Capítulo 34

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Lívia Cardoso:

Acordar no domingo de ressaca é uma das piores sensações, ainda mais quando se tem treino às oito horas da manhã. Minha cabeça doía com o treinador falando sem parar, e eu estava sem paciência. Assim que ele apitou pela última vez, deitei no chão por alguns minutos, esperando as coisas voltarem ao normal. Quando tudo parecia mais tranquilo, fui até o vestiário, peguei minhas coisas e corri para o carro. Fechei a porta, peguei o celular e lá estava a mensagem da Sabrina: "Vou pensar" de 9 horas atrás. Ainda não tinha respondido. Confesso que ver aquela foto com o tal Pedro me deu ciúmes, mas foi bem pouco. Precisava estar tão bonita assim? Mó tiração comigo.

Sabrina Gonçalves:

Meu domingo estava ótimo, dormi praticamente o dia todo e estava com vontade de adrenalina. Não sei o que está acontecendo comigo em relação à Lívia, nunca me interessei por garotas antes, e sinceramente, tudo com ela é mais intenso e diferente. Queria vê-la, então mandei uma mensagem:

"Tá com tempo?"

Ela demorou um pouco para responder:

"Depende."

"Vamos no Mc?"

"Vamos. Passo aí às 17h."

Já eram três da tarde. Tomei um banho rápido, coloquei uma roupa simples, mas bonita e confortável, e uma sandália. Deixei o cabelo solto e passei perfume. Peguei meu celular e fui para a sala. Depois do almoço, não tive muito contato com meus pais, e quando cheguei, a mãe do Pedro estava lá. Quando me viu, sorriu.

-Você está linda, Sasa. Aonde vai?– todos me chamam assim, inclusive minha mãe.

-Eu e a Lívia vamos ao McDonald's. Quer que eu traga algo pra vocês?

-Não precisa. Manda um beijo pra ela. Ela me deu um beijo, e minutos depois, Lívia chegou. Me despedi de ambas e entrei no carro. Estava cheiroso. Lívia estava toda de preto, mas estava linda, embora parecesse cansada.

-Como você tá?– beijei sua bochecha. Ela ficou surpresa, sem reação.

-Estou bem. E você? – ela me perguntou com um sorriso enorme enquanto saía com o carro. Me lembrei que amo vê-la dirigir. Mesmo que não pareça fazer esforço, o jeito que ela manuseia o volante é muito atraente.

Toda vez que vamos ao McDonald's, ela implica com o meu Big Mac, enquanto pega um combo enorme.

-Fala sério, Lívia, você parece uma esfomeada.- Ela riu, tomou sua Coca, e estava tudo tão bom que até me esqueci de como eu gostava daquele lugar.

-Mas qual foi a fita daquele rolê com o tal Pedro? – ela perguntou.

-Ele queria conhecer a cidade.

-Mas ele não é daqui?

-Ele foi embora aos oito anos e não lembrava de muita coisa. Ele é legal, não me incomodou sair com ele.Ela me observou por alguns segundos e depois voltou às suas batatas. -E a festa de ontem? – perguntei.

-Foi boa, mas acordei mal hoje. Bebi demais.

-Percebi, você estava louca nos vídeos.

-Não estava tanto assim.

-Tava sim. – ri ao lembrar da cena. -Loucassa.-Ela sorriu, mas parecia envergonhada.

-Eu estava feliz, precisava sair. Sinceramente, não estava tão feliz por sua culpa.

-Por minha culpa?– coloquei um tom de indignação, e ela riu. Estava muito risonha hoje.

-Você não respondeu se eu posso te pintar.

-Estou pensando, desde que eu não precise ficar pelada.

-Mas esse era o plano.– ela fez uma cara de dó, e eu ri. Depois ela riu também. Contou algumas histórias, e eu ri mais ainda. Quando terminamos, fomos pagar. Ao entrar no carro, eu só conseguia observá-la dirigindo, minha nova obsessão.

-Aonde quer ir agora?– questionei.

-Pra ser sincera, pra casa.

-Que grossa, não quer ficar mais comigo? – realmente achei engraçado.

-Mas quero ir com você. -Ela se inclinou e me deu um selinho, depois voltou a atenção para o trânsito. Fez o caminho até sua casa, abriu a garagem e estacionou. Entramos, e a casa estava silenciosa.

-Relaxa, meu pai e minha irmã foram viajar. – disse enquanto subíamos as escadas.

-E por que você não foi junto?

-Eles foram para a casa dos meus avós, mas eu sinceramente não queria voltar lá. Não queria ver as fotos da minha mãe, nem eles tristes. Não queria sofrer mais.- Ela abriu a porta do quarto, e eu me encantei de novo. Esse quarto era tão a cara dela que me perdi em pensamentos. Abracei-a por trás, ela se virou, eu a olhei e a beijei.

Beijei com vontade. Não era como se a gente não se conhecesse, era como se fôssemos uma da outra há tanto tempo que eu já sabia tudo o que iria acontecer, e amava isso. Ela me pegou pela cintura e me encostou nela, encerrando o beijo, e depois me beijou na testa.

-Vamos ver algum filme? – ela ligou a TV, mas me entregou o controle. -Escolhe, confio em você. Coloquei em Harry Potter, e ela sorriu. Sabia que ela gostava. Nos deitamos na cama, ela me olhou e perguntou:

-Posso deitar no seu peito?

-Claro. -Nunca tive ninguém deitado no meu peito, mas ali com ela foi bom. Fiz carinho em sua cabeça, e ela dormiu rapidamente. Quanto a mim, foquei no filme. Já tinha assistido quando era criança, mas não lembrava o quão bom era.

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