capítulo 24

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Sabrina Gonçalves

Acordar em um sábado era esquisito, mas ao mesmo tempo tão bom. Olhar no relógio e ver que já são dez da manhã e eu ainda estou na cama, mas acordei com fome. Desci para a cozinha e meus pais estavam assistindo jornal na TV. Fui para a cozinha, peguei as coisas do armário - pão, queijo, leite - e comi tudo em silêncio, ainda raciocinando sobre a vida. Então minha mãe sentou na minha frente, e estava com aquela cara de tipo "você vai sair hoje".

— Eu e seu pai vamos sair hoje e queríamos que você fosse dormir na casa da sua tia.

— Aonde vocês vão, dona Raquel? — terminei de tomar meu leite com achocolatado.

— Vamos ir a um restaurante e depois sair por aí.

— Okay, me poupe dos detalhes. Eu vou no jogo de vôlei da Lívia e depois vou voltar pra casa.

— Se quiser dormir lá, ela parece ser confiável. — Ela tinha gostado mesmo de Lívia, até porque, até eu dormir na casa de João e Kethelyn demorou algum tempo, mas agora ela não teve nenhuma resistência, o que era esquisito para mim.

— Vou voltar para casa, não somos tão próximas. Mas vou levar em consideração, espero que vocês se divirtam.

— Promete que você me liga? Se precisar?

— Sabe que eu sempre ligo. Vou subir. — Dei bom dia para o meu pai e fui para o meu quarto. Peguei meu caderno e comecei a tentar fazer a droga do poema para a escola, mas nada vinha na minha cabeça. Foram tantos papéis jogados fora que o meu lixo já estava lotado, foi quando eu me dei por vencida. O de Lívia tinha vencido.

Peguei meu celular e mandei mensagem para ela.

"Vamos apresentar o seu poema" - 10:56

"Se rendeu, Livinha" - 11:02

"Não exagera, e porque o meu não está tão bom assim" - 11:07

"Ata, entendi. Vou passar aí às 18:00, se arruma tá, para a gente não passar vergonha." - 11:11

Me deu até vergonha, ontem eu procurei ela no Instagram e vi que em todos os jogos a família dela estava. Seu pai, um homem preto alto, e seus irmãos. Vi vídeos dela fazendo ponto; ela não é tão alta, mas talvez eu ache isso porque não sou tão baixa. Mas ela é uma ótima jogadora, isso eu não posso fingir que ela não é. Decidi tomar banho para poder finalizar o cabelo e adiantar as coisas. Tomei um banho premium: esfoliante, máscara de argila, hidratei meu cabelo. Meu corpo, passei hidratante corporal, hidratei minha pele, soltei meu cabelo. E fui escolher a minha roupa. Decidi por um macacão com calça e blusa conjunta. Coloquei meu tênis branco, fiz a minha maquiagem de sempre e passei meu perfume.

Minha mãe veio me dar tchau e disse que eu estava linda. Retribui o elogio, ela saiu e eu terminei de pôr as minhas bijuterias. Buzinas começaram a tocar, e eu tive certeza que era ela. Peguei a minha bolsa e a minha chave, tranquei a porta da frente e fui até o carro dela. Ela estava mexendo no celular, dei batidas no vidro. Ela me olhou e destrancou a porta. Eu entrei e ela estava toda uniformizada, com um tênis feito para o vôlei, diferente, mas parecia ser bom para esse esporte. Seus dreads estavam amarrados e seus brincos estavam à mostra, e seu cordão com a sua inicial reluzia na sua pele.

— Até que você tá bonita. — Coloquei meu cinto e dei um tapinha nela.

— Ai, sua agressiva. — Ela abriu seu porta-luvas e pegou uma pulseira rosa. — Essa é a sua pulseira, para poder entrar no camarote. Tem tudo à vontade, comida, bebida, fique à vontade.

— Você é tão burguesa, fala sério.

— Burguesa? Tá louca? Eu sou maloqueira. — Ela tentou engrossar a voz, e isso só piorou a situação, que de ruim já estava péssima.

— Maloqueira? Você é mais iludida do que eu pensei. — Ela foi o caminho todo colocando as músicas mais "maloqueiras" possíveis para provar que ela não era burguesa. Quando chegamos no ginásio, ela pegou a sua bolsa no banco de trás, que era enorme e parecia pesada. Ela começou a andar e eu fui atrás, igual uma pessoa perdida, e eu realmente estava. O time dela ainda ia aquecer, mas ela quis me mostrar a área antes. E era enorme. Tinha banheiros, sofás, comidas (todos os tipos de comidas e bebidas) e eu me deliciei com os guaranás, principalmente coca-cola. E fiquei olhando ela aquecer. Ela ficava erguendo a blusa e aparecia o seu top, e conforme as pessoas iam chegando, eu ficava nervosa com a possibilidade da família dela me ver ali. Quando deu o tempo, elas saíram da quadra e foram se trocar. Mas antes de sair, ela me mandou um beijinho, e eu retribuí. Foi aí que eu senti alguém atrás de mim, e quando eu olhei lá estava ele, o pai de Lívia.

— Então você é a famosa Sabrina. — FAMOSA? Ela fala de mim? Por que ela falaria de mim?

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