Segunda-feira veio para me estressar, eu não tinha descansado um minuto se quer no final de semana e a oficina estava lotada de carros, a maioria já estava em processo de finalização para entregar aos donos. Lembrei que Alice estava sem carro e cheguei a pensar em conseguir seu número e oferecer o conserto para ela, mas pela forma que saiu daquele quarto, era provável que não queria me ver nem pintado de ouro.
Espero que ela não dirija um precioso como Olivia denominava o carro dela no passado. Aquela lata velha me causou uma puta dor de cabeça e precisei puxar uns favores para ajudar a desovar ele. Deixei os rapazes do Capitão tirar tudo que queriam de peças e colocamos fogo na carcaça. O deixamos disponível para a polícia achar e autorizar a baixa no Detran. Olivia ficou livre do problema e eu em dívida com o responsável pelos rachas.
A conversa com a minha irmã não me abandonava também. Eu não estava preparado para um relacionamento. Eu não queria um. Fui de uma única mulher por dez anos e para quê? No final eu não passei de um corno idiota.
Alice tinha algo de especial, mas eu não tinha mais esse tipo de sentimento. Eu era ótimo para foder, e se ela estivesse disposta daria uma noite inesquecível, só não poderia ser mais do que isso.
Ainda bem que no próximo ano eu estaria viajando muito e não teria tempo para pensar em mais nada. Voltaria a dirigir um carro de corrida, mesmo sendo somente para testar o calibre delas. Se não fosse meu acidente, se não fosse o pedido da Alena eu talvez estaria colecionando troféus na minha estante.
Passei a mão pelos cabelos e me obriguei a trabalhar, precisava apagar aquela mulher dos meus pensamentos.
Quinta-feira era a noite dos garotos, decretado pela minha cunhada Olivia, ela se reunia com as amigas, e praticamente expulsava os seus maridos para fazer qualquer coisa de homens.
Desde a primeira rodada destes encontros eu fui intimado a participar, e por um lado estava gostando de sair da minha rotina. Eu vivia para o trabalho, academia, minhas corridas clandestinas e encontros esporádicos com mulheres que nem lembrava o nome no dia seguinte. Na verdade, nem lembrava o nome delas durante o sexo.
Devido as complicações com o parto da irmã de Victor, cancelamos o encontro semanal, ela estava no CTI. Alguns colegas me chamaram para uma gelada, mas preferi ficar no sofá assistindo alguma série. Comecei a preparar um macarrão, e abri meu Instagram que andava jogado as traças, pelo menos o pessoal era assim. A da oficina era atualizado por uma equipe de marketing.
Curioso fui ao da minha cunhada e localizei o da Alice. O dela era um perfil aberto, mas tinha poucas fotos. Enviei um convite para segui-la e curti cada uma das fotos que estavam lá. Mandei uma mensagem pelo direct ao vê-la online.
"Posso ter seu número de telefone, Linda?"
Vi ela digitando, mas a porcaria nunca aparecia. Ou ela estava digitando uma mensagem enorme, ou estava digitando e apagando.
"Pra quê?" - Oh mulher teimosa, mas eu sou mais ainda. Sorri.
"Podemos conversar melhor, podemos ser amigos."
"Podemos ser seguidores um do outro, é suficiente."
"Não é suficiente." – respondi. – "Vou deixar meu número aqui, me manda uma mensagem para salvar seu contato" – digitei o meu número e ela não curtiu ou escreveu outra coisa. – "Seu carro ficou pronto, soube que ele teve um problema no sábado" – Mudei de assunto, pois a nossa conversa poderia morrer mais rápido do que começou.
"Ficou sim. Era um filtro de ar."
"Se tivesse meu número teria dado um jeito nele para você" – Novamente ela parou de responder e vi minha panela com água fervendo para o macarrão. Fui preparar a minha comida, não tive mais nenhuma notificação dela. Suspirei e me sentei na banqueta da cozinha frustrado e com a porcaria do telefone do lado que zombava de mim.
Eu estava perdendo a minha mente ao insistir nela, mas o beijo trocado na casa dos meus avós não saia da minha cabeça. Alice tinha algo que me instigava ao ponto de me tirar da zona de conforto que eu estava a tanto tempo.
Essa semana acordei duas vezes com um tesão filho da puta e só me aliviei como um adolescente hormonal ao lembrar do seu corpo e imaginá-lo sem nada. Ela tinha tanta carne para apertar e meu pau já dava sinal de vida novamente só pelos pensamentos indecentes que estava tendo.
-Aí, Alice, o que você tem para me deixar louco desse jeito. Poderíamos curtir um ao outro sem amarras. – Falei sozinho e voltei minha atenção para o macarrão cozinhando.
Peguei alguns temperos para o molho e me obriguei a ficar de pé para não errar os ingredientes. Peguei uma garrafa de cerveja e me servi da comida feita. Eu era bom na cozinha e tinha preparado um macarrão com molho branco e ervas finas. Mas, meus armários estavam perigosamente vazios e teria que ir as compras em breve. Pois, era eu por eu mesmo. Só pagava uma diarista para a faxina duas vezes por semana para lavar as roupas e limpar a casa. Eu era bem-organizado e nunca deixava nem uma toalha fora do lugar.
Pensei em mandar outra mensagem para a Alice, mas precisaria de outra abordagem com ela. Só não sabia qual seria ainda. Eu nunca fiz tanto esforço para levar uma mulher para a cama como estava fazendo para tê-la.
Olhei novamente o telefone entre uma garfada e outra, mas a mulher estava off. Bufei, frustrado.
Bear frustrado é perfeito. Está na banheira com a Alice. Rsrsrs.
Votem e comentem. Beijinhos
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My care bear( Concluído)
RomanceBernardo Meu sonho morreu no dia que sofri um acidente automobilístico em uma pista de corrida. Mas, tudo ficaria bem, eu tinha um amor que ultrapassava qualquer limite. Pelo menos era assim que eu pensava, até descobrir o contrário. Alice Eu estava...