Thiago/ TH
Cecília: Acho que a gente devia acabar com isso que nós temos.
Fala do nada e eu a olho incrédulo.
TH: Que porra é essa?
Cecília: Tu claramente quer ser pai. E eu... Eu...
TH: Tu não quer ser mãe?
Estava na minha cara, eu sei.
Cecília: Nunca falamos sobre isso.
TH: Falamos disso agora, sem problemas.
Cecília: Thiago...
TH: Tu quer terminar comigo porque não quer ser mãe e acha que eu não aguento conviver com tua decisão?
Cecília: Eu vi como tu ficou triste por esse teste ter dado negativo... Tu quer ser pai.
TH: É claro que eu quero pô. Quero ter a família que eu nunca tive, quero acordar com a mulher que eu amo todos os dias e tomar café da manhã em uma mesa rodeada de crianças tipo essas cenas que a gente só vê em comerciais de TV.
Cecília: Eu não posso ser mãe, eu não posso trazer pra esse mundo uma criança para passar o que eu passei...
TH: Deixa eu ver se eu entendi direito. Tu não quer ser mãe porque acha que vai ser uma mãe de merda como a mãe que tu teve?
Cecília: Tu me entenderia se soubesse o que passei a vida toda.
TH: Minha mãe era uma filha da puta do caralho que vivia levando um homem diferente pra dentro de casa todo dia. Ela deixava eles fazerem o que quisessem comigo, eu só tinha quatro anos quando as agressões fisicas começaram, vivi naquele inferno por quatro anos. Meu pai era um traficante e me mandou morar com meus tios. Eu tive uma infância de merda também Cecília, e nem por isso acho que vou ser um pai ruim.
Cecília: Eu não sabia sobre sua mãe, sinto muito.
TH: Não tinha como tu adivinhar. Eu não falo da Jaqueline com ninguém. Mas, e aí? Tu acha que eu vou ser um pai ruim?
Cecília: Claro que não.
TH: Então porque tu acha que vai ser uma mãe ruim?
Cara, não consigo entender.
Cecília: Eu não posso lidar com isso, me desculpa.
Tento me controlar e respiro fundo algumas vezes.
TH: Tu não vai terminar comigo.
Cecília: A gente tem uma visão diferente do futuro, eu...
A interrompo.
TH: Visão diferente porra nenhuma. Vai dormir que amanhã é outro dia.
Cecília: Tu não está me escutando.