Kitra
- Já posso sentir saudades?- França disse batendo a porta do carro, me deixando na porta de casa.
- Eu que te pergunto.- me aproximei dele sentindo seus braços agarrarem minha cintura como se fosse algo que ele necessitasse - Volta ainda hoje?
- Meu voo é daqui a quatro horas e eu nem fiz o que realmente vim pra fazer.- riu.
Passei meus braços em volta do pescoço dele, aproximando nossos rostos e selando nossos lábios. Nos beijamos mais cedo, foi a sensação mais gostosa e proveitosa que tive. A forma como ele me toca, como se me desejasse em cada detalhe me fazia arrepiar.
- Vou sentir sua falta.- admiti ao nos afastarmos - Você faz falta aqui.
- Você também me faz falta.- ajeitou meu cabelo o colocando pra trás - Prometo voltar assim que a temporada de lá acabar.
- Jura?- estendi o mindinho.
Ele riu anasalado cruzando o dele com o meu. Senti o celular dele vibrar no bolso, ele se livrou de uma das mãos enquanto a outra permanecia na minha cintura, leu algo e tornou a guardar.
- Tenho que ir.- me roubou um selinho - Estão me esperando no hotel.
- Boa viagem.- o abracei forte.
O Matheus é uma das pessoas mais incríveis que conheço, ele realmente me faz falta. Quando o mesmo namorava com a Maya, filha da Geovanna com o jogador Igor Gomes, eu senti ele se afastar um pouco, não só de mim mas de todos nós daqui. A garota não era do tipo irritante ou chata, mas de alguma forma, ele mesmo acabou ficando distante, conversar ou falar algo por poucos segundos com ele era quase que raro.
Nos despedimos, ele me prometeu mil e uma coisas que dessa vez, eu tenho certeza de que iria cumprir e se foi. Já era manhã, entrei em casa sentindo o frio que estava lá fora e tomei um susto ao ver que a Dhio sentada no sofá.
- Quando que vocês chegaram?- questionei enquanto tirava o salto.
- Pouco menos de trinta minutos, ouvimos o carro do França parar aqui.- se ajeitou no sofá batendo no lugar vago indicando para que eu sentasse.
- Cadê meu irmão?- coloquei os pés dela sobre minha coxa.
- Tá morto lá na cama, ele bebeu demais.- suspirou - Mas agora me conta, como foi com o França? Vocês demoraram muito pra chegar e saíram quase duas horas antes da gente.
- Decidimos aproveitar já que ele ia embora hoje mesmo, mas não foi nada demais, só o que você deva ter esperado.- expliquei com um sorriso largo no rosto.
- Que seu irmão não me escute, mas ele é um gato e vocês combinam demais.- nós rimos - Por que não se dão uma chance?
- Não Dhio, eu amo muito o França e foi bom ficar com ele... muito bom mesmo.- gesticulei a fazendo rir mais - Mas ele conseguiu ocupar um lugar no meu coração que não se compara a um romance, entende?
- Que linda, você é sensível.- ironizou.
- Não é por ser sensível, eu apenas gosto de fazer as coisas pensando muito bem nas consequências.
Ela fez um biquinho surpresa com minha resposta, ficando em silêncio. Me levantei, fui até a cozinha pegando uma maçã que estava na fruteira. Precisava sentir o gosto de algo que não fosse álcool. Voltei para a sala e dessa vez ela estava sentada, então me sentei na poltrona a sua frente.
- Temos só mais dois dias de férias.- ela falou - O que pretende fazer?
- Acho que já fizemos de tudo, não é?- joguei a pera que tinha pego pra ela - Viajamos, fizemos e fomos pra festa... acho que não nos resta mais nada.
- Que tal uma noite de cinema no último dia?- sugeriu dando uma mordida na pera - Não podemos esquecer a tradição.
Desde que nós cinco nos conhecemos fazíamos de tudo pra aproveitar cada dia das férias e ao chegar o último dia, meu irmão sempre sugeria algo calmo como um cinema em casa, desde então tinha se tornado uma tradição nossa. Até que ele se foi e desde então ninguém teve sequer a coragem de sugerir o cinema no último dia.
- Pior que não sei se meu irmão vai conseguir vir, a Ester chamou ele pra jantar na casa dela.- falou.
- Olha só se não é a Ester voltando pra vida do Gabriel...- mordi a maçã - De novo.- falei baixinho.
- Minha mãe não suporta ela, sendo sincera, nem eu.- revirou os olhos - Ela força simpatia comigo, vive tentando me comprar e seria menos pior se fosse algo que viesse de forma genuína. Mas não, ela faz isso pra ter algo que prenda o meu irmão a ela. Como se tivesse a necessidade de ter que ser lembrada por ele.
- E no final das contas ela não é?- questionei - Não importa o quanto os dois sejam babacas um com o outro, eles sempre voltam. E seu pai ama a Ester, ou seja, o Gabriel sempre vai ter um motivo pra voltar.
- As vezes eu detesto ter que concordar com você.- jogou a cabeça pra trás - Queria que ele tivesse a sorte de encontrar um amor tranquilo igual o meu.
- Isso não é impossível, só que ele não vai ter o privilégio de ter alguém como meu irmão no relacionamento, então não daria certo.- brinquei.
Ela me olhou boquiaberta, surpresa e com a falsa aparência de estar afetada. Sem ao menos esperar, senti o choque da almofada que ela tinha jogado no meu rosto.
- Se bem que você é a cópia do Victor, então...- comparou.
- Eca garota, nem pensar.- neguei.
- A qual foi, vai me dizer que nunca teve uma quedinha pelo meu irmão?- cruzou os braços - Eu sei que você gostava dele quando nos conhecemos.
- Eu tinha quatorze anos, era uma adolescente sem juízo algum.- me defendi de imediato - E sem contar que eu morria de medo de falar algo, me lembro que você surtava quando alguém falava sobre gostar do seu irmão.
- E detesto até hoje.- apontou assentindo - Mas sério, você não sabe o quanto eu fico feliz por você não ser uma louca que quer meu irmão. Até porque, o Gabriel tem vinte e cinco e você dezoito. Você é minha melhor amiga e ele meu irmão... seria muito estranho.
- Com certeza.- assenti dando razão a ela.
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Sagrado Profano🍷• Gabriel Barbosa
FanfictionEntre taças de vinho, Gabriel e Kitra exploram os limites entre o sagrado e o profano. Ele, acostumado ao brilho dos estádios e à pressão dos fãs, descobre na calmaria de Kitra uma nova forma de se expressar. Ela, por sua vez, enfrenta a imensidão...