Capítulo 4

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Sabrina Gonçalves

O calor de Santos me fazia ficar maluca, sete da manhã e eu já estava morrendo de calor. Tomei banho e coloquei uma calça jeans que marcava bem a cintura, coloquei uma regata e fiz uma maquiagem leve. O calor não me deixava dormir e, para não parecer uma zumbi, passei um corretivo só para esconder as olheiras.

— Vamos, filha, já está atrasada!

— Já vouuuu!!! — gritei mais alto ainda. Peguei minha bolsa e desci, peguei uma maçã e fui para o carro onde meu pai já me esperava. Ele me levou até a escola.

— Boa aula, filha. — Ele me deu um beijo na bochecha e eu saí do carro, fui até a entrada e lá estava ela, Livia, conversando com a Isadora. Assim que ela me viu, desviei o olhar e andei o mais rápido que pude para o meu armário. Estava terminando de guardar meus livros. Quando fechei a porta, lá estava ela do meu lado esquerdo.

— Por que você acha que eu nunca vou arrumar alguém? — Ela mastigava o seu chiclete, e seu perfume vinha forte. Sua regata marcava toda a extensão do seu corpo e a deixava sexy, seus dreads presos em um rabo de cavalo e seus brincos. Ela era estilosa.

— Não sei, foi um chute. — Virei as costas para ela.

— Não parecia um chute para mim. — Me virei para poder olhar bem no fundo dos seus olhos.

— Problema é seu, Livia, mas espero que você encontre alguém.

— Certeza?

— Certeza do quê?

— Que você quer que eu encontre alguém? Não quer que eu te encontre? — Estávamos perto, o suficiente para que eu pudesse sentir a sua respiração pesada, perto o suficiente para o seu hálito vir sobre meu rosto. Me afastei e a encarei. O que está acontecendo comigo?

— Não fode, Livia. — Preciso sair daqui. Caminhei até a sala e entrei o mais rápido possível. Organizei as minhas coisas, mas ainda estava cedo e eu precisava falar com a diretora, precisava mudar de sala. Me levantei e saí da sala, segui até o final do corredor. Não bati na porta, apenas entrei, e ela se assustou.

— Volta e bata na porta. — Fiz uma cara não muito boa. — Agora, Sabrina. — Já vim aqui muitas vezes, mas me rendi. Voltei para trás da porta e bati. De dentro ouvi um "pode entrar" então entrei. Ela me julgou de novo, sentou, me olhou e perguntou:

— A que devo a honra da sua visita?

— Preciso mudar de sala.

— De novo isso? — Ela disse isso enquanto grampeava alguns papéis. — Por que exatamente? Não me diga que está sofrendo bullying? — Pensei em mentir, mas jamais mentiria sobre um assunto tão sério.

— Não! Não me dou bem com as pessoas. — Ela parecia aliviada por não ser bullying.

— Foi como te disse, as salas estão lotadas. Ache alguém para trocar com você e damos um jeito, caso contrário, vai terminar o seu ano letivo naquela turma.

— Fala sério, dona Elaine.

— Me desculpe, minha querida, mas estamos lotados. Queria poder fazer mais por você, mas estou de mãos atadas. Encare isso como a possibilidade de fazer novos amigos, você consegue. — Estava sem argumentos e estava emburrada por isso. — Mais alguma coisa? — Ela pergunta entre aqueles óculos ridículos.

— Não, muito obrigada, dona Elaine. — Saí da sua sala e fui para a minha. Não tinha mais o que fazer, apenas esperar. Quando entrei na sala, lá estava ela, parecia concentrada no celular. Fui para o meu lugar o mais rápido que pude e fiquei esperando o professor chegar, mexendo no meu celular, até que as mensagens do grupo do meu trio começaram a chegar:

Keth: "Vocês não vão acreditar...." 07:04

"No que??" 07:04

Keth: "Isadora foi vista beijando a Livia da sua sala, a aluna nova." 07:06

João: "O QUE????" 07:06

"Fala sério, amiga." 07:06

Keth: "Nunca falei tão sério na minha vida. Pedro foi trocado por mulher." 07:08

Isadora pegando mulher??? Como assim? Que realidade alternativa é essa??? Estou sem palavras e sem chão.


 Isadora Braga  17 anos


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