Capítulo 7- Beleza

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Era março de 1996 quando meu amigo disse que eu era bonito. A gente estava sentado debaixo de uma amoreira em um terreno vazio perto de casa, onde sempre íamos fazer piquenique.

Senti meu coração disparar, o sangue subir a cabeça.

"Eu não sou veado"

Deu de ombros.

"Nem eu"

"Então por que falou isso?"

Pareceu confuso.

"Ué, é a verdade. Você disse que não imagina uma menina gostando de você e eu disse que você é muito bonito, mais cedo ou mais tarde vai acontecer. Normal. Não é igual eu, que sou feio pra diabo."

"Mas você falou igual um veado"

Deu de ombros mais uma vez.

"Tudo bem, mas eu não sou. Você sabe disso"

Não sabia o porquê aquele comentário havia me incomodado. Não era a primeira vez que eu escutava aquilo, mas por algum motivo parecia errado na boca do meu amigo. Inapropriado. Mas ele falava com naturalidade, apenas como se estivesse falando que o céu é azul.

"Você gosta de alguma menina?", perguntei, apenas para trocar de assunto, "A Luiza que senta perto de você é bem bonita"

"Ah, sei lá. Acho ela meio enjoada. E você? Gosta de alguém?"

"Não ", me apressei em responder, sem pensar.

"Tem certeza?", riu, "pareceu meio vacilante"

"Deixa de ser idiota. Eu não gosto de ninguém. Nunca vou namorar. Meninas são estúpidas. Vamos pra casa"

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Um beijo.

O amor tem sabor de amorasOnde histórias criam vida. Descubra agora