Capítulo 32- Aceitação

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"Você já me conquistou, independentemente da minha vontade
Não se assuste se eu me apaixonar da cabeça aos pés
E não fique surpreso se eu te amar por tudo que você é
Eu não pude evitar, é tudo culpa sua"
-Head over feet (Alanis Morissette)

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Eduardo acordou com Julian sentado na cadeira de seu quarto, tomando um café. Eram 8 horas de 25 de dezembro de 2003.

"Dormiu bem, meu menino?"

"Uhum"

"E você... quer conversar?"

"Sobre o quê?"

Deu de ombros.

"Você sabe!"

Silêncio.

"Ah, eu não sei, Julian. Não sei se tem algo pra falar"

"Ontem parecia que você tinha"

"Não, eu só...", suspirou, "olha, esquece, tá? Não foi proposital. Acho que foi só porque eu tava trêbado. Você sabe, a gente faz merda quando tá bêbado"

"Sim", se limitou a dizer, bebericando o café.

"Não fala pra ninguém, tá? Por favor"

"Eu não vou..."

"Por favor", implorou.

"Eu não vou contar, Eduardo, fica tranquilo"

Ele levantou e sentou na beirada da cama.

"Eu vou te perguntar uma coisa, mas se não quiser responder, não precisa, tá?"

"Tá bom"

"Você gosta de mim?"

Eduardo abriu a boca mas fechou logo em seguida. Engoliu em seco. Uma lágrima escorreu por sua bochecha, a qual Julian prontamente limpou com o polegar.

"Eu...", abriu a boca mais de uma vez para falar, mas parecia lutar com as palavras, "eu... eu sempre amei você, Julian. Sempre. Desde que a gente era criança. Acho que sempre vou te amar. Amo a forma como você cuida de mim e amo cuidar de você. Amo seus dentinhos separados e suas orelhas grandes."

"Edu...", interrompeu, aproximando sua mão do ombro do amigo, que rapidamente se esquivou.

"Que merda, não me toca, deixa eu terminar, porra", disse, a voz chorosa, "Amo seu jeitinho desajeitado. Amo como você me faz sentir bem. Amo o jeito que me olha, como se eu fosse a joia mais preciosa do mundo. Sinto que sou uma pessoa melhor ao seu lado. Você me ensinou que o amor é possível. Sou completamente apaixonado por você, cada pequena parte sua, cada célula. Quero formar uma família contigo e seria uma honra pra mim te chamar de marido. Por favor, não fique bravo. Me dá uma chance. Prometo que te faço feliz"

Julian suspirou após a torrente de palavras despejadas por cima de si. Soaram trêmulas, da forma que só os sentimentos reprimidos por um longo tempo permitem. Depositou a xícara de café em cima da cômoda.

Não sabia ao certo como responder. Nunca havia recebido uma declaração de amor e se achava indigno de uma.

Amava Eduardo. Morreria por ele. Amava trocar carinhos e expressões de afeto. Uma parte de si questionou o que faria se correspondesse, aquela pequena parte desejou poder corresponder, detestava entristecer outras pessoas, mas sabia que não seria ele. Era triste quebrar corações, mas aquela era a sua verdade. Não sentia prazer no amor romântico ou sexual.

Tinha sentimentos intensos por Eduardo. Um amor, de fato, isso ele sabia. Só não da maneira que seu amigo gostaria. Era o que Julian poderia oferecer de si e fazia aquilo com toda a pujança de seu ser.

O amor tem sabor de amorasOnde histórias criam vida. Descubra agora