Capítulo 25

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Capítulo 25

Sabrina Gonçalves

- Acredito que sim, prazer, senhor Lucas. - Ele era alto, negro e bonito. Ao seu lado, tinha uma garota linda que aparentava ter seus doze anos; ela sorriu para mim, e seu sorriso era tão lindo que me lembrava a Lívia.

- Me chame só de Lucas. Essa é a minha filha Lilian. Minha irmã não pôde vir por causa do trabalho, mas estamos muito felizes que a Lívia tem você como amiga. Ela fala muito bem de você. - Sinceramente, já estava envergonhada e não fazia ideia do que ela poderia ter dito sobre mim. Que já nos beijamos para afastar uma garota da cola dela? Nem sabia que éramos tão próximas assim.

- Não sei nem o que te dizer, mas obrigada. - Tentei procurar outras coisas para focar e as luzes meio que apagaram. Começaram a anunciar o nome das jogadoras, elas saíam do "túnel" e vinham com um dos maiores sorrisos do mundo. Ela era a última e, quando entrou, veio mandando beijos. Eu sorri involuntariamente; era gracioso vê-la assim.

O sinal tocou e o jogo começou. Ela é tão boa no que faz, seu jeito de bloquear, atacar, ela é tão boa no que fazia. Era gracioso de ver e emocionante ao mesmo tempo. Eu nunca tinha visto uma pessoa ser tão boa como ela era. Não entendo muito de vôlei, mas sei que ela estava arrasando.

- Toma. - Sua irmã me oferecia um copo de suco, e era o meu favorito: abacaxi com hortelã. Eu sorri e agradeci.

- Ela joga muito, né? Apesar de tudo, ela é o orgulho da família. - Ela riu, e eu ri junto com ela. - Vem, vamos comer! A mesa de salgadinhos não vai acabar sozinha e as garotas não vão perder; estão dez pontos na frente.

- Claro, vamos lá. - O ginásio era grande e, quando você entrava no "salão", havia todos os tipos de comidas: salgados, doces, refeições completas. Enfim, uma diversidade completa que eu não fazia ideia de onde começar, então a segui. Quando chegamos aos salgados, me deliciei; estava tudo tão bom. Peguei mais um copo de suco e voltamos para o "vip". Elas terminaram o set, e começaram as interações com o público, o que era engraçado às vezes, e divertido também. Mas logo elas voltaram e ganharam de novo. Esse time era muito bom, melhor do que eu poderia imaginar que algum time de vôlei poderia ser. Mais um intervalo, e o cara que estava de mascote do time começou a agradecer as presenças no jogo: colaboradores, áreas vip, pessoas importantes da cidade etc. Mas, para finalizar, ele disse: "E agora o dono do time e de toda a corporação Lyons: Lucas Graziero." O estádio gritou e o pai de Lívia apareceu nas telas, quase me fazendo engasgar. Ele acenou e sorriu, depois voltou de novo para o mascote. O estádio vibrava, e eu ainda estava em choque.

- Lívia não te contou? - A garota ao meu lado quase sussurrava, parecia que estávamos guardando o segredo do estado.

- Vocês são donos disso tudo? - Estava boquiaberta ainda. O que mais essa peste escondia?

- Meu pai comprou de um cara que não queria mais tomar conta. Mas ele fez isso pela Lívia; ela queria passar nesse time, mas era difícil. Com o papai comprando, ela entraria sem nenhum tipo de problema.

Naquele momento, tudo que parecia verdade para mim sobre ela se tornou uma mentira. E ela jogando e indo super bem nos lances era anulado automaticamente quando essas palavras se repetiam na minha cabeça. Eu sei, ela é super talentosa e merece jogar nesse time. Mas, infelizmente, isso mostra que eles estão dispostos a fazer de tudo para a família deles estar no topo, que esse pai faria de tudo para elas estarem no topo do mundo. E, bom, esses não eram os princípios que fui ensinada em casa. Tentei ao máximo esquecer e focar em Lívia e em seu time, até porque não poderia julgá-los; eu nem os conheço o suficiente para isso.

Tentei vibrar tanto quanto ela fazia pontos. Quando acabou o segundo set e houve a pausa, fui pegar uma garrafa de água, e Lilian veio atrás.

- Vamos lá embaixo ver o último set, vamos?

- Claro, só podemos ir ao banheiro antes?

- Claro! É por aqui. - Ela conhecia tudo muito bem; o banheiro era tão limpo e cheiroso. Fiz tudo que tinha que fazer, me olhei no espelho, retoquei meu gloss e tirei fotos no espelho. Descemos e ficamos nas cadeiras na frente de todos, bem perto da quadra. Quando começou o set, parecia que a bola iria cair na gente; eu estava com medo. Mas ela brilhou de novo, fazendo tantos pontos, e ela vibrava tanto. Seu pai parecia orgulhoso, e sua irmã mais ainda; era lindo de se ver. E aconteceu o que todos já sabiam: o time dela ganhou. E o estádio vibrou. Ela cumprimentou as garotas do time dela e depois veio até nós. Cumprimentou seu pai, depois sua irmã e, quando chegou em mim, ela me levantou levemente, o que me fez dar um gritinho. Depois, me deu um beijinho na bochecha.

- Você me deu sorte, nunca fiz tantos pontos assim.

- Sério? - Estava impressionada, mas coloquei um pouco de deboche e claro que ela iria perceber.

- Muito sério.

- Vamos comer uma pizza, crianças? - Seu pai parecia falar com alguém no telefone. - Você vai, né, Sabrina? - Eu iria? Não sei.

- Ela vai, vou jogar uma água no corpo e vamos no meu carro. Na de sempre?

- Na de sempre! Não demore.

- Pode deixar. - Ficamos esperando ela sair e, quando saiu, saímos todos para fora. Entrei em seu carro, em silêncio. Ela, por sua vez, estava muito feliz.

- Você já foi na do centro? - Neguei com a cabeça.

- É uma delícia e a minha preferida desde que vim para cá. Certeza que vai gostar também, mas tá tudo bem? Você tá quieta.

- Seu pai é o dono dessa porra toda?

- Ele se gabou para você? Desculpa, mas ele é assim mesmo.

- Sua irmã me contou, por isso você é toda assim. - A alfinetei.

- Assim como?

- Mesquinha. - Ela me deu um tapa no braço, mas começou a dirigir. Ela começou contando como estava nervosa no começo, mas que o time não era tão bom assim. Ela estacionou o carro e eu estava nervosa; não sabia como me comportar perto da família dela, estava nervosa.

- Se eu quiser ir embora na hora que eu quiser,vai ficar brava comigo? - Tentei ser a mais simpática possível, mas soou um pouco estranho.

- Me avisa que eu te levo na hora. - Ela deu uma piscadinha e saiu do carro. Eu respirei fundo e fui atrás.

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