Capítulo 36- Amor (!)

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"Eu vejo suas cores verdadeiras e é por isso que eu te amo"
-True colors (Cyndi Lauper)

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Os três construíram uma vida de cumplicidade.

A rotina deles era confortável.

Julian continuou a fazer terapia e ele e Eduardo levantavam cedo para fazer caminhadas. A vida com o transtorno não era fácil. Às vezes ele tinha recaídas e passava o dia na cama, sem conseguir levantar para tomar banho ou comer, mas Eduardo e Pedro sempre tiveram paciência e nunca o abandonaram.

Preparavam as refeições. Algumas vezes levantavam cedo para ver o sol nascer.

Trocavam carinhos e expressões de afeto, entre os três, dentro dos limites que eram confortáveis a Julian.

Eduardo continuava escrevendo. Quando finalmente vendeu um de seus contos para uma revista na cidade, os três comemoraram com vinho e variedade de queijos. Ele também incentivou Julian na descoberta de suas novas paixões: artesanato e a fotografia.

Ambos, Julian e Eduardo, inspiravam o desejo de viver um ao outro e isso era sagrado. Ninguém poderia tirar isso deles. Se sentiam livres, ao mesmo tempo que sabiam que sempre encontrariam em casa alguém que os amasse e cuidasse.

Passavam os Natais em sua cidade natal, com a nova família da mãe de Eduardo e do irmão de Julian.

Algumas vezes viajavam juntos.

Eduardo tinha Pedro a seu lado, o homem que o amava profundamente e satisfazia as suas necessidades sexuais.

Julian saía quando sentia vontade de conversar com pessoas e beijar, mas preferia ficar em casa lendo ou fazendo crochê.

Quanto a seus pais, o de Julian continuava lutando contra o vício, aos trancos e barrancos. Às vezes os dois conversavam e Julian fazia o possível para ajudá-lo, mas não tinham mais a proximidade de antes. Embora o rapaz se esforçasse para retomar os laços e perdoá-lo por anos de negligência e agressões, a comunicação era dificultosa, como se falassem línguas diferentes.

Por outro lado, entre Eduardo e seu pai não havia mais conexão alguma. O homem deixou de conversar definitivamente com o filho desde que se assumiu gay. Aquilo doía em Eduardo, mas ele sabia que não tinha muito o que fazer. A hipocrisia religiosa de seu pai era enorme.

Na virada do ano de 2023 para 2024, enquanto assistiam o nascer do sol, ouvindo os roncos de Pedro no quarto e riam, as mãos dadas, eles pensavam que a vida era boa.

E realmente era.

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"É engraçado. Nunca conte as coisas pros outros. Se você conta, começa a ficar com saudade de todo mundo."
- O apanhador no campo de centeio (JD Salinger)

O amor tem sabor de amorasOnde histórias criam vida. Descubra agora