Chapter (02)

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Atualização.

Boa leitura!

🇳🇴

POV S/N.

Eu sempre fui uma pessoa apegada aos meus pais. Eles eram tudo na minha vida. Ter perdido eles, foi de tirar o meu chão.

Ainda está doendo a perda que eu tive. Foi tudo de uma vez. Foi no mesmo momento. No mesmo segundo. Nada que alguém me disser me faria sentir coisas melhores.

A verdade é que eu quero sumir.

Eu quero sumir, porque era para eu estar dentro daquele avião também. Eu só não estava, porque minha mãe havia me obrigado a ficar em casa porque eu havia ficado doente.

Se eu tivesse insistido um pouco, eu teria morrido junto com eles. E eu não precisaria sentir essa dor horrível.

Mas por alguma razão eu fiquei. Agora eu teria que levantar a cabeça e cuidar das coisas que eles batalharam muito para terem.

Eles haviam me treinado a vida toda pra esse momento. Eu só tinha que executar da forma que eles me ensinaram.

Eles me ensinaram tudo o que eu precisava saber e mais um pouco. Mas eles não me ensinaram a lidar com a ausência deles dessa forma.

Ontem eu fui para aquela homenagem, só por praxe mesmo. Porque sinceramente, ninguém estava lá por sentir muito, estavam lá por interesse. Sempre era por isso.

E certamente muitos ali estavam para me ver, sendo para muitos, fraca. Infelizmente nesse meio eu não posso demonstrar as minhas reais emoções.

Na frente deles eu tenho que engolir toda a dor e encarar eles de igual para igual. Tenho que ver eles e fingir que nada de ruim me aconteceu. Tenho que fingir que a viagem dos meus pais chegou ao destino deles e que estava tudo bem.

Infelizmente eu só posso ser eu, eu só posso sentir muito quando estou sozinha ou em Tromsø na casa da minha avó.

Muitos, ou pelo menos eu acho que todos acham que só havia restado eu nesse mundo. Mas a verdade é que ainda tenho a minha vó materna. Certo que dos meus pais, eu realmente sou a única herdeira. Mas ainda tenho a minha avó.

Mas ela mora na Noruega ainda. Ela se recusou a sair de lá. E sinceramente, eu também recusaria se eu tivesse a oportunidade de fazer isso. Se eu não tivesse que continuar o legado dos meus pais, Tromsø seria o meu destino final. Eu passaria o resto dos meus dias lá com a minha vó.

Mas infelizmente eu tenho isso para fazer.

Agora a minha surpresa da noite, foi a Hailee falando comigo.

Hailee sempre foi a minha paixão.

Desde o primeiro dia que eu vi ela na faculdade. Mas eu nunca tive coragem de chegar nela.

Vários fatores contribuíram pra eu nunca ter tentado nada.

Primeiro que eu não fazia ideia se ela ficava com mulher, segundo eu era muito insegura e a Hailee era muita areia para o meu caminhão, e terceiro, eu preferia ficar na minha ao invés dela descobrir que a minha intersexualidade era verídica.

Naquela época eu tinha muita vergonha. Eu não queria que ninguém soubesse disso. Ainda não quero isso.

Ontem foi a primeira vez que ela falou comigo de verdade. Antes era apenas cumprimentos e nada mais que isso.

Para ser sincera, eu achava que ela nunca nem tinha percebido a minha presença na nossa turma. Eu achava que os cumprimentos eram apenas educação quando a gente se esbarrava por lá. Eu fiquei bem surpresa dela lembrar que havíamos estudado juntas. Por todos esses anos que se passaram, eu tinha quase certeza que ela nunca lembraria da minha existência pós faculdade.

Money Is The Reason (Hailee/You)Onde histórias criam vida. Descubra agora