36 - Enquanto estivermos vivos

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Anya passou por Erick sem cumprimentá-lo. Trancou-se em seu quarto e foi direto para o banheiro.

Viu sua imagem refletida no espelho. Não havia marcas dos dentes de Jack, mas o sangue manchava sua pele pálida de modo abominável. Tirou o vestido manchado, jogou no chão e entrou no chuveiro.

Que merda foi essa? Jack a mordeu, bebeu o sangue dela como um animal...

Ele era egoísta, instável, agressivo, indiferente aos sentimentos dela...

Vou embora! Pensou ela.

Iria até aquela bruxa velha do castelo e descobriria como voltar para seu mundo... ou ao menos iria fugir dessa droga de castelo...

Ouviu barulhos em seu quarto e soube que Jack já a alcançara. Ele bateu na porta do banheiro.

- Anya!

- Vá embora!

Jack rosnou. Não estava com disposição de ser paciente.

- Você tem duas opções... ou abre ou eu abro.

Anya fechou o chuveiro e se enrolou em uma toalha. Abriu a porta e olhou zangada para ele.

- O que é?

Jack parecia tão zangado quanto ela. Seus olhos ainda estavam vermelhos. Ele olhou para o pescoço dela, sem nenhuma marca ou sinal de que ele a tocou. Era um alívio, mas ao mesmo tempo era frustrante. Seu olhar então desceu para a clavícula, onde gotas brilhantes de água escorriam. Anya estalou os dedos na cara dele.

- O que você quer?

- Falar com você!

- Eu não quero falar com você.

- Eu não estou pedindo.

- Foda-se! - Ela retrucou.

No minuto seguinte estava de cabeça para baixo, jogada no ombro dele.

- JACK!

Foi carregada para fora do quarto, passaram por Erick, que respeitosamente fingiu não vê-los e no instante seguinte estava dentro do quarto de Jack. Ele trancou a porta e a colocou na cama sem muito cuidado.

- Vamos conversar. - Disse ele afastando uma mecha de cabelo do próprio rosto. Anya viu que havia manchas do seu próprio sangue na roupa e no rosto dele.

- Não quero, droga... Não quero olhar na sua cara!

- Me desculpa, ok? - Jack exclamou frustrado. Passou as mãos pelo cabelo de novo. Era a primeira vez que ele pedia desculpas para alguém sem que fossem apenas mesuras de corte. - Eu não queria te machucar...

- Você quase arrancou um pedaço da minha garganta!

- Eu sei! Mas não fiz... - Jack apoiou os braços no dorsel da cama, olhando para Anya que, apesar de retrucar corajosamente com palavras, se acuava na cama.

- Uma vez você disse...

- EU SEI! Prometi só te dar prazer, não te machucar... - A mão de Jack desceu do topo do dorsel para a lateral e ele apertou a madeira, que rachou sob suas mãos. Ao ver isso Anya mordeu o lábio, se calando.

Jack notou, é claro.

- Não fique com medo de mim, tá bem?

Ela permaneceu em silêncio. Jack soltou o dolsel e virou de costas, passando a mão no rosto e suspirando.

- Você, dia após dia destrói qualquer auto-controle que levei anos construindo... - Disse Jack e se virou para ela de novo. Seus olhos passearam pelo corpo dela.

Era inverno, ela estava seminua, molhada e tremendo de frio.

Ele caminhou até o próprio guarda-roupas, tirou um sobretudo e jogou para ela.

Anya pegou sem olhar para ele. Ficou de pé, virou de costas e tirou a  toalha. Jack tentou não olhar, não era hora para isso, mas Anya era hipnotizante para ele. As curvas suaves e macias...

Ela vestiu o sobretudo depressa e sentou na cama novamente. Jack suspirou e sentou na poltrona diante da lareira.

- Nunca mais mande eu não tocar em você! - Disse ele em um tom bem mais baixo que os anteriores, mas completamente autoritário.

- Mas eu não quero que você toque em mim. - Anya rebateu.

Jack mordeu a língua para se controlar e mirou o fogo crepitante da lareira

- Inferno... Não estou te dando essa opção.

- Você não tem esse poder sobre mim!

- Eu tenho poder sobre tudo aqui, Anya. - Ele respondeu calmamente.

- Eu vou embora!

Jack suspirou.

Ela podia agir assim? Aquela coisa de pacto não deveria fazer com que ela se submetesse?

Ele se levantou e caminhou até a cama. Apoiou as mãos no colchão, que cedeu levemente sob seu peso e olhou nos olhos de Anya. Sua voz soou mais suave do que jamais soou antes.

- Você não vai. Enquanto estivermos vivos você é minha! - Ele esticou a mão e colocou o cabelo dela atrás da orelha. - Eu deveria estar preocupado com outras coisas, resolvendo coisas realmente importantes, mas tudo que quero é você, estar com você, tocar em você... e eu não vou de maneira alguma deixar a coisa que eu mais quero no mundo fugir de mim ou me negar. Entendeu?

A respiração de Anya já estava irregular antes, mas agora estava quase lenta demais. Queria protestar, dizer que não, que não seria dele, que iria sim embora, mas simplesmente... não conseguia. Era como se sua mente de repente tivesse entrado em estupor. Jack observou suas feições como se tentasse lê-la, e pareceu satisfeito ao ver a luta interna que ela estava sofrendo. Ele suspirou e sorriu levemente.

- Quando você estiver mais calma eu voltarei aqui para conversarmos. Preciso te fazer algumas perguntas. - Ele se inclinou e beijou a testa dela, depois se levantou e caminhou até a porta. - Descanse. Voltarei para dormirmos juntos.

Ele saiu e Anya escutou a porta sendo trancada por fora.

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Nota da autora: Adivinhem quem comprou um celular novo e pode voltar a postar? Kkk precisei esperar o cartão virar, não me odeiem.

Querem mais um capítulo hoje?




Obcecado Por AnyaOnde histórias criam vida. Descubra agora