-Você podia me deixar ficar com o outro quarto. – Evelyn falou com muita naturalidade. E fiquei chocada com a cara de pau dela.
-Com o quarto dos meus pais?
-Só tem mais um nesse apartamento, néh. – respondeu petulante.
-Não. – Devolvi seca.
-Estou com dor nas costas de dormir no chão.
-Pode dormir no sofá se quiser, Evelyn. Eu não vou mexer nas coisas deles por enquanto e já te falei sobre isso.
-Então fica nele e me deixa dormi na sua cama.
-Qual a parte de que não vou mexer nas coisas deles você não entendeu?
-Não precisa vir com ignorância. – Ficou chateada.
-Eu não estou sendo ignorante, é você que não está respeitando o meu momento. – Repliquei. – Eu voltei a trabalhar tem uma semana, e a duas você está aqui e nem me ajuda com as tarefas da casa.
-Estou ocupada procurando emprego e estudando para prestar o vestibular.
-Isso não te impede de lavar o copo e prato que você suja.
-Foi um copo sujo tá legal.
-Não foi não. Todos os dias têm vasilhas na pia e se eu não falo você não faz.
-Você é muito fresca, isso sim. – Meu gênio já tinha subido e falei o que não queria.
-É a minha casa, então são as minhas regras. E se a partir da semana que vem você não contribuir com metade das despesas, você pode procurar outro lugar para ficar.
-Você é uma ingrata. Vim para te fazer companhia e é assim que me trata.
-Olha Evelyn, não é ingratidão, mas meus pais e eu dividíamos por igual todas as contas, incluindo as compras da casa. Eu estou fazendo tudo sozinha.
-Você vai ganhar pensão.
-Onde você viu isso. Eu não tenho direito, sou maior de idade e tenho emprego fixo.
-Sei lá, seu pai deve ter deixado algo para você.
-Mesmo que tenha deixado, não é para gastar com você. – falei revoltada. Sim eu tinha recebido o acerto do meu pai, o seguro de vida e tive acesso as contas bancárias de ambos, mas não gastaria para benefício da donzela. Ela começou a chorar e nunca tinha visto lágrimas tão falsas.
Ouvi ela ligando para a mãe dela, e fazendo um show ridículo. Logo fui bombardeada com ligações da família. E eles metendo o pau em mim como se fosse culpada pelo encosto que tinha que aturar.
Em um dado momento, a minha tia Catarina, mãe da princesa, falou que era por isso que eu ficaria sozinha, pois homem nenhum me aguentaria. Além de gorda era pão dura.
-Reformulando o que falei prima, compre sua passagem para o próximo dia, eu não quero você mais aqui. – Pontuei. Peguei a minha bolsa e as chaves para dar uma volta, eu não suportaria olhar na cara dela mais nenhum minuto se quer naquele momento.
Me sentei dentro do meu carro e estava tremendo muito quando coloquei a chave na ignição. Eu tinha comprado recentemente um HB20 e tinha prestações a perder de vista. Coloquei a cabeça no volante e chorei. Chorei pelo meus pais e chorei pelas duras palavras da minha tia, foi cruel e desnecessário. Eu já sofria pelo excesso de peso, mas jogado na minha cara era tudo que não precisava naquele momento. Desci do carro e chamei um Uber, fui para interlagos. Meu pai trabalhava como segurança no autódromo e sempre ia com ele ver as corridas lá. Aprendi a apreciar cada uma das voltas do circuito.
Chorei todo o caminho, e o motorista me deu uns lenços de papel e agradeci por ele não tentar puxar conversa.
Carmo estava na portaria, ele foi um dos amigos do meu pai que foi ao seu velório, me abraçou e me deixou entrar, agradeci e me sentei em uma área da arquibancada que ficava sempre que podia estar nos treinos de equipe. Ouvi o ronco dos motores e vi um carro de corrida do Stock Car, o modelo me parecia o Tracker, mas não tinha certeza. A cor era azul com listas amarelas e chamou a minha atenção. Fui até a parte das grades de proteção, estava acima do pit stop. O carro ainda deu mais uma volta e estacionou a minha frente. O piloto saiu do carro chutou o pneu e tirou o capacete de proteção, passou a mão nos cabelos loiros e seus olhos vieram em minha direção. Foi um choque encará-lo, o homem era forte e seu olhar me prendeu de forma intensa. Recebi uma piscada dele e me afastei da grade, percebi que não deveria ter sido vista aqui. Poderia dar problemas para o segurança.
Voltei para meu condomínio, mas novamente fiquei no apartamento quase vazio da Olivia, logo ela finalizaria o contrato de locação e não teria mais para onde fugir.
Olhei meu celular e ele tinha mais de cem mensagem da família. As últimas consegui visualizar, mas não me motivou a verificar as outras. Todos me chamavam de ingrata.
Mais um capítulo para vocês, mas não se acostumem. As publicações serão nas segundas, quartas e sábados. Dessa vez não teremos maratona, pois o livro é menor do que Má conduta.
Amanhã será a apresentação do nosso ursinho. rsrsrs.
Votem e comentem. Beijinhos
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My care bear( Concluído)
RomanceBernardo Meu sonho morreu no dia que sofri um acidente automobilístico em uma pista de corrida. Mas, tudo ficaria bem, eu tinha um amor que ultrapassava qualquer limite. Pelo menos era assim que eu pensava, até descobrir o contrário. Alice Eu estava...