Meus olhos não se desgrudavam do caminho que Bernardo e os outros competidores entraram. Aquilo era muito perigoso e arriscado. Eu estava apavorada.
-Odin é o meu melhor competidor. Não se preocupe, Linda. – Capitão falou para me tranquilizar, mas o que fiz foi ficar mais apavorada.
Do local que eu estava só conseguia ouvir o barulho dos motores, eles tinham entrado em uma curva e as paredes das fábricas nos impedia de ver o desfecho da corrida.
Vi as pessoas apostando valores altos naquela competição. E uma pessoa anotando e recolhendo uma quantidade absurda de notas. Me senti deslocada e com vontade de chorar. Bernardo me deixou nas mãos de uma pessoa que nunca vi na minha vida.
O relógio zombava do meu nervosismo, mas foi eu ouvi de longe as sirenes da polícia, que eu soube que iria me ferrar naquele momento.
-Vem comigo, Linda. – Capitão me chamou, mas Bernardo apontou pelo outro lado e ultrapassou a linha de chegada. Recebendo a vibração da torcida, mas muitos já haviam se dispersados. – Seu homem chegou. Até breve. – Ele bateu continência para mim e entrou no banco do carona de um carro preto sem placa.
Bernardo parou ao meu lado cantando pneu e entrei nele muito assustada, e dois carros de polícia atrás de nós. Coloquei o cinto de segurança tremendo e virei a cabeça para o lado vendo os carros cada vez mais próximos da nossa traseira, mas foi olhar novamente para frente, que vi o que ele estava pronto para fazer. Bernardo iria pular um córrego de aproximadamente 3 metros de largura.
Gritei apavorada, quando a frente do carro bateu com tudo do outro lado no chão, quebrando o para-choque e soltando fagulhas no asfalto. A polícia não fez o mesmo e seguimos alguns quilômetros e minha respiração estava densa. Ele parou, terminou de arrancar a peça que estava fazendo barulho e a jogou de qualquer jeito no banco traseiro.
Assim que paramos dentro da carroceria de um caminhão que estava em uma garagem, comecei a bater no Bernardo em qualquer lugar que a minha mão acertava. Ele queria me assustar e conseguiu com louvor.
Ele estava rindo da minha cara. E minha adrenalina estava abaixando rapidamente.
-Você acabou com esse carro. – Sua expressão se fechou na hora. O que eu falei de errado? Ele me tirou de casa e me trouxe para uma aventura louca e agora estamos estacionados dentro da carroceria de um caminhão no fim do mundo.
Comecei a rir, mas algumas lágrimas se misturaram junto. O medo entrou no lugar. Se Bernardo tivesse batido o carro, se ele tivesse morrido, se a polícia nos pegasse. Era tantos se's na minha cabeça que me senti confusa e chateada em igual medida.
Bernardo levava uma vida dupla que aparentemente ninguém da família dele sabia nada.
-Porque escolheu me contar isso, Bernardo. – perguntei enxugando meus olhos.
-Por sua culpa, nossos ímpares se tornaram um par. – falou baixo. – E eu estou com muito medo de errar novamente em uma relação, mas se é para um dia dar certo, eu preciso começar te contando a minha história. Não a versão resumida que meus familiares te contaram. Você quer ouvi-la? – ele estava olhando para a frente e segurava o volante com bastante força.
-Sim. – falei baixinho. Ele acenou e abriu a porta do carro no pouco espaço que tinha dentro daquele caminhão, que tinha as laterais cobertas com uma lona para facilitar a saída de quem coloca os carros no local.
Bernardo saiu e deu a volta para abrir a aba que estava travada do meu lado e segurou a minha cintura para me ajudar a descer da carroceria.
-De quem é essa casa? – perguntei.
-É minha. – Segurando a minha mão, ele levou a outra ao bolso e tirou uma única chave de dentro dele. Destrancou a porta da frente e me guiou a uma sala espaçosa e com alguns móveis.
-Você mora aqui? – questionei, pois não sabia nada sobre o homem a minha frente. Este mesmo homem que dormi por alguns meses.
-Não, Linda. – respondeu e me convidou a sentar no sofá. – Eu moro em interlagos. – Olhei em volta, havia uma cozinha no lado direito e um corredor que dava provavelmente para os quartos. Nos sentamos no sofá e esperei ele falar alguma coisa. – Essa casa eu uso somente quando corro para estes lados.
-E você corre com muita frequência? - A casa está tão limpa e arrumada foi o que percebi.
-Sempre que me chamam. Não temos datas específicas.
-Quem cuida da casa?
-Meu funcionário fica aqui e cuida da manutenção dela. O João trabalhava comigo na oficina, mas por uma infelicidade do destino ele sofreu um acidente no trajeto de casa para o trabalho, sua perna esquerda precisou ser amputada. – Coloquei a mão na boca em choque com a história. – Ele me ajudava a turbinar as máquinas para as minhas corridas. E nunca me julgou pela escolha de vida. Como não poderia continuar a fazer isso, pois foi considerado incapacitado para o trabalho, dei para ele uma função por fora, ele cuida da minha retaguarda e leva o caminhão aos pontos que preciso nas corridas, ele é novo demais para se sentir um inútil.
-Onde ele está?
-Foi para a casa da namorada dele. – passei a mão no rosto, tentando processar todas as informações que ele jogava no meu colo. – Estou te assustando, Linda?
-Um pouco. Não esperava isso, Bernardo.
-Me desculpe descarregar tanta informação de uma vez só em você. – Assenti.
-Sua família sabe sobre as corridas? – perguntei.
-Eles nem sonham com isso e prefiro que continue assim.
Eu sou uma autora muito boazinha e irei publicar os capítulos diariamente até finalizar o livro. Claro que alguns dias podem ocorrer falhas, mas sei que vão me perdoar.
O avatar e do capitão. Retirei a foto do google.
Votem e comentem. Beijinhos e até amanhã
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My care bear( Concluído)
RomanceBernardo Meu sonho morreu no dia que sofri um acidente automobilístico em uma pista de corrida. Mas, tudo ficaria bem, eu tinha um amor que ultrapassava qualquer limite. Pelo menos era assim que eu pensava, até descobrir o contrário. Alice Eu estava...