Bônus

657 102 29
                                    

IGOR


-Igor, onde você está, meu irmão? – Iara me ligou e atendi no quinto toque.

-Estou por aí. O que você quer, porra? – Respondi com raiva. Estava pilhado. De onde estava sentado no segundo andar do shopping, vi Alice sentada em uma das mesas da praça de alimentação do andar debaixo. Ela estava acompanhada com aquela vadia da Olivia. Essa puta que atrapalhou minha vida ao tirar a Alice de mim.

Alice é uma mulher bonita e independente, com uma vida tranquila e carrinho do ano na garagem. Carente e boa de cama, mas seu defeito era o excesso de peso. Beijar e transar com ela é uma coisa, mas, apresentar ela para meus amigos era outra coisa completamente diferente. Nem pensar.

Só que ela ficou órfã e não tem ninguém. Alice seria a minha mina de ouro, e iria me bancar enquanto não arrumo coisa melhor. Ou poderia ter ela e quantas outras eu desejar. Só precisava mantê-la satisfeita uma vez ou outra. Eu odeio trabalhar, mas gosto dos luxos que a vida proporciona.

-A polícia esteve aqui em casa. O que você aprontou?

-Não é da sua conta. Eu te pedi dinheiro e não quis me dar. Então não se meta. – Precisei me virar fazendo alguns programas com quem estivesse disposto a me pagar o que eu pedia.

-Igor, eu sempre te ajudei. Até quando não tinha, eu dava um jeito. – Ela estava chorando. Iara é mais velha do que eu, nossa diferença é de quase vinte anos, por isso eu era mais como um filho do que seu irmão. E por ela não ter se casado, puxou a responsabilidade da minha educação para ela. Meus pais e ela me deram tudo que eu queria durante toda a minha vida. Eu nunca recebi um não da parte deles. Até que a minha mãe morrer no ano passado e as coisas desandarem.

-Então, por que agora você não me deu? Eu tenho uma dívida para pagar.

-E eu entrei em uma dívida para te ajudar da última vez. – Falou, e eu bufei. – Meu amor, você sabe que se eu tivesse, te daria tudo que tenho, mas eu não posso agora.

-Vende a casa que foi da mamãe.

-Igor, a casa está alugada e é a fonte de renda para cobrir as despesas médicas do nosso pai. Ele veio morar com a gente para ter justamente de onde tirar renda. - Eu morava com a minha irmã, desde os meus dezoito anos, ela me dava mais liberdade que meus pais, que tinham medo de tudo. Mal sabiam a quantidade de amigos encrenqueiros que eu tenho.

- E eu estou ferrado com um agiota no meu pé.

-Meu amorzinho, o que você aprontou dessa vez.

-Só dá um jeito de conseguir o dinheiro, ok. – Desliguei o telefone e enviei uma mensagem para a Alice, do novo chip que tinha comprado. Saí andando em direção a saída. Eu não queria arriscar ser pego agora.

***

Eu odeio ficar com homens em meus programas, mas eles é que pagam melhor, então tinha uma cara sempre apresentável para eles. Alex é um cliente fixo, ele tem mais de 40 e me convidou para ficar em seu apartamento. Precisei aceitar, pois não poderia ficar na minha casa, logo a polícia poderia colocar as mãos em mim. Eles já foram lá quando não estava presente.

Alex mora em um bairro muito bem localizado e próximo do local que Alice trabalha. O problema é que ela entra e saí do trabalho acompanhada daquele imbecil do Bernardo, amigo do meu primo. E eu não sou louco de invadir o lugar. Quero pegar a Alice desprevenida.

Iara me enviou o dinheiro que pedi, e paguei meu débito com o aviãozinho que eu devia. Eu estava precisando de um pó para relaxar, e foi o que fiz. Comprei o melhor com o restante do dinheiro que ganhei da minha irmã.

Alex chegou no seu apartamento e viu a droga sobre a mesa de centro. Já tinha cheirado duas carreiras e estava me sentindo muito bem, como sempre ficava ao ter o melhor que o dinheiro comprava.

-Eu te pedi para não trazer essas merdas para a minha casa. – Falou e eu me exaltei.

-Cala a boca. Pois, para te aguentar, somente com muita coca na veia. – Gritei. E ele partiu para cima de mim me dando um soco, mas eu era mais forte que ele e dei dois murros consecutivos o derrubando. Ele bateu a cabeça na quina da mesa e sua testa começou a sangrar. Ele ficou tonto e eu assustado.

-Sai da minha casa agora, ou eu vou chamar a polícia para você. – Falou, um pouco tonto.

-Se você fizer isso eu volto aqui e te mato, seu infeliz. – Peguei a chave do seu carro em cima do aparador e apertei o botão do elevador.

Entrei em seu carro com a respiração entrecortada. O carro que estava estacionado na vaga da garagem, segurei o volante do veículo tentando me acalmar. Ao sair pela portaria, vi o carro do Bernardo saindo de uma garagem em um prédio ao lado. Minha sorte estava ao meu favor. Alice estava com ele, pois ela abaixou o vidro para falar algo com uma pessoa na calçada. Pelo horário ela não estava indo trabalhar, resolvi seguir eles. Essa era a minha chance de pegar essa puta.

Interlagos novamente. Observei de longe o grupo em que ela estava. Dessa vez não poderia fazer uma abordagem direta. Ela estava cercada e muito bem protegida. Eu tinha paciência e preparei o restante do meu bagulho para me dar a energia que precisava. E foi com essa paciência que enxerguei o momento certo de ir em sua direção na pista.

Eles me deram um carro de graça para brincar com a minha garota. Acelerei aquela máquina na pista. E agora era eu contra ela. Ninguém me segurava mais. Alice iria me pagar, por ter me feito de trouxa e não ter me aceitado de volta.



Apresento a vocês a vida do embuste. Para ele todo o  nosso ódio.


My care bear( Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora