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Thiago/ TH

TH: Cara, eu sei que...

Não termino de falar porque o primeiro soco no rosto me atinge com força.

Mal tenho tempo de entender o que rolou quando sou atingido do outro lado do rosto com impacto ainda maior.

Porra!

Essa merda dói.

Corvo: Eu vou matar você, seu filho da puta!

Logo ele vem com tudo pra cima de mim e eu caio no chão e recebo cada soco e chute sem reagir.

Eu mereço isso.

Ouço a voz do JG e logo Corvo e arrancado de cima de mim e o levando para fora da sala.

Coringa, que estava desde ontem aqui, me ajuda a levantar e a me sentar na cadeira.

Coringa: Porra! Eu até tinha me esquecido de como Marcos é bom quando ele quer ser ruim. Fez um estrago no seu rosto.

TH: Eu sei...

Coringa: Porque não reagiu? Tu é bom de briga desde menor, pô. Apanhar assim de graça e nem tentou se defender?

TH: Eu merecia a surra... Não protegi Cecília e agora ela está com um maluco em algum lugar por aí correndo risco de vida.

Coringa: Vamos ir buscar a Cecília. Está tudo pronto. Saímos essa madrugada.

TH: Obrigado por estar me ajudando.

Coringa: Fazemos parte da mesma família Thiago. Grego, Tz, R9, MT, C3, eu, tu e o PH, crescemos juntos . Aprendemos o certo e o errado e nunca soltamos as mãos uns dos outros. Pode não ser uma família muito certa e normal mas, é a família que criamos. E nós fazemos tudo um pelos outros. PH é quem dizia isso.

Pedro Henrique era nosso amigo, nosso irmão. Crescemos juntos no morro do Alemão. Era o tipo de cara que sempre sabia o que fazer e mantia todos nós juntos até mesmo quando estávamos brigados uns com os outros.

Eu vi matarem ele na minha frente já exatos quatro anos atrás... No dia do casamento dele com a Sophia. No dia que ele descobriu que o sonho dele ser pai aconteceria...

TH: Eu queria que ele estivesse aqui...

Coringa: Eu também...

TH: Sinto tanta a falta dele.

Coringa:  Eu também... Porra! Eu sinto pra caralho.

Somos interrompidos quando a porta é aberta pelo JG e o Corvo logo atrás me olhando com raiva nos olhos.

Cecília

Faz algumas horas desde que Soares me deixou aqui trancada.

A dor está cada vez maior.

Eu temo que meu bebê não resista a isso.

Ouvi o barulho de um carro chegar há  algum tempo, o que foi estranho. Já que o local é isolado.

Fico em alerta ao ouvir a tranca da porta ser aberta.

Eu esperava ver o rosto do infeliz do Soares.

Mas me surpreendi como nunca ao ver quem cruzou a porta.

Cecília: Mãe? O que está fazendo aqui?

Soraia: Vim ver com meus próprios olhos se você terá o que merece e, finalmente, sair do caminho da minha filha.

Suas palavras soam ásperas e amargas.

O que eu não consigo entender.

Cecília: Então o que o policial lá em baixo disse é verdade? Tu não é minha mãe biológica?

Soraia: Claro que não! Minha filha sempre foi e será somente a minha Cristina. Você foi um fardo que eu tive que carregar por culpa do idiota do Carlos.

Mesmo depois de tudo eu ainda me sinto mal com o desprezo dela.

Mas agora, tudo faz sentido na minha cabeça.

Todas as vezes que ela me bateu, me humilhou, desprezou.

Soraia: Eu tinha um casamento feliz. Um casamento respeitável, Carlos estava começando a servir na igreja quando descobrimos que eu estava grávida. Depois de nove meses minha linda Cristina nasceu e, eu tinha tudo. O marido maravilhoso e a filha perfeita... Mas, aí a Emily apareceu.

Cecília: Você sabia dela? Sabia que meu pai estava tendo um caso com ela?

Soraia: Claro que eu sabia, toda mulher sabe quando está sendo traída e, comigo não foi diferente. Eu notei a mudança de comportamento do Carlos em casa, e em um dia eu o segui até a igreja sem que ele notasse. E foi lá que eu vi aquela vadia ladra de maridos pela primeira vez. Naquele momento eu perdi meu céu e só me sobrou o inferno. Escutei eles conversando e jurando amor entre eles para o resto da vida, ouvi aquela puta dizer que estava grávida... grávida de um filho do meu Carlos. Naquele momento pensei em gritar e ir para cima deles com tudo mas, eu nem sei como aguentei ouvir tudo calada. E foi aí que eles tiveram a ideia de fugirem juntos e deixar tudo para trás. O meu marido iria me deixar para fugir com outra mulher e começar uma vida nova ao lado dela e do filho que ela esperava. Eu voltei para casa e tentei agir normalmente como se eu não soubesse de nada, eu bolei um plano todo e o coloquei em prática no mesmo instante. Todos sabiam que Emily era esposa de um policial perigoso, e que o marido não a deixava sair de casa por nada, porque ele era possessivo ao extremo em relação a esposa. Na conversa na igreja Emily e Carlos combinaram de fugirem na semana seguinte, eu sabia o dia exato.

Cecília: O que você fez?

Soraia: Fui atrás do Roberto, e contei toda a verdade pra ele. Não precisou de muito para convencê-lo de que a esposa o traia. Ele sempre foi paranóico e obsessivo em relação aquela mulher. Eu voltei para o meu marido e minha filha e, deixei que o destino tirasse a Emily do meu caminho. E deu certo, no dia da fuga Carlos deu uma desculpa esfarrapada que iria para algum tipo de retiro da igreja e que precisava levar uma mala com roupas, tudo para que eu não desconfiasse que ele estava me abandonando com a filha dele. No dia seguinte ele voltou dizendo que o retiro tinha sido cancelado. Mas eu sabia a verdade, sabia que Soares tinha sumido com a Emily, que a mulher que o meu marido amava nunca mais voltaria para rouba-lo de mim. Eu vivo feliz por mais alguns meses com a minha família, eu sabia que o coração de Carlos estava despedaçado porque ele acreditou que Emily tinha o abandonado antes. Mesmo assim eu fiz de tudo para que ele esquecesse do assunto, e eu consegui por algum tempo... Até o dia que você apareceu.

Ela me encara com nojo, seus olhos transmitindo todo o ódio e desprezo que ela sempre demonstrou ter por mim, só que agora muito mais evidente.



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