Capitulo 35

100 16 2
                                    


Sabrina Gonçalves:

Ela acordou depois que eu vi os dois primeiros filmes; estava cansada. Mas eu precisava ir para casa, apesar de minha mãe não ter me ligado, já era quase meia-noite.

– Precisa ir? – ela perguntou, sonolenta, de olhos fechados ainda.

– Preciso, amanhã tem aula. Vem, vamos! – Levantei-me, e ela, sem querer, se levantou instantes depois. Procurou sua chave, que estava no bolso, e eu ri. Ela me fuzilou com os olhos cansados.

Entramos no carro e, como não era tão longe, em menos de vinte minutos já estávamos em frente à minha casa.

– Não esqueça do que você me prometeu.

– O que eu te prometi? – Ela tentava lembrar enquanto me examinava de cima a baixo.

– Vai ser amiga do Pedro, lembra? – Ela fez uma cara de tédio, mas eu sorri e a convenci.

– Vou tentar, mas não se iluda. – Ela sorriu. Dei um beijinho na bochecha dela e saí do carro. Ela esperou eu entrar para então sair com o carro. Fui direto para o meu quarto e, assim que deitei na cama, capotei.

{...}

– Foi a Lívia que te trouxe ontem? – minha mãe perguntou enquanto tomávamos café; ela tentava entender por que eu cheguei tão tarde.

– Foi. A gente viu Harry Potter a tarde toda.

– Hmm, quero conhecer os pais dela. Vamos chamá-los para o nosso aniversário de casamento.

– Ela tem só um pai, a mãe faleceu. Mas vocês vão gostar dele, tenho certeza.

– Que triste, mas ele já está na nossa lista de convidados. – Todo ano a mesma coisa: meus pais comemoram o aniversário de casamento. E como este ano fazem vinte anos de casados, minha mãe não vai deixar passar em branco de jeito nenhum.

---

Lívia Cardoso:

Acordar e ver que está na hora de ir para a escola é um pesadelo. Fiquei uma semana sem ir, e foi uma paz, mas se faltar de novo, meu pai vai surtar. Então me arrumei, peguei meu material e as chaves do carro. Assim que desci as escadas, lá estavam minha tia e meu pai tomando café da manhã. Sentei-me ao lado dela.

– Tá bem, amor? – Ela perguntou enquanto me beijava na bochecha.

– Tudo ótimo.

– Quem você foi levar ontem? – Meu pai me examinava do outro lado da mesa; nem sabia que ele já tinha chegado.

– Sabrina.

– Então tudo bem. – Ele sorriu para mim, e eu retribuí. Terminei de comer e fui para a escola.

Assim que estacionei, lá estava ela saindo do carro do pai. Ela estava de jeans, com o uniforme, maquiagem leve e cabelo solto, ainda molhado. Sorriu para os amigos, que estavam conversando com o tal Pedro; provavelmente todos já se conheciam. Assim que ela os viu, abriu um sorriso maior.

Esse cara é tão sem graça. Revirei os olhos, peguei minha mochila e tranquei o carro. Ela me viu e me chamou com um gesto para que eu fosse até ela. Confesso que não queria, mas eu havia prometido para ela. Então lá fui eu.

– Pedro, essa é a minha amiga, Lívia; ela é da nossa sala. Lívia, esse é o Pedro. – Ela me apresentava com um sorriso lindo.

– E aí, tudo bem? – Sorri e tentei ser simpática, mesmo encarando ele.

– Tudo bem sim. – Ele tentou também. Sorri para Keth e João, que retribuíram. Nunca tinha falado com eles, mas pareciam legais.

– Eu vou indo já, preciso falar com o professor de educação física. – Encarei Sabrina, que concordou com a cabeça. Beijei sua bochecha e olhei para Pedro mais uma vez. – Nos vemos na sala.

– Eu vou apresentar o armário para ele, talvez demore. – Eu já estava saindo da rodinha deles.

– Tudo bem. – Respondi. Ele não parecia tão ruim assim.

Fui guardar minhas coisas no armário, até que ouvi uma voz.

– Precisamos conversar. – A voz irritante de Isabela me fez revirar os olhos imediatamente, mas me virei para ela.

Não tenho um dia paz.

 O enigma da paixão Onde histórias criam vida. Descubra agora