:) Sabrina Gonçalves
Essa semana não foi tão agitada, não tinha muito o que fazer, só me organizei melhor em relação às minhas tarefas, mas de resto estava tudo normal. O que não era normal era eu me arrumando para ir a uma festa no sábado à noite. Estávamos no quarto de João, nos trocando e com uma música de fundo. Fala sério, estava me arrumando, e foi quando Kethe chegou com um vestido branco, que era curto, tinha mangas longas, mas o pescoço ficava à mostra. Ele era bonito, mas um pouco curto.
— Experimenta, vai realçar esse corpão que você esconde. — Fui para o banheiro e coloquei. Ele ficou curto como eu esperava, mas eu gostei. Coloquei um colar para dar destaque no pescoço, meus brincos e fui para o quarto, para mostrar aos meus amigos. Dei uma voltinha.
— E aí, como estou?
— Uau, está belíssima. — Ela passava seu gloss e me olhava.
— Eu com certeza daria em cima de você nessa festa. — Fiquei sem graça, confesso. Então fiz uma maquiagem leve, nada muito extravagante, até porque a estrela da noite era o vestido. Fiz um rabo de cavalo e coloquei uma "papete". Minhas unhas estavam feitas, e foi isso. Chamamos o Uber que deu quarenta reais, e, meus amores, o lugar era longe pra caralho. João pagou, ele que nos arrastou.
— Vocês que não fazem o pix! — Já estava resmungando. Entramos na casa e, mais uma vez, adolescentes bêbados, música alta pra caralho, luzes fortes e fomos nós para o bar. Eu pedi um energético e eles também, não queríamos ficar bêbados.
— Tem uns garotos lindos, vou dar uma volta. — Kethelyn sumiu na multidão.
— Eu também, fica aí. — E lá se foi ele também. Comecei a analisar as pessoas e, apesar da outra festa, aqui tinha muitas pessoas diferentes, que eu nunca vi na minha vida. Comecei a analisar uma garota, branquinha e loira. Ela usava roupas largas e tinha um piercing na sobrancelha. Eu fixei nela, ela era muito bonita e algo me chamou atenção nela. Assim que ela me encarou, voltei a prestar atenção no energético. Foi aí que meu celular vibrou.
"Você tá linda hoje, ein" 20:15
Lívia, ela estava aqui? Mas onde? Eu procurei, mas não a achei e voltei a encarar a outra garota que me encarou, mas não tanto quanto eu. Estava obcecada.
— Eiii, um garoto quer fechar um 4 com comigo e você. — Minha amiga da onça, provavelmente o cara é horroroso, mas ela estava com uma cara de tipo "por favor, eu nunca mais te peço mais nada, preciso beijar". Raciocinei e ela faria o mesmo por mim (espero).
— Caralho ein, vamos. Mas antes, me vê um shot de askov. — Depois que aprendi essa palavra, "askov", não tirei mais da boca. Peguei o shot e tomei, me levantei e fui seguindo a garota. E lá estava, dois garotos altos, um era preto e outro branquinho. O meu caso, ele era bonito, era menos pior do que esperava. Ficou um clima estranho no começo, mas eu dei início ao beijo e ele retribuiu. Ele beijava bem, mas não era um des. Quando acabou, me afastei, nem ouvi o que ele falou. Voltei pro bar, mas me puxaram.
— Que susto, garota. — Era Lívia, que inclusive estava linda, sua regata branca e sua calça larguinha, seu piercing novo na sobrancelha que eu só vi hoje. Como pode as pessoas ficarem lindas com essa merda? Seus dreads soltos, e seus brincos de pérolas, ela estava atraente.
— Você beijando? Que milagre. — Seu tom irônico sempre foi cômico, e eu amava isso nela, apesar de não admitir. — Você não acha que esse vestido tá curto demais? — Ela é uma ridícula.
— Vem cá, meu amor, deixa eu te contar um segredo. — Ela se aproximou com a orelha e eu sussurrei. — É pras pessoas olharem e sentirem vontade de beijar a minha boca.
— Ah, entendi. Pelo jeito seu objetivo está sendo concluído. Aliás, você está linda, gatinha, parabéns. — Ela beijou minha bochecha e saiu. Ela está me agradecendo por estar bonita? Fala sério. Virei pra trás e lá estavam eles, me julgando até a alma. Fui até eles.
— Que é?
— Vocês são estranhas, não parece uma amizade de duas garotas normais. — João pontuou isso.
— Cuida da sua vida, por favor. Moço, um shot de askov de maracujá.
Depois de incontáveis shots e drinks, lá estava eu na pista de dança, eu e meus amigos dançando. Sentia que as pessoas nos olhavam, com um olhar de julgamento, mas eu não ligava. Depois de muito álcool, é isso que acontece, você não se importa mais. Enquanto dançava, senti um olhar e segui ele, e lá estava ela, a garota branquinha e loira. Nossos olhares se colidiram e isso me consumiu, um fogo subiu e, por estar bêbada, fui até ela. Parecia que meu corpo não estava mais me obedecendo, ele fazia o que queria.
— E aí, vai ficar só me olhando? — QUE PORRA FOI ESSA, SABRINA???
— Você quer que eu só te olhe? — Ela se inclinou pra mim e percebi que ela era um pouquinho maior que eu.
— Não, faça o que quiser. — Ela selou nossos lábios, e diferente do garoto, eu senti algo extremamente inusitado. Nunca havia beijado uma garota antes, não sabia onde segurar, então fiz tudo que faria com o garoto. Segurei apenas na cintura e ela segurou no meu pescoço, movimentando meu pescoço e cabeça. Quando o ar nos faltou, e abrimos o olho, ela deu uma limpada na garganta, um sorrisinho sacana, beijou o canto da minha boca e saiu. Eu virei pros meus amigos que estavam boquiabertos, mas eu segui até eles e voltei a dançar.
— Não vamos falar mesmo sobre isso? — João perguntou.
— Depois, né. — Quando rodei meu olhar pela festa, Lívia estava com Isadora, mas me olhava. Ela parecia surpresa, mas no final sorriu, e eu sorri de volta. Isadora começou a beijá-la, então eu voltei a dançar. Meu Deus, o que está acontecendo comigo?
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O enigma da paixão
RomanceNão é possível que eu realmente esteja gostando dessa garota..