Capítulo 14

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Sabrina Gonçalves

Acordei cedo hoje, aproveitei e tomei um banho, fiz um penteado no cabelo, escolhi uma calça de cintura baixa e uma blusinha polo. Fiz uma maquiagem bem simples e era isso. Desci para tomar café.

— Que linda, meu amor. — Minha mãe veio me dar um beijinho na bochecha. — Está indo arrumada assim por quê?

— Pra vida. — Meu pai me encarou e voltou a prestar atenção no jornal. Eu fui comer meu pão com um suco de morango e, depois que terminei, escovei os dentes, peguei a minha bolsa e meu pai me levou para a escola. Poderia ir andando ou até mesmo de bicicleta, mas ele gostava de me levar, e eu que não ia recusar.

— Boa aula, meu amor. — Ele me deu um beijinho, e eu saí. Meus amigos não estavam na frente, então entrei no grupo.

"Não vou hoje, meninas, peguei uma gripe." 06:45

"Iiii, então também não vou. Boa sorte, Sasa." 06:56

TRAÍRAS! Até pensei em correr atrás do meu pai, mas ele já estava na esquina. Iria ter que encarar a escola sozinha hoje. Fui pegar meus livros, guardar o que tinha que guardar no armário e fui para a sala. Livia já tinha chegado.

— Que milagre, você chegando primeiro que eu. — A cumprimentei com um beijinho na bochecha e ela retribuiu.

— Pra você ver como está atrasada. — Peguei meu livro e o abri. Era aula de história, a minha preferida. O professor Alberto era um dos meus favoritos também. Assim que ele chegou, nos olhou e exclamou:

— Pesquisa em grupo, até quatro pessoas. Vocês têm dez minutos para se organizarem. — Ele bateu palminhas e eu já me virei para trás.

— Vai ser a gente e mais quem?

— Quem disse que eu vou fazer com você? — Seu tom irônico era ridículo.

— EU!!

— Tá bom, dona. Vou chamar o Ricardo, acha outra pessoa. — Ela se levantou e foi até o garoto que até que se parecia com ela. Eu bati os olhos em Geovana. Pelo que notei nesses últimos dias, ela não é muito sociável.

— Quer fazer parte do meu grupo? — Fui a mais simpática possível, e ela parecia sem escolhas, então fez um sinal de sim com a cabeça.

— Valeu! — Eu estava feliz de verdade. Ela parecia legal e eu que não ia perguntar para mais pessoas. Eles são tão estranhos. Voltei para o meu lugar e Livia chegou com seu sorriso.

— Consegui, Ricardo é do nosso grupo.

— Consegui também. — Ela levantou a mão e eu bati.

— Somos uma dupla e tanto.

— Pode apostar que sim. — Me virei para frente e ele colocou os temas. No final, chegamos à conclusão de fazer sobre a ditadura militar. O trabalho seria daqui a duas semanas, então faríamos tudo esse final de semana. E eu, claro, ofereci a minha casa.

Depois das aulas, chegou o intervalo e eu estava sozinha. Sempre ficava com eles nesse intervalo. Esses 30 minutos seriam um inferno.

"Muito obrigada por terem me abandonado" 10:03

Nem vi o que eles mandaram. Fui até a cantina, comprei um salgado e um suco, fui para o pátio e fiquei analisando as pessoas. E a que mais me dava dúvidas era Livia. Sabia tão pouco dela, mas queria tanto saber mais.

— Eiii! Você é Sabrina, do terceiro C? — AH NÃO, Daniel era o presidente do grêmio estudantil e sempre queria sua chapa com pessoas diferentes. Eu nunca tive vontade de participar de nada assim, depois que eu e meus amigos tentamos no nono ano e deu super errado, nunca mais quis saber.

— Valeu, mas eu não quero participar da sua chapa. Mas eu acho que aquela garota ali quer. — Apontei para Livia e ele sorriu. COITADA! Vai sofrer com esse mano. Antes de ir para a sala, passei na quadra e ouvi duas pessoas gritando, então fui me aproximando e reconheci as vozes: Isadora e Pedro.

— EU NÃO TE TRAÍ COM A LIVIA! — Meu Deus, que voz chata.

— Não se passou nem um dia que terminamos e você já estava se agarrando com essa garota. As pessoas falando que até mulher é melhor que eu, você acha que eu me senti como? — Ele parecia nervoso, mas não tanto quanto ela.

— FALA SÉRIO, EU NÃO ME IMPORTO, EU GOSTO DELA E NÃO QUERO QUE VOCÊ A DESRESPEITE, TÁ ME OUVINDO?

— COMO SE ELA ME RESPEITASSE, NÉ, PORRA? E AQUELA MENSAGEM QUE ELA MANDOU PRA MIM? VOCÊ NÃO FALA NADA, NÉ? — Agora ele estava nervoso.

— VOCÊ QUE SE FODA, TCHAU, SEU BOSTA. — Saí daquele corredor e voltei para os armários. Assim que cheguei no meu, vi Isadora saindo de lá parecendo uma galinha furiosa. Ela estava louca e era engraçado. Passou perto de mim parecendo um furacão. Pouco depois, Pedro saiu, mas ele não tinha uma das melhores caras. Voltei para a sala, mas Livia não voltou mais. Assim que acabou a aula, saí da sala e quando estava na frente da escola, lá estava ela, provavelmente havia matado aula. Assim que nossos olhares se cruzaram, ela disse:

— Já vai pra casa?

— Já, tenho mais o que fazer, DESOCUPADA. — Joguei um beijinho no ar e fui seguindo o meu caminho. Coloquei meus fones de ouvido e fui ouvindo as minhas músicas até que uma mensagem pausou a minha música.

"Tá afim de tomar sorvete hoje?" 12:45

"Claro, mesmo horário, né?" 12:46

"Sim, nos vemos lá." 12:49

Apesar de tudo, ela é uma garota legal e não tenho nada contra ela. Ainda não fiquei louca naquela sala por causa dela.


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