Ouvir a voz do Igor me deixou em pânico. Acelerei o carro para voltar ao pit stop, mas ele estava colado na minha traseira e encostou me assustando.
-Para, Igor, por favor. – falei ao microfone.
-Parar. – respondeu rindo com escárnio. – Foi você que parou. Nós éramos certos juntos. Nosso sexo era bom e sem cobrança, mas você caiu na pilha da sua amiga vadia e tudo desandou. Ainda esperei por um tempo, mas você não me deu brecha.
-Tínhamos terminado.
-Você terminou. Não eu. E eu odeio que falem não para mim, Alice. – falou e eu comecei a chorar, mas precisava me concentrar na pista, ele estava dando esbarrões no carro a todo estante e estava difícil manter a direção a mais de 150 por hora. - Eu só queria mais uma noite e eu ter a chance de te humilhar de verdade.
-Você só queria isso. Essa perseguição toda só para me ofender.
-Ah, Alice, você é uma mulher muito linda, sabia. Mas, eu não teria coragem de te apresentar para os meus amigos com o seu excesso de peso. – Ele tinha a voz enrolada como se estivesse alcoolizado, ou drogado. – Se você tivesse ao menos me ouvido e feito a porra da dieta que te pedi, não precisaria chegar aonde chegamos, meu amor. – Meus olhos estavam cheios de lágrimas e cada esbarrão que ele me dava mais apavorada eu ficava.
-Igor, para. Você vai acabar nos matando. – Falei.
-Cala a boca que a única pessoa a falar aqui sou eu. – Ele gritou e eu me assustei com o seu grito. – Por que você me denunciou? Eu te avisei o que aconteceria se fizesse isso.
-Você me machucou.
-Você mereceu, cadela egoísta.
-Vamos conversar. Eu prometo retirar a denúncia. – Implorei.
-Mentirosa. Quando sair daqui vou te foder até os miolos.
-Eu nunca vou para a cama com você novamente.
-Aliceeee. – Bernardo gritou pelo microfone que estava conectado ao carro. – Não cai na pilha dele, se concentra, meu amor.
-Cala boca seu imbecil. Estou conversando com essa vadia agora. – Igor falou. – Sabia que eu tenho mais tempo com ela?
-Estou com o Bernardo a quase um ano. – falei sem pensar e ele ficou furioso.
-Sua cadela. Era para você está sofrendo e já foi dar para ele. – e senti mais uma batida na lateral do carro. Ele fez uma manobra indo em direção ao pit stop e iria acertar em cheio as pessoas que estavam lá para a reunião de equipe. Ele iria atropelar o Bernardo. Fiz uma manobra de zig zag, tirando a concentração dele e tive a atenção novamente para mim. Quase rodei na pista, quando ele acertou minha traseira novamente. Mas consegui alinhar a tempo de acelerar antes da curva. Eu ia bater na mureta de proteção, mas usei a técnica que o Bernardo usou na corrida do Capitão.
Igor não esperava essa manobra, e se chocou com tudo me assustando com o barulho. Parei o carro, cantando pneus. E vomitei o que estava no meu estômago. Minha visão ficou turva, me fazendo perder os sentidos.
***
Abri os olhos e a claridade me cegou. Eu estava em um quarto de hospital e Bernardo estava com a cabeça apoiada na cama, ele segurava a minha mão que não estava com o acesso. Meu coração disparou quando tudo voltou na minha cabeça e meus batimentos cardíacos aceleraram, fazendo os monitores apitarem.
Bernardo levantou a cabeça e seus olhos estavam inundados de lágrimas ao me ver acordada.
-Amor. – ele falou e sua voz rouca aqueceu meu coração. Uma enfermeira veio me avaliar e ele se afastou sem soltar a minha mão.
-Como você está se sentindo, Alice? – ela perguntou.
-Estou um pouco tonta. O que vocês me deram?
-Você estava em choque. Precisamos aplicar um calmante.
-Eu consegui parar o carro?
-Sim, meu amor. Você conseguiu.
-E o Igor? - Só de perguntar por ele, senti um calafrio
-Ele não estava com o cinto de segurança. – Foi tudo que o Bernardo falou. E não quis saber dos detalhes.
O médico veio me avaliar, e avisou que eu ficaria por mais um dia no hospital, pois estava tendo uma oscilação de pressão. Tinha ficado o dia todo apagada devido aos remédios. Pedi ao meu namorado para voltar para casa, mas ele recusou. O efeito dos medicamentos, me derrubaram por mais algumas horas.
Acordei assustada com o barulho da frenagem, e comecei a chorar. Bernardo me abraçou e fez carinho em meus cabelos.
-Acabou, meu amor. Acabou. – Falava baixinho e dava beijos em minha testa, meu nariz e depois a minha boca. Abracei seu pescoço e apenas apreciei o carinho. Eu estava segura novamente.
***
Meu quarto ficou pequeno para tantas visitas. Abracei minha amiga e choramos muito uma nos braços da outra. Helena foi outra que me abraçou como somente uma mãe poderia fazer.
-Não me dê outro susto desse, minha filha. – Fiquei emocionada.
-Não darei, Helena. - Alonso trouxe um buque lindo de peônias, margaridas e lírios. E deixou um beijo em minha testa. Mas, foi encontrar minha cunhada no quarto que mexeu com meu emocional. Ela largou suas férias para vir aqui me vê.
-O que está fazendo aqui, Bia? – perguntei.
-A família em primeiro lugar. – Me abraçou, seus olhos estavam vermelhos pelo choro. E o meu não estava diferente.
Após o momento chorona, Helena decretou que eu me recuperaria em sua casa. Bernardo ainda tentou convencer que poderia tomar conta de mim no apartamento dele, e sei que ele era capaz. Mas, seu voto foi vencido e nada pode fazer. Ri da sua cara de derrota.
-Vou ficar na sua casa, Helena, até meu apartamento ficar pronto. – Se eu tivesse anunciado a terceira grande guerra, não teria causado tanto impacto.
-Você não vai sair mais do meu lado, Alice. – Bernardo se impôs e eu ergui a sobrancelha para ele.
-Nós somos namorados, não casados. Então abaixa a bola aí. – Lui, Bene e Alonso riram da cara dele. Meu ursinho, bufou.
-E o que tem demais nós dois morarmos juntos.
-Tem tudo, ursinho. – e as risadas aumentaram. – Não temos nem um mês de namoro ainda.
-Alice, eu não quero perder nem um minuto longe de você. – Ele falou com tanto sentimento, que me senti uma idiota. – Eu não importo se temos um dia, um mês ou um ano, você mudou a minha vida para sempre e nada mais importa nela além de você. Eu te amo. – Uma vez Olivia puxou minha orelha por não ter enxergado o qual romântico Bernardo é. Então fechei os olhos e cada momento vivido com ele brilhou na minha frente. Nossa primeira vez, nossa viagem, nossas corridas, nosso amor. E eu não tinha como negar algo que estava nos meus olhos. Eu esperei uma vida inteira para ser amada e aqui estava ele. Bernardo era o meu ímpar e me completou.
Nossa querida leitora @DarleneBeatriz0 acertou o fim do Igor. Teremos alguns minutos de paz, pois a história ainda não acabou. Rsrsrs.
Beijinhos
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My care bear( Concluído)
RomanceBernardo Meu sonho morreu no dia que sofri um acidente automobilístico em uma pista de corrida. Mas, tudo ficaria bem, eu tinha um amor que ultrapassava qualquer limite. Pelo menos era assim que eu pensava, até descobrir o contrário. Alice Eu estava...