⚠️ AVISO: O seguinte capítulo contém cenas que podem ser gatilho para quem sofre de transtornos psicológicos, especialmente o TOC ⚠️
"Só não me pergunte como eu estou
Só não me pergunte como eu estou
Só não me pergunte como eu estou"
- Luka (Suzanne Vega)🍇🍇🍇
O ano era 2001.
Julian tinha acabado de fazer 17 anos no dia 12 de abril, mas parecia ter muito mais. Sentia que não se encaixava mais na escola. Passou uma semana sem ir às aulas.
Não demorou para que Eduardo batesse em sua porta.
"Por que você faltou da escola a semana inteira?"
"Ah, eu não vou mais não, cara. Vou abandonar"
"Como assim? De jeito nenhum"
"Eu não consigo mais estudar. Não consigo prestar atenção"
"Se você quiser, eu ajudo. Eu venho aqui todos os dias e te explico a matéria. Mas você não vai abandonar a escola. Se você fizer isso, eu vou abandonar também"
Julian se alarmou.
"Não fala isso nem de brincadeira. O nosso país não pode perder o melhor futuro professor de literatura"
"Então, me prometa que vai voltar a estudar", disse, estendendo o dedo mindinho.
Suspirou
"Tá bom", respondeu, envolvendo seu dedinho no de Eduardo, "eu vou voltar pra escola."
🍇🍇🍇
Não podia respirar.
Não que algo obstruísse suas narinas, elas apenas não o atendiam.
Deitou-se na cama, tentando tirar a mente dos pensamentos obsessivos.
Não importava o que fizesse, sua mente sempre girava e voltava para os mesmos pensamentos.
A cabeça latejava.
O peito apertava, como se um enorme peso estivesse ali.
Sua respiração, ofegante.
Julian olhou para as mãos trêmulas.
1,2...
Sentia-se cansado. Esgotado. Sempre repetindo os mesmos números, as mesmas palavras.
Não tinha vontade de chorar, apenas gritar. Extravasar aqueles sentimentos para longe de si, o impedindo de se concentrar em qualquer outra coisa. De realizar suas atividades.
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O amor tem sabor de amoras
General FictionJulian perdeu a mãe e sente que já não é mais o mesmo. Sua sanidade se esvai enquanto conta números incessantemente. Para manter um pouco de si, se segura em seu melhor amigo, o garoto de grandes olhos castanhos. Eduardo sente algo diferente quando...