Capítulo 3

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Sabrina Gonçalves

O que eu podia responder? Já estava de noite, e eu não parava de andar pelo meu quarto. Precisávamos conversar, mas como eu responderia? Não fazia ideia. Entrei nos status dos meus contatos e lá estava o dela. Havia postado há cerca de uma hora. Será que eu via? Não tinha noção. Comecei a roer as minhas unhas e me arrependi assim que lembrei que queria deixá-las crescer. Escutei batidas na porta e fui abri-la. Era minha mãe com um bolo na mão.

— Temos vizinhos novos.

— Como assim?

— Se mudaram neste final de semana enquanto você estava na sua avó. Vamos recepcioná-los.

— Como assim, mãe? Quem ainda faz isso? — Ela me olhou com incredulidade, parecia não acreditar no que eu havia dito.

— Somos pessoas educadas, okay? Vamos, isso não vai doer. — Ela me puxou, descemos a escada e fomos até a porta. Eles se mudaram para a casa da dona Ivete, que foi para um asilo após a morte do marido. Coitada, gostava dela e de seus gatos. Minha mãe tocou a campainha e deu o seu melhor sorriso. Tentei parecer o mais simpática possível. Assim que a porta abriu, nos deparamos com uma mulher linda de cabelos cacheados. Sua pele bronzeada me chamou a atenção logo de cara.

— No que posso ajudar? — Sua voz aveludada e super educada fez o sorriso da minha mãe triplicar.

— Viemos te trazer esse bolo, como boas-vindas. — Ela esticou a mão, e a moça pegou o bolo com um dos maiores sorrisos.

— Muito obrigada. Qual é o nome de vocês?

— O meu é Maria e da minha filha Sabrina. Somos suas vizinhas da frente. Qualquer coisa pode nos chamar.

— Pode deixar, Maria. Eu e meus sobrinhos dizemos o mesmo. Muito obrigada mesmo pela recepção.

— Imagina, querida. Boa noite. — Demos um último sorriso e saímos de cena para casa.

— O que achou dela? — Questionei quando já estávamos em casa.

— Parece ser legal e educada. Acho que vai ser uma boa vizinha. — Concordávamos nisso. Achei ela muito fofa.

Fui para o meu quarto e resolvi responder à Livia. Precisava ser sutil, mas engraçada ao mesmo tempo, mas seria difícil. Ela me deixava sem graça.

"kkkkkk" 20:30

Desliguei o celular e, quando o liguei para apagar a mensagem, ela já tinha sido mais rápida.

"Me deixou no vácuo esse tempo todo? Tá de sacanagem" 20:30

Rum, que idiota.

"Você não é meu marido" 20:31

Dei um sorrisinho para a tela. Toma essa.

"Graças a Deus. Imagina minha esposa ficar sem me responder. Eu largava" 20:32

RUMMM, que raiva.

"Duvido que consiga uma pessoa com esse seu jeito" 20:33

"O que quis dizer com isso?" 20:34

Preferi não responder. Não a conhecia o suficiente para ter argumentos e ela ainda era minha dupla de literatura. Minha nota dependia dela, então não respondi. Preferi aproveitar enquanto estava por cima, não queria sair por baixo. Veio uma vontade imensa de ver os seus status e então abri. Era ela apenas com um top fumando na frente do espelho e uma música de fundo. "UAU", foi isso que eu pensei, mas depois veio "Ela é uma garota. Está louca, Sabrina?" e tirei dos seus status o mais rápido possível. Apareceu uma mensagem dela na minha tela.

"Tô linda, né? Pode falar..." 20:37

Não consegui não sorrir. Que garota estúpida me fez rir de ódio dela. Convencida demais.

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