Sabrina Gonçalves
O shot descia como fogo. Era até estranho, mas gostava da sensação, não posso mentir. Mas precisava aproveitar isso aqui sem ela. Nunca saio e, quando saio, vou ficar sentada esperando uma pessoa que está indo falar com a ficante? Fala sério. Levantei-me e fui até a pista de dança, me soltei. Nas músicas que tocavam, meu corpo estava à deriva, não era como se alguém me controlasse. E nessa brincadeira, esbarrei em alguém. Quando se virou, era a garota da festa do Leo do segundo ano, que estava tão linda como naquele dia.
— Me desculpa, não vi você. — tentei ser o mais educada e honesta possível.
— Tá tudo bem, tá fazendo o quê aqui? Se descobrindo? — ela parecia ser um pouco irônica na sua última fala.
— Eu vim com uma amiga, mas e você, tá fazendo o que aqui?
— Vim com alguns amigos. Mas você tá linda hoje. — ela era tão linda, sua boca, seus olhos, o seu cabelo. Ela era, sem dúvidas, a pessoa mais linda que já beijei.
— Você também. — ela se aproximou. Estávamos tão perto que a sua respiração já era algo que eu conseguia sentir. Entendi o seu recado, o que ela queria de verdade, então resolvi me entregar a isso. Me aproximei e ela selou nossos lábios. Seu beijo era tão bom, tão selvagem e calmo ao mesmo tempo, ela não precisava falar nada, seu beijo já deixava claras as suas intenções. Seu toque era tão gostoso, a mão em minha nuca me fazia delirar. Mas, quando já estávamos sem ar, nos afastamos. Dessa vez eu que dei o selinho nela e ela deu um sorrisinho do tipo "do jeito que eu te ensinei", e isso acabou comigo. Me afastei dela e fui pro banheiro, me olhei no espelho, dei um beijinho pro ar, retoquei meu gloss e saí para fora. Quando inclinei minha cabeça para frente, lá estava ela. Lívia voltava, não com uma cara boa, me procurou pelas pessoas e, quando me achou, veio até mim.
— Preciso que você me beije. — ela foi tão ríspida, não mediu as palavras e eu, em choque como sempre, tentei assimilar o que estava acontecendo.
— Você tá louca?
— Por favor, depois eu te explico tudo, fico até te devendo. Mas por favor, me beije. — quando segui para onde ela estava olhando, ali estava ela, Isabela, nos olhando pior que da segunda vez e me passava muito mais medo do que antes. — Eu te prometo, dou tudo o que você quiser. — isso era tão fascinante, tudo que eu quisesse? Ela tinha noção de onde estava se metendo com essas simples palavras? O que poderia acontecer na vida dela a partir disso? Acho que ela não tinha a menor noção.
— O que eu quiser? Tem certeza disso?
— Absoluta!! — tentei pensar positivo, tudo que eu quiser. Me aproximei um pouco dela e a beijei, tentei pensar que não era ela, que podia ser qualquer outra pessoa. Mas era impossível, o seu beijo era tão diferente e tão bom que não tinha vontade de parar, o gosto da sua boca era diferente. Mas, quando nos faltou ar, nos afastamos e olhamos uma para a outra. Depois, ela verificou se Isadora não estava lá e, quando a garota tinha sumido, ela me olhou com um olhar de gratidão.
— Eu amo você, Sabrina, faço tudo o que quiser a partir de amanhã.
— A partir de amanhã? — estava um pouco envergonhada, mas queria entender por que só a partir de amanhã.
— Porque hoje você vai fazer o que eu quiser. — nossos olhares se encontraram. Mas seu olhar era tão bonito, tão apaixonante, que me convenceu por alguns minutos de me render ao "vou fazer o que você quiser fazer".
— Primeiro, vamos sair daqui e ir pro meu lugar preferido da cidade. — eu apenas a segui em silêncio, não sabia o que falar ou fazer na presença dela. Entramos em seu carro, e eu queria tanto perguntar para ela.
— Por que eu precisei te beijar? — ela ficou em silêncio de primeira, olhou para os lados, estava tirando o carro da garagem, mas assim que conseguiu manobrar, me olhou de cima abaixo e respondeu.
— É uma história longa, mas resumindo para você. Eu te usei para Isadora sair do meu pé, ela estava achando que estávamos namorando ou algo do tipo, mas não estávamos. Ela ficou com o Pedro e eu descobri, quer dizer, ele me mandou a foto. E eu terminei com ela, só que ela não aceitou, então eu te beijei para ela desencanar.
— Ela vai me odiar ainda mais agora. Se ela me bater na escola, eu bato em você. Me ouviu, né?
— Sim, general. — sua voz era tão irônica e tão soberba que meus olhos se reviraram sozinhos, involuntariamente.
— Você fica lindinha assim, irritada. — o sinal estava vermelho, nossos olhares se encontraram de novo, só que agora de um jeito diferente, parecia que estávamos buscando algo uma na outra que não tínhamos em nós mesmas.
— Mas aonde a gente tá indo afinal? — minha curiosidade estava a mil, não conseguia pensar em muitos lugares.
— Já, já você descobre, minha flor. — e ela foi em silêncio até chegarmos ao local. Quando olhei em volta, era um terreno que parecia abandonado, mas tinha uma
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O enigma da paixão
RomanceNão é possível que eu realmente esteja gostando dessa garota..