Monique me convidou para o seu noivado um sábado antes do meu aniversário. Foi uma festa tão linda e a declaração do seu noivo tocou meu coração de uma maneira que eu não soube explicar.
"Se eu pudesse te dar algo, Monique, te daria a capacidade de ver a si mesma através dos meus olhos, para que então perceba o quanto é especial para mim"
Otto, era um homem alto um tanto desengonçado e nerd com seus óculos e camisas com frases divertidas, mas tinha um amor imenso por essa amiga que conhecia a tantos anos, mesmo hoje não sendo tão próximas por trabalharmos em meios tão diferentes, ela sendo editora e eu enfermeira. Nós duas éramos a chacota da escola por termos excessos de peso. Foram anos de terapia para ela se aceitar, e quando o agora noivo entrou em sua vida ela terminou de se curar desse trauma. Minha melhor terapeuta foi minha mãe.
Lembrei do Bernardo que havia me convidado para sair hoje, mas recusei. Nem chamei para vir comigo, pois nosso nível de relação não permitia esse tipo de contato. E agora sentindo o amor que o casal transmitia a todos os convidados me senti uma fraude com a minha própria vida.
Tive uma noite agitada com sonhos estranhos e carros velozes. Me levantei em um pulo da cama, com o coração acelerado e lembrei do Bernardo com seu trabalho ousado, mas ele era um bom piloto, pelo menos foi o que soube das conversas com a minha amiga Bia.
Olivia e Bia reservaram mesas em um restaurante para um almoço no domingo do meu aniversário. Eles chamaram mais de quarenta pessoas e pagaram tudo, me senti acolhida com aquele presente. Bernardo que veio para o final de semana estava lá sentado à mesa com os convidados e me deu de presente uma pulseira. Nela tinha um pingente com um carro de corrida, uma bandeira da Espanha e um ursinho. Fiquei emocionada e porra, eu queria que ele parasse de me fazer apaixonar cada vez mais por ele.
Dei atenção aos meus amigos, e recebi uma mensagem de um número desconhecido, mas pelo teor, eu sabia que era o Igor, e estava começando a ficar preocupada com as suas perseguições. Não falei nada com a Olivia, pois ela não tinha ficado satisfeita por não ter denunciado ele quando tive oportunidade.
Da família da minha mãe algumas pessoas me mandaram mensagens, incluindo a minha prima falsa. Que ainda falou que tinha conseguido um bolsa parcial de estudos em uma faculdade, próximo da minha casa. Nem respondi, pois a causadora da discórdia era ela. Minha tia e meus primos do lado do meu pai também me deram parabéns.
Lembrei que ainda poderia contar com o meu primo para um futuro casamento. Só de pensar nos beijos do Bernardo eu corava e quando o encarei, ele ainda piscou em minha direção. Ele tinha me estragado para qualquer outro homem que viesse depois.
Ficamos quase a tarde toda no restaurante e ganhei tantos presentes que encheram o banco de trás do meu carro e o meu porta-malas também. Bernardo me enviou uma mensagem me chamando para sair hoje à noite. Aceitei, e fingiria que hoje era um dia como outro qualquer, mesmo a meu coração martelando no peito sobre o dia dos namorados.
Fui para a minha casa, após dar três viagens para retirar os meus presentes do carro. Ainda bem que agora tinha um pouco mais de fôlego após iniciar a academia. No começo eu morri para subir esses degraus após uma sessão de tortura daquele lugar. Hoje eu levava numa boa. Tomei um banho decente e caprichei no hidratante e na roupa, Bernardo irá embora na terça-feira e não teria outra oportunidade com ele antes do seu embarque. Amanhã ele falou que tinha um compromisso. Eu estava com tantas saudades dos braços dele em volta do meu corpo, era uma loucura.
Ele me buscou as vinte horas e fui presenteada com uma suíte na cobertura de um dos hotéis mais caros da cidade, com direito a champanhe e morangos.
Seus beijos tinham um gosto diferente e me instigou a grudar nossos corpos mais e mais. Eles já se reconheciam com muita intimidade e entrega. Nossas roupas saíram dos nossos corpos com calma. Suas mãos faziam carinho em minha pele me deixando arrepiada. Foi uma noite que nunca esqueceria. Estávamos fazendo amor naquele momento, não era mais uma foda para aliviar a coceira. Não era só tesão.
E eu não podia fazer mais isso comigo.
Estava abraçada em seu peito e fazia círculos no local, mas ele sentiu que travei. Me levantei da cama e fui em direção ao banheiro sem falar nada. Ele me seguiu e tomamos banhos juntos na banheira, mas a minha vontade era de chorar. Mas, consegui segurar as lágrimas de cair. Ele também sentia que ali era a despedida, mas não falou nada e foi melhor assim. O gosto era agridoce.
Voltamos para o quarto e comecei a vestir minha roupa, e ele ficou sentado na cama após vestir sua calça. Me vendo colocar cada uma das peças que tirou do meu corpo a poucas horas atrás.
-Você quer mesmo ir embora agora? – não respondi e terminei de calçar minhas sandálias de salto.
-Por que você veio para o meu aniversário?
-Eu venho sempre para o Brasil. Então porque não poderia ser no seu aniversário?
-Você fala o tempo todo que não quer envolvimento, que não tem interesse, mas me prende a você, Bernardo.
-Você não está presa a mim, Alice.
-Mas, também não sou livre. – falei. – Porque não podemos sair para fazer algo diferente, sem ser dentro de um quarto.
-Eu sou um ímpar, Alice, não posso te fazer feliz do jeito que você deseja. Aqui é tudo que posso te dar. – Se levantou e falou, colocando as mãos no bolso da calça que ainda nem tinha sido fechada por ele.
-Eu também sou um ímpar e não estou te pedindo nada mais do que andar de mãos dadas, ir ao cinema e talvez um jantar em um lugar legal. – falei já com lágrimas nos olhos. – Eu não estou te pedindo em casamento tá legal, só estou te pedindo para não me esconder do mundo como todos os meus ex-namorados fizeram comigo. – Completei, e virei as costas, pegando a minha bolsa e caminhando em direção a porta do hotel que tínhamos passado a noite. – Você não é meu ex, e sei que aceitei seus termos, Bernardo, mas antes que saia machucada disso tudo, eu vou tirar meu carro da pista. Adeus. – Abri a porta e passei por ela. Ele não se moveu do lugar.
Eu desisti das migalhas, mas não significava que foi menos doloroso, sorri amargurada. Bernardo quebrou todas as minhas inseguranças e me fez gozar mais vezes do que posso contar. Para no final eu mesmo mandá-lo embora.
Foi necessário, ele não queria uma companhia e eu tenho esse desejo por mais. Iludida, isso que eu era. Nunca teria um relacionamento como o dos meus pais.
Fui para casa de táxi. Aquele foi o ponto final do nosso acordo velado de amizade com benefícios.
Bernardo continuou mandando mensagens e eu continuei respondendo, mas já não conseguia entrar nas brincadeiras dele. Eu estava irrevogavelmente apaixonada, e meu coração não aguentava mais ser remendado.
Ele voltou no Brasil novamente na semana seguinte para o aniversário da minha afilhada, e me convidou para sair, eu declinei do convite. Ele foi no meu apartamento e o recebi como um amigo, mas quando tentou me beijar eu neguei. Mesmo doendo de vontade de estar nos braços deles, precisei negar.
-Não faça isso comigo, Bernardo, a sua amizade é importante para mim, e não quero ter que colocar um ponto final nela também. – Aquela lembrança doía mais ainda todas as vezes que olhava para a porta da sala, onde ele passou e nunca mais o vi novamente.
Vocês pediram, vossa autora atendeu. Rsrsrs. Alice terminou seu caso com o Bernardo. Existe limite para tolerar um relacionamento assim, e nossa Alice chegou ao limite dela. Como nosso Ursinho vai reagir de agora em diante, em?
Votem e comentem. Beijinhos
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My care bear( Concluído)
RomansaBernardo Meu sonho morreu no dia que sofri um acidente automobilístico em uma pista de corrida. Mas, tudo ficaria bem, eu tinha um amor que ultrapassava qualquer limite. Pelo menos era assim que eu pensava, até descobrir o contrário. Alice Eu estava...