6.🍷

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Gabriel

Observei de longe a Kitra e o Matheus juntos, tinha me esquecido do tanto que eles eram próximos. Ou melhor, quando eles se tornaram tão próximos?

- O que tanto olha?- Noga me perguntou olhando pro mesmo canto que eu.

- Nada, só estou procurando a Dhio.- me virei pra ele.

- Ela tá lá atrás com o Victor Hugo.- me ofereceu um copo que supus que fosse caipirinha - Falando no Victor, a irmã dele tá uma gata, não acha?

- A garota tem quase que a metade da minha idade, para de ser louco.

- Achar ela bonita não quer dizer que você vá pegar.- resmungou - Não sabia que ela e o França estavam juntos.

- É porque não estão.- respondi virando um pouco da bebida.

- Então com certeza alguma coisa vai acontecer entre eles hoje.- opinou e eu me virei por completo pra ele.

- Por que acha isso?- o questionei.

- Será que não tá na cara? Os dois estão em um chamego desde que chegaram, ou algo já aconteceu e ninguém sabe, ou algo vai acontecer. É nítido!- falou óbvio. 

- O Victor não gostaria nada disso.- falei baixo mas ele conseguiu escutar. 

- Sendo bem sincero, acredito que ele prefira que seja o França do que qualquer um de nós.- deu dois tapinhas no meu ombro saindo logo em seguida.

Olhei novamente para frente, ela já não estava lá, nem o França. Por minutos me perguntei o que eu estava fazendo ali, caçando eles como se eles estivessem cometendo um crime ou se escondendo pelos cantos. Balancei a cabeça afastando os pensamentos e tornei a me juntar aos outros.

{...}

Subi pro camarote, já estava ficando cansado só de ver os outros que até agora não saíram da pista. Fui até um canto que parecia mais um beco sem saída, era escuro e claramente qualquer pessoa bêbada conseguiria se perder aqui. Tirei do bolso um beck já bolado, um bic e olhei pros lados me certificando de que não teria ninguém por perto.

Puxei, segurei e soltei. Que sensação boa.

Tornei a olhar pro lado, onde a luz da balada me deu a clara visão da Kitra voltando a sentar onde estava antes. Tirou os saltos e sorriu pra algum lugar enquanto derramava a bebida no copo. Ela é realmente tão bonita quanto Noga falou.

Ela levantou e se aproximou da onde eu estava mas ainda não conseguia me ver. Algo atrás dela me chamou atenção, percebi um celular estar mirado em mim, o flash ligado e claramente parecia estar me filmando. 

-Caralho!- resmunguei ao me dar conta da situação. 

Kitra estava se aproximando cada vez mais, puxei o braço dela com força pra dentro do beco a colocando na minha frente. Ela deu um grito alto que eu pude jurar que ficaria surdo, de um estante pro outro o corpo dela gelou e minha única reação foi tapar a boca dela.

- Calma garota, sou eu.- falei baixo e senti ela morder minha mão - Caralho, tá louca?

- Quem está louco é você! Por que me puxou? Você me assustou, Gabriel!- fechou a mão na intenção de me dar um murro mas antes mesmo dela me atingir, segurei o pulso dela.

- Não me bata.- fechei meu semblante a encarando - Fica aqui quieta, daqui a pouco você vai.

- Sai fora!- tentou sair mas novamente a segurei - Me solta!

- Tem como ser menos chata?- a virei pro lado claro da balada - Ali, tem uma pessoa me filmando.

- E qual é o problema? Você não é um desconhecido.- tornou a se virar pra mim e eu olhei pra baixo fazendo ela perceber o beck que ainda estava na minha mão - Enlouqueceu? Vocês não podem fumar!

- Ninguém além de nós dois precisa ficar sabendo disso.

- Desculpa mas não quero ficar participando dessa sua imprudência.- se virou mas a impedi puxando ela pra mim novamente, mas dessa vez, com motivo.

- Fica quieta, o França tá te procurando.- apontei para onde ele estava.

- Se você me soltar, vou agradecer.- reclamou debatendo aos braços sem ao menos olhar para aonde eu tinha indicado.

- Te solto se me prometer que vai ficar aqui.

- O que você quer tanto que eu faça aqui?- tentou se soltar - Se for pra fazer suas besteiras, faça sozinho.

- A menos que você queira que o França ache que estávamos fazendo alguma coisa aqui, pode ir.- a soltei.

- Credo! Tenho certeza que ele não imaginaria algo tão baixo vindo de mim.- cruzou os braços arqueando a sobrancelhas.

- Analise a situação, você sair de um beco escuro comigo não vai fazer com que ele pense nada diferente disso.

Tornei a colocar o beck na boca, traguei e apenas segurei.

- Não quero sair como o tarado da situação.- soltei a fumaça.

- E nem eu como a rodada.- sorriu falso virando o rosto.

Ela é toda mandada, consegue ser uma ótima companhia e ao mesmo tempo uma pessoa insuportavelmente correta. O jeito certinho dela fez me perguntar do que tanto ela tem medo, parece que não sabe viver uma adrenalina ou se divertir, nem ao menos aproveitar a situação.

- Qual é da tua com o França?- tornei a segurar a fumaça.

- Como assim?- perguntou ainda brava.

- Ou você é ingênua ou é sonsa.- joguei o resto no chão pisando em cima - Tá na cara que ele tem uma quedinha por você.

- Isso realmente é de sua conta?- franziu o cenho.

- Não, mas gosto de me manter informado.- ironizei - Vocês combinam.

Kitra respirou fundo, me olhava como se se perguntasse se falaria algo ou não, mas no final das contas acabou abrindo a boca de vez.

- Ele é uma boa pessoa.- disse o olhando de longe, que agora, estava dançando com o Arrascaeta. 

- Não fale assim, boa pessoa até eu sou.- me encostei na parede.

- Mas você é frio, as vezes grosso e também antipático, parece que vive contra o mundo.- disse como se não fosse nada - Já ele é carinhoso, tranquilo e calmo.

- Então ele não é só uma boa pessoa.- tentei ignorar o que ela tinha falo de mim - Quando for falar dele, diga as qualidades.

- Não quero soar emocionada.- me olhou.

- Antes soar emocionada do que insensível.- sorri falso. Ela ficou boquiaberta entendendo o que eu quis dizer e passei pela mesma saindo dali.

Sagrado Profano🍷• Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora