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Cristina

Cristina: Como assim ele não precisa mais de mim?

VP: TH tem coisa melhor no cardápio dele, tu tá ligada nessa porra e não é de hoje.

Cristina: Cecília e ele ainda estão juntos?

Abro os olhos espantada.

VP: O que tu acha?

Mas que porra!

Soares me garantiu que TH iria ficar longe daquela vagabunda da minha irmã.

Cristina: Tu tem que me ajudar a separar aqueles dois VP.

VP: Tá maluca, vagabunda?

Cristina: Tu é apaixonado pela sonsa da Cecília que eu sei... Aí.

Sou interrompida pelo homem que gruda as mãos com força em volta do meu pescoço.

Os olhos vermelhos dele encontram os meus e ele começa a falar.

VP: Tu se liga nas ideias erradas que tu solta pela porra da tua boca, sua vadia do caralho. Pra eu te mandar direto pro colo do capeta é muito fácil, então não me testa, vagabunda.

A pressão no meu pescoço aumenta e eu

Cristina: Eu... Me desculpa, não falei sério.

Falo com dificuldade por estar ficando sem ar.

VP: Acho bom tu não fazer nenhuma merda, vou ficar de olho em tu a partir de agora. Se tu vacilar eu mesmo acabo contigo e, acredite em mim Cristina, eu vou gostar de fazer isso.

Com a outra mão ele da dois tapinhas no meu rosto antes de soltar meu pescoço.

Quase caio para trás e começo a tossir desesperadamente quando o ar começa a voltar para meus pulmões.

VP sai me deixando sozinha ali.

Filho da puta.

Otário pra caralho, outro idiota que caiu nos encantos da sonsa da Cecília.

O que aquela vadia tem de tão especial para sempre ganhar a atenção que deveria ser minha?

Desde sempre foi assim, desde crianças toda a atenção sempre foi dela.

Na escola, na rua, todos só queriam saber da desgraçada da Cecília.

Ela sempre foi a melhor aluna, a mais bonita, a mais amada.

E só as sobras dela ficavam para mim.

Quando eu tinha 8 anos comecei a gostar de um garoto que estudava comigo, foi meu primeiro "amor". E quando fui dizer isso a ele, o garoto disse que ele gostava era da minha irmã.

Que Cecília era linda e amável.

Foi ali, bem naquele momento, que eu comecei a odiar minha irmã.

Ela sempre roubou tudo de mim.

E eu jurei a mim mesma que ela um dia pagaria caro por isso.

Minha mãe sempre fez de tudo por mim, sempre fez todas as minhas vontades sem hesitar. Nesse ponto eu me sentia satisfeita, porque pelo menos dentro de casa quem ficava com as sobras não era eu, e sim a minha irmã.

Eu sempre dei meu jeitinho para que minha mãe descontasse na Cecília o ódio que eu sentia por ela, e eu confesso que a cada surra, a cada tapa que minha dava nela eu vibrava de euforia, por ver aquela desgraçada sofrendo sem poder se defender.

Meu pai nunca interviu no modo como tratávamos a caçula. E isso foi como uma bandeira branca para que, minha mãe e eu pudéssemos fazer aquela vida miserável da Cecília ainda mais infeliz.

Cada lágrima que eu a via derramar alimentava ainda mais a minha satisfação em vê-la sofrer.

Quando me envolvi com TH,me lembro de ter pensado: " Pronto, finalmente eu tenho algo que aquela sonsa nunca teve e nunca terá." Eu estava em fim realizada.

Mas aí quando ela entrou naquela sala e ele colocou os olhos nela ela ganhou novamente toda atenção que era minha.

Ela ganha toda atenção ganha todo o amor sem se esforçar, como eu me esforço a vida toda, ela simplesmente aparece e tudo vai para ela.

Ajudei o tal Soares a prender o TH passei algumas informações para ele sobre a mulher do chefe é claro que ele usou isso contra o TH.

Pensei que finalmente conseguiria separar os dois, e por um momento eu até achei que tinha conseguido.

Um dos vapores veio atrás de mim dizendo que o TH queria que eu fosse visitá-lo na cadeia, eu fiquei tão feliz porque achei que finalmente ele seria meu e a Cecília seria apenas mais uma Zé ninguém que passou pela vida dele.

Mas eu não sei como aquela vadia conseguiu novamente sair vitoriosa e com o que é meu.

Sai daquele beco nojento onde VP me deixou e vou em direção a minha casa, no caminho vejo ninguém menos ninguém mais do que a própria Cecília conversando com alguns vapores que a chamam de "Patroa da Rocinha."

Ela não me vê, pois está ocupada sorrindo como se esse título realmente fosse dela.

Meu sangue ferve ainda mais pelo ódio que consome todo o meu ser cada vez que eu tenho que olhar para a cara de felicidade dela, enquanto eu fico longe dos holofotes.

Acabo dando de cara com a tal Bianca, que é amiguinha da Cecília, acontece que nos últimos dias eu tenho observado a vida da minha irmã com mais atenção ainda, e já não aparece mais que as duas são tão amigas assim.

Cristina: Está olhando o que?

Pergunto como quem não quer nada e a garota me olha de lado. Está encostada na parede com os braços cruzados observando a mesma cena que eu da Cecília rodeada como se fosse uma celebridade na comunidade.

Bianca: Parece que a Rocinha tem uma nova primeira dama de verdade mesmo, não é?

As palavras dela saem com um sentimento que eu conheço bem, a inveja.

Acabo dando risada ao perceber que compartilhamos o mesmo sentimento em relação a Cecília.

Cristina: Seria bom se alguém fizesse algo para mudar isso. Não seria?

Bianca me encara e sorri pra mim.

Acho que posso ter achado uma nova aliada.



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