5.🍷

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Kitra

- Balada, sério isso?- questionei meu irmão que estava jogado na minha cama.

- Para de ser chata, vai ser legal.- tentou me convencer pela milésima vez.

- Não vou, vai você e a Dhio.- enrolei a toalha na cabeça me sentando na penteadeira - Não quero ficar de vela pra vocês hoje.

- Não vai ser só nós, alguns meninos do time também vão.- se virou olhando pra mim pelo espelho - Por favor irmã, daqui a uma semana suas aulas já começam e eu vou viajar então bora curtir um pouco.

Retribui o olhar pelo espelho e eu odiava como o Victor conseguia ser convincente, até demais.

- Tá bom, Victor Hugo.- me deixei levar.

- Te amo mesmo você me chamando pelos dois nomes.- se levantou quase em um pulo vindo até mim, me beijou no topo da cabeça - Se arruma, vamos sair as nove.

Apenas concordei já sentindo o gosto do arrependimento. Não que eu não gostasse de sair, mas sair com meu irmão e algumas pessoas do time é ter a certeza de que só voltamos depois de fechar o local. Aceitei não só pelas minhas férias que estão prestes a acabar, mas por ele ter que viajar e mal sabermos quando vamos nos ver novamente.

 Tá ai a parte mais dura de seguir seu sonho, as vezes não sabemos quando nos veremos novamente. Ou se ao menos vamos nos ver.

Olhei no relógio que marcava oito horas em ponto, já comecei a me arrumar pois sabia que antes mesmo das nove meu irmão voltaria aqui para me apressar.

{...}

Desci do carro, ajeitei a saia que estava usando e arrumei o cabelo que bagunçou um pouco por conta do vento. Consegui me atrasar, o que fez com que os outros viessem na frente e eu e meu irmão chegasse depois.

Ele passou o braço pelo meu pescoço e foi caminhando comigo até o camarote onde os outros estariam. Quando ele me contou que não seria só nós eu não imaginei que eles teriam fechado a parte de cima inteira só para as pessoas do time, literalmente todos aqui são pessoas conhecidas, de todos os times possíveis. Por sinal, tem pessoas aqui que eu não fazia ideia que se davam bem.

- Tem muita gente aqui, não é?- falei no ouvido dele.

- Fica tranquila, a maioria você já conhece.- nos aproximamos.

E realmente conheço, até alguns garotos da base também tinham vindo, sempre fico feliz em ver eles, são meninos muito bons. Cumprimentei todos, ou pelo menos quase todos que eu consegui. Avistei a Dhio no canto bebendo e me aproximei dela.

- Você escondida aqui?- perguntei me juntando a ela.

- Tô esperando o França trazer minha bebida.- me abraçou.

- O Matheus tá aqui?- perguntei surpresa.

- E como que eu perderia uma festa dessas?- me virei ao ouvir a voz dele atras de mim.

No impulso o abracei forte quase que pulando no colo dele. O Matheus França é mais uma das mil pessoas do time que uma garota pode ter uma quedinha, na verdade, ele já foi um dia do flamengo. A quase dois anos ele se mudou pra Inglaterra pra jogar em outro time, eu que achava que já estava acostumada com mudanças, senti uma falta tremenda dele por aqui.

- Quando você chegou e por que não foi lá em casa?- me soltei do abraço.

- Cheguei hoje, linda. Isso daqui era pra ser uma surpresa.- riu entregando o copo da Dhio.

- E conseguiu ser, ela quase voou em você.- meu irmão falou se aproximando de nós - Quem é vivo sempre aparece.

- Vocês me conhecendo do jeito que me conhecem, acham que eu perderia uma festa antes do fim das férias?- o cumprimentou - Essas coisas a Inglaterra não me proporciona.

- Deveria ao menos me agradecer, por pouco a Kitra não iria vir.- me dedurou.

- Quase perde sua surpresa.- me olhou sorrindo.

Meu irmão riu e foi até a namorada, a deu um selinho breve e a puxou pela cintura.

- Eu vou embora e vocês fazem a festa.- França disse rindo, com um tom sarcástico - Eu pagaria pra ver a cara do Gabriel quando descobriu isso.

- Nem fala muito que quando eu lembro me dar raiva.- ele apareceu, ou melhor, surgiu do nada na conversa.

- Um dia você já passou moral pra eles.- o cumprimentou também - Pelo visto muita coisa mudou.

- Você nem tem noção do quanto.- brincou fazendo uma cara que todos que estavam na conversa riram.

Eu sentia falta do Matheus, dentre os meninos ele é o que eu sou mais próxima. Senti o braço dele passar pela minha cintura aproximando nossos corpos, quando o olhei percebi ele sorrir pra mim e foi impossível não sorrir pra ele também.

Por mais incrível que pareça, nunca tivemos nada, diferente do que muitos imaginam. Só somos assim desde que pegamos intimidade um com o outro, ele ser um ótimo amigo não significa que eu diria um não caso ele se interessasse e quisesse ficar comigo, até porque, uma parte da Kitra adolescente ainda vive em mim.

Tempo depois, começaram alguns shows e o pessoal começou a se animar. Meu irmão e minha cunhada desceram pra pista com alguns outros, o Gabriel também foi pra algum lugar e eu e o França pedimos algo pra comer antes de beber, já que, caso a gente beba essas bebidas fortes que eles estão bebendo, a probabilidade de não sustentar até o terceiro copo é muita.

Sagrado Profano🍷• Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora