Sunshine🧸• Gabriel Barbosa •

52.🧸

Gabriel

Ao chegarmos no hospital a Bianca foi encaminhada direto para a emergência e já que eu estava sem conseguir resolver nada, a Rebeca ficou cuidando da questão da documentação. Meu coração disparava e perdia o compasso, estava nervoso, sem notícias e a ver naquele estado... eu tenho tanto medo perder eles.

- Filho.- ouvi a voz da minha mãe e percebi que minha família e a da Bianca tinha chegado.

- Ela tá muito mal mãe.- a abracei.

- Assim que chegamos de viajem viemos pra cá.- minha sogra falou, me soltei dos braços da minha mãe e fui até ela a abraçando - Calma genrinho, eles vão ficar bem.

Concordei mesmo não conseguindo ter fé para acreditar. Ficamos morfando na espera até que vimos a médica que acompanhava a Bianca juntamente com o médico que estava responsável pelo parto do Kyan. Eles vieram até nós com uma cara de poucos amigos, olhei pra minha irmã que me olhou ao mesmo tempo. A Dhio era a pessoa mais sensitiva da nossa casa, ela ter retrucado o meu olhar me assustou.

- Gabriel.- ele me chamou - A Bianca acordou.- suspiramos aliviados -  O motivo do desmaio foi a queda de pressão, por enquanto conseguimos controlar a situação e reverter o quadro. Porém precisamos informar que o parto terá que ser induzido, ela está perdendo muito sangue e a Doutora nos confirmou a condição anêmica que ela tem.- o nosso suspiro de alívio tinha sido em vão - Somos obrigados a informar a gravidade dela.

- Você quer a acompanhar o parto?- a médica perguntou.

Olhei pra trás vendo a Rebeca se aproximar.

- Vai lá, eu vou buscar a bolsa deles.- ela falou e eu concordei acompanhando os médicos.

Passei por uma sala de preparação, coloquei as roupas adequadas indo pra sala de parto logo em seguida. Nada era igual a quando tivemos a Helena. A Bianca estava quase que sentada enquanto a doula estava atrás dela a ajudando, a sala também estava cheia, tinham algumas bolas de ginastica e outros equipamentos que supus que fosse para a tal indução.

Meus olhos foram de encontro com os dela que sorriu. O sorriso mais lindo desse mundo.

A doula saiu de trás dela, me posicionei ao seu lado, prendi o cabelo da Bianca o deixando de lado e fiz a pressão por baixo da barriga que estava cheios de fios que ligavam nos enormes aparelhos.

- As contrações estão muito fortes?- perguntei baixinho apenas pra ela ouvir.

- Muito, doem como se estivessem me pressionando.- ela pegou uma das minhas mãos colocando a cima da barriga - Aqui é o Kyan. Nossa máquina de surpresas.

Eu a olhava e não conseguia a reconhecer. Ao mesmo tempo que parecia que ela estava ali, parecia não estar. Eu tentava encontrar nos olhos dela algo e não conseguia encontrar...estavam dispersos e perdidos.

- Você está bem, amor?- perguntei ao perceber que a voz dela estava ofegante, mais do que o normal.

- Estou dando a luz ao nosso filho, não poderia estar melhor.- sorriu virando a cabeça a apoiando no travesseiro.

Os olhos dela estavam cheios de lágrimas e de segundo em segundo ela dava um grito forte por conta das contrações. Estava pálida, o médico fazia manobras como se estivesse forçando o Kyan a nascer mas parecia que só a machucava mais. Percebia as enfermeiras entregar panos limpos e receber eles completamente ensanguentados. Eu só conseguia olhar pra ela e pra toda aquela situação enquanto meu coração insistia em disparar.

- Meu amor, olha pra mim.- falei com ela em uma das pausas das contrações - Lembra quando nossa Helena nasceu?

- Tem como esquecer?- sorriu com os olhos cheios de lágrimas.

- Realmente não tem.- sorri também - Mas se lembra, você foi forte pra caramba e conseguiu trazer ela ao mundo. Agora nossa bebê está linda e saudável.- passei meus dedos pelo rosto dela - Seja forte meu amor, traz nosso Kyan. - ela deitou o rosto na minha mão recebendo as carícias - Eu vou estar ao lado de vocês, não vou sair daqui.

- Ela tá perdendo muito sangue. Muda a manobra, agora! - o médico falou para um outro - Bianca, precisamos que faça mais um pouco de força. Só mais uma contração e ele nasce.

- Ouviu meu amor, ele está vindo.- a olhei novamente, ela estava ainda mais pálida do que antes.

- Você não vai sair do nosso lado, não é?- perguntou fraca, passando o braço pelo meu pescoço.

- Nunca, somos nós pra sempre.- a respondi segurando sua mão.

A Bianca juntou suas forças se esticando um pouco me dando um breve selinho, sorriu pra mim e aguardamos a próxima contração.

- Você é forte, Bibi. Vai conseguir!- falei enquanto a ajudava a se ajeitar na cama.

- Amo vocês, tá? - disse.

O aparelho que estava ligado a barriga dela apitou, um dos enfermeiros a seguraram pelas costas ajudando a ficar meio sentada, ela fez a pressão e a força que precisava pro Kyan nascer. Um choro fino e sentido tomou conta da sala, o médico me chamou e quando cheguei até ele, vi o nosso bebê lindo. Nosso Kyan. 

Ele é forte, lindo e dessa vez, completamente igual a Bianca. Como se ela tivesse gerado sua cópia. Sorri o pegando no colo e quando fui me aproximar ela, percebi que os aparelhos que estavam ligados diretamente a ela, disparavam e apitavam como se fossem nos deixar surdos.

Uma das enfermeiras pegou o Kyan do meu colo, os outros foram até a Bianca fazendo manobras enquanto pegava um dos cilindros de oxigênio conectando nas mascaras colocando nela.

- Meu amor.- fui para o lado vago que tinha lá - Bibi, meu amor está tudo bem.

Segurei na mão dela que estava gelada e tão pálida quanto o rosto dela. Meu coração agora perdia o compasso, eu estava com medo, receoso e assustado. 

Uma das enfermeiras me puxou me encaminhando para a sala que tinha vindo antes de entrar na sala de parto. Percebi que toda nossa família também estava lá, me olhavam como se soubessem de coisas que eu não sabia.

- Precisamos que espere aqui, tente manter a calma. Tá bom?- a enfermeira falou antes de sair.

Não consegui falar nada, só sentia minhas lágrimas tomar conta de mim e a angústia de ter deixado minha esposa sozinha naquela sala... ela não estava bem, estava pálida e gelada. Não era ela ali. Deve ter sido complicações, aconteceu o mesmo mais cedo e ela ficou bem.

Ela vai ficar bem, ela precisa ficar bem.