O enigma da paixão

Capítulo 9

Sabrina Gonçalves

— Eu não sabia, fala sério. — Ela estava olhando fixamente para o garoto na nossa frente, ele parecia bravo, mas ela parecia não se importar.

— Você tá fazendo isso pra me provocar, né? Porra. — Ele aumentou o tom de voz, e João entrou na frente de Kethelyn.

— Se manca, seu bosta! Vai se fuder, por que não vai beijar a Isadora? Ah, lembrei, ela te largou. — Pedro deu um soco no rosto de João, e João o bateu de volta, mas ele parecia não ter acreditado. As pessoas começaram a nos olhar, eu fui socorrer João, que estava com a mão no olho.

— Você vai me pagar, seu bosta. — Pedro já estava longe. João foi para fora e fomos atrás.

— Não precisava ter feito aquilo. — Foi a primeira coisa que Kethelyn disse quando chegamos do lado de fora.

— Ele tá achando que é quem? Ele não deveria falar assim com você, vocês não namoraram, cara folgado.

— João está certo, amiga, mas ganhou um olho roxo. — Ele me olhou feio, como se quisesse dizer "não precisa me relembrar, né", então já fechei meu sorriso. — Vou ligar pra minha mãe.

Assim que ela chegou, fomos em silêncio até em casa, e quando saímos e ela viu o olho roxo, exclamou:

— Que merda é essa? — Ela estava desesperada. — Quem fez isso em você?

— Um cara queria ficar com a Kethe à força e eu não iria deixar, né, tia. — Ela deu um sorriso, mas ainda assim transparecia preocupação.

— Vem, vamos pegar gelo. — E lá fomos nós para a cozinha. Ela pegou um saquinho e encheu de gelo. Nos sentamos na mesa e minha mãe puxou a conversa.

— Mas tirando isso, aproveitaram?

— Sim, principalmente Kethelyn. Precisava ver, mãe, ficou com um garoto lindo.

— Sério? E aí, ele beija bem?

— Muito bem, tia, e ainda por cima me deu seu número, mas não sei se vou o chamar.

— Vai chamar sim, faz favor, hein. — Rimos juntos, minha mãe foi pro quarto e subimos também. Tomamos banho e, já de pijama, montamos a cama de casal no chão para eles deitarem.

— Vamos dormir de conchinha, né? — Ouvi os dois conversando enquanto escovava os dentes.

— Sai, ganhei um olho roxo do seu namoradinho, quero distância de você. — Percebi que meu celular vibrou e vi a mensagem de Lívia.

"Seu amigo está bem?" 23:54

Achei fofo, então respondi.

"Está sim, obrigada por perguntar." 23:56

Coloquei o celular para carregar e fui me deitar.

— Quero silêncio, hein, vou dormir. — Me virei para a parede.

— Vem dormir aqui com a gente, Sasa. — Eles não precisaram insistir muito, me joguei no colchão e grudei no peito de João, e Kethe fez o mesmo. Ainda cabíamos naquele colchão depois de tanto tempo, ainda dormíamos juntos e isso era bom. Eu amo eles.