Capítulo 22

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Sabrina Gonçalves:

Cheguei da escola e fui direto para o meu quarto arrumá-lo, já que receberia duas pessoas que nunca tinham entrado na minha casa, e muito menos no meu quarto. Eu não ia deixar o meu quarto uma bagunça, até porque minha mãe nunca admitiria isso. Então o arrumei do jeito que ele deveria ser sempre, aos olhos da minha mãe. Depois fui almoçar, tomei um banho e coloquei minhas roupas de ficar em casa, mas nada que me fizesse parecer uma mendiga. A campainha tocou, respirei fundo e a abri, achando que fosse a Geovana, mas era a Lívia.

— Você está dez minutos adiantada. — Ela estava com uma travessa nas mãos, vestida com roupas parecidas com as que usava na escola, sempre escuras, mas estava bonita.

— Não vivo sem você. — Ela me encarou de cima a baixo e me beijou. — Licença, dona. — Ela entrou em casa e depois perguntou:

— Onde posso colocar esses brownies? Foi minha tia quem fez...

— Pode colocar no balcão, vem comigo. — Ela me seguiu até a cozinha e colocou a travessa na mesa. Ficamos em silêncio por alguns minutos, mas como já estava me incomodando, falei:

— Vem, vamos subir para o meu quarto enquanto a Geovana não chega.

— Ela não te contou?

— Não me contou o quê?

— Somos só nós duas. Ela precisa cuidar do irmão dela, mas me mandou a parte dela.

— Ótimo. — Na minha voz havia ironia, mas o que eu poderia fazer? Não tinha o que fazer. — Meu quarto é por aqui. — Subimos as escadas e, quando chegamos no meu quarto, ela se jogou na minha cama.

— Uma cama de casal? Que chique, dona Sabrina.

— Não enche. Vamos fazer os slides,por que assim vocêvai embora mais rápido? — Ela concordou com a cabeça, então comecei o meu trabalho. Era um assunto bem extenso, mas a Lívia me ajudou. Ela colocou uma cadeira ao lado da minha e ficou dando críticas construtivas sobre o nosso trabalho.

— Você é muito perfeccionista. — Ela estava chocada com o tanto que eu ajustava as imagens e os textos.

— Eu não vou apresentar um trabalho horrível, mas a Geovana e o Ricardo é que vão falar.

— Nem sei se o Ricardo sabe ler. — Ela falou tão sinceramente que me fez achar graça por um curto momento.

— Fala sério, você recruta as pessoas tão mal para os nossos grupos. Nunca mais vou deixar você fazer isso.

— Você é tão chata, tá ligada nisso, né?

— Talvez. Não podemos comer o brownie da sua tia agora? — Eu estava precisando de um docinho e de um copo d'água. Descemos as escadas, peguei a forma e dois copos e os enchi de água. Voltamos para o quarto, mas Lívia me perguntou se podia usar o banheiro.

— Não, animais fazem lá fora.

— Então o que estava lá fora era seu? — Ela pensa muito rápido em suas respostas e isso me irritava tanto.

— No final do corredor, à direita. — Peguei um pedaço dos doces e estava DIVINO, era tão bom. Melhor do que o meu ou o da minha mãe, mas ela nunca poderia saber disso. Bebi um gole de água e voltei para os meus slides. A folgada voltou e sentou do meu lado. Mas me ajudou bastante, começou a fazer até alguns para mim. Quando olhei para a janela, já estava de noite, e quando olhei para o celular, já eram sete horas da noite.

— Daqui a pouco meus pais estão aqui. Passou muito rápido.

— Passou mesmo, mas já terminamos. — "Terminamos", provavelmente eu arrumaria tudo isso depois, mas vamos fingir que terminamos.

— Que pena você ter que ir embora. — Fingi que estava triste.

— Haha, que engraçado. — Ela deu um tapinha na minha testa, pegou as suas coisas e descemos as escadas. Minha mãe estava no sofá vendo o jornal e tomando seu bom café. Assim que ela nos viu descendo a escada, abriu um sorriso simpático.

— Olá, meninas, como foi o trabalho?

— Ótimo, mãe. Graças a Deus, já acabamos, e ela já vai embora.

— Não fale assim com ela. — Ela colocou sua xícara de café na mesinha de centro, veio até Lívia e abriu de novo um dos seus maiores sorrisos. — Desculpe a minha filha, mas seja bem-vinda em casa. Fique à vontade, meu amor, de verdade.

— Valeu, tia. Mas já estou indo, mas amei a sua casa, muito bonita.

— Obrigada, querida. Vem, eu acompanho você até a porta. — E ela acompanhou mesmo. Quando bateu a porta, logo me olhou e exclamou:

— Traga ela mais vezes aqui, ela é super educada. Gostei muito dela. — Fala sério. Ela voltou para o seu jornal e eu para o meu quarto. Arrumei a nossa apresentação a noite toda, e quando finalmente estava perfeita, parei para descansar. Mas faltavam apenas três horas para meu despertador tocar... droga, precisava parar de querer as coisas perfeitas assim.

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