Obcecado Por Anya

62 - Vinte e seis

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Anya estava em uma das varandas altas do castelo, observando a floresta à frente.

Já fazia três semanas que Jack partiu para Villena. Ele havia prometido que não demoraria, que voltaria... mas já se passou quase um mês.

- Você não deveria ficar no frio, pode fazer mal para você e o bebê. - Disse Milla enrolando Anya à força em um grande sobretudo.

Era início da primavera, porém ainda havia bastante gelo ande quer que se olhasse.

Anya se lembrou de quando Jack prometeu levá-la para conhecer as outras aldeias próximas, os lagos, um esqueleto de dragão... Seu coração se apertou em angústia. Sentia tanta angústia desde que ele partiu... Percebeu então que queria fazer essas coisas, queria conhecer esses lugares, conhecer o sol e o calor desse mundo, conhecer tudo que Jack poderia lhe apresentar...

- Não está tão frio hoje... - Respondeu para Milla, mas não removeu o agasalho.

- Anya... - A voz de Adan soou atrás dela e as duas de voltaram para ele. - Até que enfim... Estou te procurando a quase uma hora. A rainha Heloísa está preparando um banquete em homenagem ao aniversário de Jack, mesmo que ele não esteja presente...

O coração de Anya sofreu um solavanco e ela apertou a mão sobre o peito, onde escondia a profecia.

- Aniversário... - Murmurou.

Adan, que entendia o motivo da angústia dela assentiu. Colocou a mão sobre o ombro dela para dizer algo, mas os três foram atraídos por som de cascos e vozes. Se viraram e viram a enorme multidão de soldados que regressavam.

Adan engoliu em seco. Bandeiras hasteadas à meio mastro, uma carruagem à frente com uma bandeira negra... isso significava...

Anya apertou o corrimão da varanda, tentando localizar Jack. Ele e seu cavalo sempre vinham à frente, mas ela só viu Cerberus sendo guiado por uma corda presa a outro cavaleiro.

- Vem, Anya... - Disse Adan depressa a segurando pelo pulso e a puxando dali. Mesmo que seu coração estivesse completamente pesado agora, mesmo que todo seu corpo estivesse dormente com a possibilidade, ele precisava focar nela. A qualquer momento eles tirariam Jack da carruagem com a bandeira negra e ele não queria que Anya visse isso.

- O que, Adan? - Anya tentou protestar. Sem paciência Adan passou os braços por baixo dela e a suspendeu no ar, a tirando dali.

- Vamos nos preparar para recebê-lo. - Foi a única coisa que Adan conseguiu dizer, caso contrário sua voz quebraria.

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Anya foi colocada em uma sala confortável e com decorações femininas. Poltronas de camurça rosa, vasos de flores, cortinas de cetim branco, mesa de chá. Com certeza uma das salas de Heloísa. Adan não falou coisa com coisa e a trancou, lhe deixando completamente confusa e nervosa.

Ela tentou várias vezes arrombar a porta, mas já fazia alguns dias que sua força havia sumido.

Ela tentou se acalmar. Jack viria imediatamente vê-la, não é? Porém os minutos se transformaram em horas. Ela xingou Adan e chutou a porta.

Nada...

Colocou a mão na barriga, ainda tão pequena, mas no último mês uma pequena protuberância começou a aparecer... Sentiu a aura quente de seu filho e seu corpo esquentou. Sem pensar ela socou a maçaneta e dessa vez funcionou. A madeira quebrou e o metal amassou. Anya empurrou a porta e saiu, se questionando se essa força veio dela ou do bebê...