei a cabeça no volante e chorei. Chorei pelo meus pais e chorei pelas duras palavras da minha tia, foi cruel e desnecessário. Eu já sofria pelo excesso de peso, mas jogado na minha cara era tudo que não precisava naquele momento. Desci do carro e chamei um Uber, fui para interlagos. Meu pai trabalhava como segurança no autódromo e sempre ia com ele ver as corridas lá. Aprendi a apreciar cada uma das voltas do circuito.

Chorei todo o caminho, e o motorista me deu uns lenços de papel e agradeci por ele não tentar puxar conversa.

Carmo estava na portaria, ele foi um dos amigos do meu pai que foi ao seu velório, me abraçou e me deixou entrar, agradeci e me sentei em uma área da arquibancada que ficava sempre que podia estar nos treinos de equipe. Ouvi o ronco dos motores e vi um carro de corrida do Stock Car, o modelo me parecia o Tracker, mas não tinha certeza. A cor era azul com listas amarelas e chamou a minha atenção. Fui até a parte das grades de proteção, estava acima do pit stop. O carro ainda deu mais uma volta e estacionou a minha frente. O piloto saiu do carro chutou o pneu e tirou o capacete de proteção, passou a mão nos cabelos loiros e seus olhos vieram em minha direção. Foi um choque encará-lo, o homem era forte e seu olhar me prendeu de forma intensa. Recebi uma piscada dele e me afastei da grade, percebi que não deveria ter sido vista aqui. Poderia dar problemas para o segurança.

Voltei para meu condomínio, mas novamente fiquei no apartamento quase vazio da Olivia, logo ela finalizaria o contrato de locação e não teria mais para onde fugir.

Olhei meu celular e ele tinha mais de cem mensagem da família. As últimas consegui visualizar, mas não me motivou a verificar as outras. Todos me chamavam de ingrata.




Mais um capítulo para vocês, mas não se acostumem. As publicações serão nas segundas, quartas e sábados. Dessa vez não teremos maratona, pois o livro é menor do que Má conduta. 

Amanhã será a apresentação do nosso ursinho. rsrsrs.

Votem e comentem. Beijinhos

My care bear( Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora