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Thiago/TH

Só para eu deixar claro pra geral aqui: Se isso for um sonho, eu descarrego meu pente no filho da puta que me acordar!

Cecília se mexe um pouco quando eu a aperto ainda mais contra mim.

São 7 horas da manhã e eu estou acordado desde as 4 só observando ela dormir.

Até desliguei o celular dela quando começou a tocar as 4:30 da manhã.

Fico pensando aqui comigo em tudo o que vivi e senti pela Manuela durante o tempo em que fiquei com ela. No começo me aproximei pela vingança idiota pelo meu pai, queria atingir o Grego. Só não esperava que a Manuela fosse me salvar de toda aquela maluquice. Matei o cara que me criou porque ele encostou nela, e não me arrependo disso de forma alguma, eu queria até ressuscitar o Vitor só para poder matar ele outra vez.

As coisas com a Cecília são diferentes do que era com a Manuela. Tudo é fácil, verdadeiro e tudo é tão claro entre nós dois.

Eu só consigo pensar nela o tempo todo, até quando eu não quero ela está nos meus pensamentos, dos mais simples aos mais perversos, sempre na minha mente.

É até estranho pensar que ela entrou na minha mente antes mesmo do primeiro beijo, do primeiro toque.

Sei que ela pensa que agora vou sair da vida dela porque consegui o que queria.

Tão inocente da parte dela...

Alguém avisa?

Se ela soubesse que eu estou ainda mais obcecado por ela agora que finalmente transamos.

Vejo o exato momento em que a Cachinhos abre os olhos quando acorda.

Cecília: Tu está fazendo de novo.

Diz com a voz rouca de quem acabou de acordar.

TH: Fazendo o que?

Cecília: Me olhando com aquela cara de psicopata maluco.

TH: É o meu jeitinho.

Ela solta um riso fraco e nega com a cabeça enquanto olha para a janela e vê que já é dia.

Cecília: Que horas são?

TH: Sete e meia da manhã.

Cecília: Que droga! Estou atrasada.

Pula da cama e corre até o banheiro.

TH: Atrasada pra quê?

Cecília: Eu tenho uma entrevista de emprego no asfalto as nove em ponto. Droga! Não vai dar tempo de chegar lá.

TH: Entrevista? É isso que tu anda fazendo fora do morro nos últimos dias? Procurando emprego?

Fico observando ela vestir as roupas dela apressadamente.

Cecília: Claro. Achou que eu estava fazendo o que saindo de madrugada e voltando tarde da noite?

TH: Sei lá... Porque tu não procura emprego aqui no morro mesmo?

Cecília: Ninguém quer me contratar por aqui.

TH: Porque isso?

Cecília: Porque...- ela para de falar imediatamente.- Por nada, deixa pra lá. Eu estou atrasada e preciso passar na minha casa para tomar um banho e tentar correr contra o tempo para chegar nessa entrevista.

TH: Porque ta procurando emprego?

Cecília: Não posso ficar sem pagar o aluguel, e preciso comer também.

TH: Eu posso...

Cecília: Não.

Me interrompe.

TH: Tu nem sabe o que eu iria falar.

Cecília: Nem preciso ouvir a frase inteira. Não precisa se preocupar comigo eu me viro.

TH: Sou o dono do morro e tenho dinheiro de sobra pra fazer qualquer coisa. Não vejo problema em te ajudar.

Cecília: Não quero te dever nada.

TH: Não vai ficar me devendo nada.

Cecília: Eu posso me virar.

TH: Tu é chata. Que mal tem receber ajuda? Me preocupo contigo, tu sabe disso.

Cecília: Eu prefiro não misturar as coisas. Gosto de você- Abro um sorriso enorme.- mas, não dá pra misturar as coisas.

TH: Gosta de mim?

Cecília: Tu é todo estranho mas, sabe ser legal. É um bom amigo eu acho.

E o balde de água fria veio com tudo.

TH: Eu peço para alguém te levar na tal entrevista.

Tento não demonstrar minha frustração com as palavras dela.

Cecília: Tu faria isso?

TH: Claro pô. Fui eu quem desligou teu celular e não te acordei, sou o responsável por tu estar atrasada.

Cecília: Nem sei como te agradecer por isso.

TH: Eu tenho algumas ideias...

Cecília: Nem começa com a palhaçada.

TH: Eu só iria te dar algumas ideias de coisas que eu gosto pô. Sei lá talvez tu pudesse ficar mais tempo por aqui em casa.

Cachinhos me olha de uma forma estranha e fica em silêncio do nada.

TH: Falei alguma coisa errada?

Cecília: Não, não foi isso.

TH: Então o que foi?

Cecília: Nada... Eu estou mesmo muito atrasada, preciso ir.

TH: Eu só não te levo porque meu nome tá sujo e se tiver blitz eu caio na hora. Não quero ter que fazer tu passar por visitas num presídio.

Cecília: Como se eu fosse ir.

TH: Tu não iria me ver na cadeia caso eu rodasse?

Chego perto dela e a abraço pela cintura encarando os olhos castanhos brilhantes que ela tem.

Cecília: Tu não vai cair. Vai continuar aqui no seu lugar. Para de falar bobeira garoto.

Mesmo tentando esconder, Cecília demonstra tudo o que sente pelos olhos dela, é como se eu a enxergasse lá no fundo.

E o que ela demostra agora com a hipótese de eu ser preso é o medo.

TH: Tem medo de eu ser preso?

Cecília: Como eu disse , eu gosto de você. Então vamos parar de falar sobre tu ser preso. Tu tem muita gente pra incomodar aqui, não dá para fazer isso da cadeia.

Levo meus lábios até os dela e inicio um beijo lento, que logo vai se transformando em algo mais cheio de malícia.

Após algum tempo encerramos nossa quase pegação comigo dando alguns selinhos leves naquela boca gostosa que Cecília tem.

Nossos olhares se encontram enquanto eu acaricio o rosto bonito da menina a minha frente. E um sussurro escapa dos meus lábios.

TH: Gosto de tu também Cachinhos.

Gosto muito.

Recomeço Onde histórias criam vida. Descubra agora