Gabriel Barbosa
- Por que a Ester não veio pro almoço? Achei que ela estaria presente.- meu pai perguntou assim que ficamos sozinhos na cozinha.
- Porque não estamos mais juntos.- fui direto.
- De novo isso? Será que eu vou ter que fazer o mesmo que antes e todas as vezes que vocês tiverem uma discussão?- cruzou os braços.
- Não é como se eu estivesse pedindo pra você fazer isso.- o olhei - Não quero que se intrometa mais nas minhas decisões, terminamos e dessa vez foi definitivo.
- Negativo, Gabriel. Saindo daqui você vai passar na casa dela e pedir desculpas pela briga e vocês vão voltar.
- Não escutou o que eu disse?- arqueei uma das sobrancelhas - Terminamos e essa não é uma decisão sua.
Meu pai que estava do outro lado do balcão, deu a volta até que ficasse ao meu lado. Descruzou os braços e ao olhar pra sua mão percebi que seu punho estava fechado, o que significaria que ele já não estava tão controlado assim. Na verdade, quando se trata de mim ele nunca está.
- Se for me bater, me mate de vez.- tornei a olha-lo.
- Acha que eu seria capaz disso?- perguntou espantado.
- Te conheço muito bem pra saber que você é capaz de tudo pra se dar bem.- suspirei pesado e dei as costas para ele pra terminar de organizar as coisas que minha mãe tinha pedido.
- Você ainda é meu filho, mesmo com sua rebeldia eu ainda não cheguei ao extremo.- senti o tom de voz dele mudar, mas preferi não me virar pra olhar sua expressão - Só peço que seja cauteloso com suas decisões, não se esqueça que você depende daquela garota.
- Dependo?- indaguei - Todo meu dinheiro sai do meu trabalho, não dela.- o corrigi - Acho que você quis dizer que, você depende da família dela.
Contextualizando, meu pai e os pais da Ester tem uma parceria forte com algumas empresas. Quando eu e ela começamos a namorar acabamos virando uma "imagem" para eles, já que foi um relacionamento bem aceito e trouxe um bom retorno. A partir disso, estarmos juntos mesmo em meio ao caos se tornou uma prioridade pros nossos pais, eles nos vendem como um produto de visualização dessas empresas e não estarmos mais juntos prejudica muito eles.
Cada briga, desavença ou discussão em público que eu e ela temos e como colocar a imagem deles em risco. No entanto, isso não me prejudica mas prejudica meu pai, que tem a confiança dos pais da Ester.
- Você nunca esteve tão decidido antes.- meu pai falou depois de um tempo em silêncio - Quem é a outra?
- O que?- me virei pra ele, minha expressão era de completa dúvida e surpresa.
- Eu te conheço Gabriel, isso tem dedo de outra mulher.- respirou fundo - Deve estar gostando de alguém pra tomar decisões tão impulsivas.
- Não são decisões impulsivas, eu só cansei de suportar todo esse teatro por sua causa.
- Deve pensar que eu sou bobo.- riu irônico - É a Kitra?
- O que?- disse ainda mais assustado - Você deve estar enlouquecendo.
- A única pessoa que passa na minha cabeça é ela, ultimamente vocês estão muito juntos e eu sei como a convivência deve mexer com os sentimentos.
- Deixe de ser louco.- o repreendi.
- Eu devo estar mesmo.- me analisou como se estivesse tentando encontrar uma brecha, um erro sequer - Mesmo assim, espero que tenha ciência de que ela é muito nova pra você.
- Ah, não começa!- joguei longe o pano que estava nas minhas mão - Em nenhum instante eu tive momentos somente com a Kitra, sempre estamos com a Dhiovanna e o Victor e não é como se eu fosse emocionado ao ponto de não saber controlar meus próprios sentimentos.- apontei - E mesmo se fosse ela não seria um problema, somos dois adultos e sabemos muito bem tomar decisões.
- Claro, são dois adultos...ela acabou de sair da adolescência e você é bem mais experiente.- ironizou rindo.
- Como eu disse antes, ela não tem nada relacionado com isso.- dei ênfase.
- Menos mal, mas quero deixar claro que eu nunca vou concordar com isso.- insistiu na conversa.
- Eu preciso mesmo repetir pela terceira vez?- o interrompi.
- Não.- descruzou os braços e novamente respirou fundo como se tentasse controlar sua raiva.
Tornei a dar as costas e suspirei aliviado, não sou muito bom em fingir tanto pro meu pai quando é algo relacionado a sentimentos, ele consegue identificar muito fácil os meus pontos fracos.
O silêncio novamente tomou conta da cozinha e eu até pensei que ele tinha saído mas depois de um tempo, ele se aproximou perto da bancada, pegou um copo e foi até a geladeira se servindo um copo de água.
- Você acha mesmo que alguém é capaz de te entender e aceitar você do seu jeito?- virei meu olhar pra ele que não me olhava, mas sim olhava pra dentro da geladeira enquanto tomava a água de pouco em pouco - Você é arrogante, frio, não se importa com ninguém além de si mesmo e não sabe expressar seus sentimentos. Já conheceu alguém que te entende tanto quanto a Ester? - ele pareceu esperar uma resposta vinda de mim, mas como não escutou, fechou a porta da geladeira, tornou a se aproximar do balcão e colocou o copo em cima - Foi o que eu imaginei.- deu dois tapinhas no meu ombro e saiu.
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Sagrado Profano🍷• Gabriel Barbosa
FanfictionEntre taças de vinho, Gabriel e Kitra exploram os limites entre o sagrado e o profano. Ele, acostumado ao brilho dos estádios e à pressão dos fãs, descobre na calmaria de Kitra uma nova forma de se expressar. Ela, por sua vez, enfrenta a imensidão...