*✧Nasce um Amor✧⁠*/ABO Sasunaru

80-Eighty

O som do talher batendo na cerâmica repetidamente até parar era ensurdecedor, os olhares virados para o Ômega que mirava sua cópia mais velha com indignação, não foi capaz de cuidar de si e iria assumir uma criança que nem seu era? Nunca ouviu algo tão absurdo quanto isso.

—— Naruto... —— chama, vendo o loiro se levanta da mesa.

—— Papai, posso usar seu escritório? —— olha o Alfa da ponta oposta da mesa, perto de Obito e Itachi, ganhando sua permissão —— Vamos.

Minato se levanta e o segue para fora da sala de jantar, todos estavam assombrosos em ver o mais novo tão sério, claro que a preocupação se instalou neles com exceção de Konan que não olhava e nem falava nada, só comia silenciosamente.

—— Quero atualizações —— o patriarca da casa quebra o silêncio, seu tom sem emoção e a face neutra esperando que um dos presentes começasse a contar o que aconteceu em sua ausência.

Não teve como mentir sobre Kaori e Luci, Itachi notou rapidamente a mudança nos empregados, Temari seguiu para o escritório sem esperar ordens e Leandra era a cozinha, os pêlos de todos se arrepiaram quando o Ômega esbravejou irritado por esconderem que seu pequeno havia sido envenenado, principalmente por que Kisame já sabia.
Enquanto contavam tudo, o Namikaze encostava a porta do escritório, vendo o menor lhe encarar.

—— Vai ser capaz de criá-lo? —— pergunta recebendo um Sim como resposta —— Certeza? Ou vai larga-lo na mão da próxima esposa?

—— Não. Ele será minha responsabilidade, não deixarei que se repita o que aconteceu com você...

—— Ok... —— respira fundo, não botava muita fé nisso e seus olhos começavam a arder —— Você me odeia?

Seus olhos cintilavam, a mágoa refletindo neles enquanto esperava sua resposta, Minato sentiu que uma faca foi atirada em seu peito ao ouvir essas palavras tão pesadas saírem da boca de seu filho que até quase 4 semanas atrás achou que era mudo.

—— Não. Eu não te odeio, filho —— diz com sinceridade, seus olhos miravam com tristeza o pequeno que negava com a cabeça.

—— Então por que nunca viu o que acontecia?!! Por que ficava mais fora do que em casa e quando voltava não me dava atenção?! Porque não sentiu as minhas dores?! —— lutando para que as palavras saiam corretamente enquanto seu rosto era molhado pelas lágrimas que a muito tempo estavam presas com os questionamentos que saiam sem parar dos seus lábios —— O que eu fiz para você ter me rejeitado tanto? Foi por que a mamãe morreu quando nasci?...

—— Não. Não foi por sua causa que ela faleceu, ela já estava enferma, você foi o último pedido dela o qual não fui capaz de cumprir por ter sido egoísta e cego, achando que Konan estava cuidando bem de você e que te amava como filhote —— diz rapidamente, seu olhos também lagrumejavam, não seguraria elas, se fosse para rolar que rolassem —— Acreditei que te tratavam bem por estarem há anos com a gente e por respeitarem sua mãe que acabei  confiando cegamente neles.

Minato começou a falar sem parar, explicando que estava doente e viajava para fora por causa do seu tratamento que só tinha no Brasil, que chegou um pouco antes do Uchiha na mansão procurando por si que se arrepende por não ter contado de seu câncer e não ter se aproximado mais por ser seu único filho. Não ter falado que o amava que realmente se importava com ele e por isso não queria que se preocupasse com si.

—— Teria sido muito melhor ter me contado e deixado que me pre-o-cu-passe do que pensar que era des-prezado por ser Ômega! —— tira as mãos que estavam em seu rosto, o peito agitado por conta de puxar com força o ar para os pulmões —— Sabe o que passei nas mãos dela? Os em-pre-gados em que confiava me batiam e xingavam todos o dias a cada minuto! Dormia no porão e tinha que comer restos de comida!

Respirando fundo antes de continuar, Naruto se encosta na mesa, uma mão na barriga enquanto sentia as memórias invadirem sua mente, as noites mal dormidas por está com o corpo cheio de hematomas ou a cabeça cheia de questionamentos e o coração partido com cada ofensa que lhe eram deferidos sem dó, uma mais pior que o outro.

—— O único que me t-tratou bem foi Y-ya-mato, ele me dava bolos e mostrava empatia, porém teve que parar por causa de um outro professor que no início só me olhava diferente até se revelar um monstro! —— se abraça, a imagem dele querendo aparecer em sua mente e isso o apavorava.

O Alfa o abraçou, seu rosto agora encharcados de lágrimas enquanto escuta o sofrimento do filho, as palavras embaçadas que começavam a falhar, o corpo tremendo por ter que dizer em voz alta para o pai que nunca esteve quando precisou.

—— Você não sabe o que senti, o quanto pedi que me enxergasse e acabasse com essa dor, vê você na mesa enquanto eu estava me prostituindo por um prato de comida ou roupas confortáveis para os dias frios! ——  seu choro agora era alto e a Alfa que estava do lado de fora causo precisa-se de si tinha o peito apertado, cada relato vinha a imagem em sua mente, pensando em como isso pode acontecer com um jovem que não fez nada além de querer afeto da pessoa que devia ser seu pai —— Quando Sai rompeu comigo após aquele asqueroso se aproveitar de mim pela segunda vez em um dia, eu só pensei em fugir antes que me mandassem para o bordel na Grécia, meu filho é de um dessas aberrações pois o Alfa que me fez sentir que nada estava perdido... Também se aproveitou de mim e agora é feliz com a Y-ya-ma-naka.

—— Filho, eu.. —— é interrompido quando Naruto prossegue.

—— Não quero o seu perdão, só quero que seja o pai que eu queria que tivesse sido para aquele bebê —— sem sair de seus braços, inclina a cabeça para mirar seus olhos azuis como os seus —— Não dá para esquecer sua negligência de uma hora para outra e mesmo sendo meu pai, não esteve quando mais precisei e agora peço que não despedisse seu tempo pedindo meu perdão. O que aconteceu já foi e agora só quero seguir em frente com meu Alfa e filho que em alguns meses nascerá saudável e cheio de amor, o amor que eu não tive antes lhe darei, multiplicando cada dia mais até que vire um torão de açúcar.

Saindo dos seus braços, o Ômega se afasta, sentindo seu peito pesado e a barriga dura, seu bebê não estava confortável com o clima do cômodo, as emoções lhe deixava enjoado e se tivesse comido, já tinha vomitado tudo.

—— Ainda tenho chance de estar em sua vida e na do bebê? —— seu tom era baixo quase como um sussurro, olhando as costas do loiro no vestido pastel de algodão e rendas feitas de lá beje escuro.

—— Claro. Por que não teria? —— se vira para si —— Porém não espere que serei uma criança boba em seus braços, meus pais são Itachi e Kisame, posso conversar com você tranquilamente, mais não será a mesma coisa com ele.

—— Tudo bem, irei fazer que mereça meu lugar e não o decepcionarei novamente —— diz firme, sua cópia afirmando com a cabeça num sorriso fechado.

—— Ainda tenho perguntas, mais não estou bem para continuar agora —— suspira, sentindo que mais lágrimas iriam vir —— Com licença Minato.