Cap 22

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     Sammantha estava prestes a chorar enquanto se debatia, quando vê quem estava ali com ela.
     -Você bebeu um pouco demais, não acha? –Ele perguntou olhando-a nos olhos, enquanto com uma mão segurava sua cintura e a outra colocava uma mecha dos cabelos ruivos atrás da orelha.
      -Eu acho que sim, não sei responder. –A ruiva sussurrou baixando o rosto.
     -Olha para mim. –O loiro levantou o rosto dela suavemente. –Você estava dançando de um jeito que ia te colocar em maus lençóis se você  continuasse. –O rosto dele demonstrava seriedade.
      -Você não bebeu? –Perguntou sem desviar os olhos dele, e que olhos pensou ela.
     -Não muito. Eu não podia deixar que algo acontecesse com você. –Falou enquanto fazia carinho no rosto dela com as costas da mão.
      -A claro, por isso estava ocupado com aquela ruiva genérica, não é? -Sammantha  claramente não tinha mais filtro do que falava.
     -Então... a ruiva que eu estava querendo parecia muito ocupada em seu próprio mundo... Logo eu peguei a genérica mesmo. -Draco ria com a descrição dela da outra garota e também com o ciúmes dela.
     -Porque raios me tirou de lá então? Eu estava me divertindo. -Rosnou irritada, e ao mesmo tempo letárgica.
      -Se algo fugisse ao controle e você se machucasse eu jamais me perdoaria. Então antes que acontecesse eu tirei você de lá. -Explicoi com a voz rouca,  seu rosto muito serio se desmanchou ao vela sorrir.
Malfoy abriu um sorriso de lado e começou a aproximar o rosto do dela.
       -Você é mesmo um idiota. –Resmungou ela ao sentir o hálito mentolado dele. Os lábios se rossavam ao pronunciar as palavras.
       -Você gosta assim! –Sussurrou nos lábios dela antes de enfim uni-los aos seus.
      O beijo iniciou suave, mas o coração de Sammantha disparou, e saltava no peito que parecia que chegaria ba boca. O sangue virou fogo líquido em suas veias, e um frenesi tomou conta de seu corpo, já sem muito controle devidoao álcool.
     A cada toque dos lábios dele sobre os dela o corpo dela reagia e pedia mais. As línguas duelavam e se acariciavam, enquanto o cerebro dela parecia ter derretido em um oceano de sensações.
     Sentindo a resposta do corpo da ruiva, Malfoy colou o seu corpo ao dela, a pressionando contra a parede. As mãos dela então seguraram o rosto dele, mas serpentearam e acabaram nos cabelos do loiro, puxando-o mais para ela.
     Eles só interromperam o beijo quando o ar já faltava a um tempo, mesmo assim ele ficou com a testa colada na dela ofegante.
      -Você está em condições de ir andando para a comunal? –Perguntou ele ainda arquejante.
      -Acho que sim. –Sussurou perdida ainda sem fôlego, não desviando dos olhos dele como que hipnotizada.
       -Então vem. –Ele segurou a mao dela e a tirou de perto da parede, mas ao descolar-se da parede ela quase caiu, por isso ele a pegou em seus braços.
       -Eu sou pesada demais. –Sammantha resmungava tentando voltar para o chão, sem sucesso.
        -Você é uma pluma lindo, não se preocupe com isso. –Deu um beijinho na ponta do nariz dela que franziu o rosto e a levou para longe da festa.
      Foi andando rapidamente para que ninguém os pegasse. Quando ouviu passos entrou no armário de vassouras e aguardou até nada mais ser ouvido.
       -Ainda está comigo? -Sussurrou perto do ouvido dela a fazendo arrepiar-se.
        -Sim, mas estou me sentindo tonta. -Parecia falar outra língua de tão bêbada que estava.
       Malfoy os colocou em movimento novamente até estarem no dormitório. O loiro sentou em sua cama  enquanto sumia dentro do banheiro, não demorou muito, quando voltou ela quase dormia.
       -Preparei a banheira para você, não achei que conseguiria ficar de pé para uma ducha. -Sorriu ao ver a  careta dela com a menção a ter de tomar banho.
      O loiro se ajoelhou aos pés dela e retirou cuidadosamente o salto dela, depois a pegou em seus braços.
        -Eu só quero dormir. -Resmungou ela se jogando de costas para tentar cair de volta na cama.
        -Mas não vai. Vou te colocar sentada na banheira. Você tira sua roupa e toma seu banho. -Falou muito serio fixando seus olhos aos dela, como que hipnotizado. Mas a ruiva estava muito tonta e mal conseguia manter os olhos abertos.
       Sem dar tempo a ela, e percebendo que a mesma não conseguia manter-se de pé, ele a levou em seu colo até o banheiro, a colocando no chão com suavidade, soltando-a aos poucos.
      -Me ajuda. -Ela sussurrou segurando-se firme nos braços dele, quando sentiu que ele ia solta-la. Com a vista completamente borrada, ela nao conseguia nem mesmo ficar de pé sozinha, quem dirá tirar a roupa e andar até a banheira.
      Completamente sem reação o loiro a segurava firme pela cintura mantendo-a de pé. Olhando para ela quase como se ela fosse uma peça rara e caríssima. Sorrindo com essa ideia ela falou.
      -Eu sei que sou linda, mas ao menos me ajuda a tirar a roupa?
       -Como? -Malfoy ficou em choque com as palavras dela, que completamente fora do seu habitual soltou uma gargalhada.
       -Garoto tem piscina na sua casa. A visão não vai ser diferente do que você já viu no biquíni. -Continuava rindo enquanto ele ficava nervoso.
       -Mas é que você... não... gosta de toque. -Estava perdido com as falas dela não conseguindo fazer nada.
        -Draco, eu não estou nem mesmo enxergando, mal consigo ficar de pé de tão tonta. Não faço nem ideia de como está conseguindo me entender... Se você realmente quer que eu tome um banho, preciso de ajuda. -Sammantha falou muito séria e completamente enrolado.
       -Está bem. Vou tirar esses teus itens delicados e depois abro seu vestido. -Informou antes de tirar brincos, depois o colar, a pulseira e os anéis que ela usava e colocar na bandeja que ela deixava alguns itens de beleza no banheiro.
       Muito lentamente então o loiro abriu o vestido dela nas costas tocando na pele delicada algumas vezes por acidente. Quando soltou o vestido caiu farfalhando pelo corpo da ruiva, como se estivesse acariciando-a.
       -Me coloca na banheira agora. -Sussurrou rouca pela proximidade do corpo dele, o calor se espalhava nela. Olhando aqueles olhos cinzentos sentiu quando ele a pegou nos braços novamente, o corpo dele tremeu levemente como se arrepiasse com o contato.
     Quando chegaram na borda da banheira ele a colocou de pé no centro da banheira e a auxiliou para deslizar para dentro da água quente e perfumada.
      A essência que se espalhava era de sândalo e madeira, as favoritas dela, ele aspirou o perfume e sussurou nervoso.
      -Vou para o quarto, quando estiver pronta me chama. -O corpo dele estava dolorosamente conciente dela.
      Alguns minutos na água quente e ela já começou a se sentir menos tonta. Ficou de olhos fechados absorvendo onde estava e como se sentia.
       -Malfoy pega aquela poção azul escura e me traz aqui. -A voz dela não era mais tão fraca, mas ainda era enrolada.
       -Aqui! Pode beber. -Entregou e ela que bebeu e devolvendo o frasco
      -Obrigada loiro. -Sussurrou escorando-se na banheira e ficando imóvel por algum tempo. Ele fico parado a observando.
     A ruiva ainda não tirará o sutiã e a calcinha de renda preta. E ele observava o corpo dela, delicado, mas ao mesmo tempo roliço. O peito relativamente grande para a proporção do quadril arredondado, fazendo com que as curvas fossem suaves, mas pronunciadas ao mesmo tempo.
      -Já admirou o suficiente? Eu pretendo tirar a lingerie molhada agora. -A voz dela o encontrou divertida, e o tirou do torpor que se encontrava.
       -Eu já... se precisar... chame... -Saiu quase correndo e ela riu se divertindo com esse Malfoy atrapalhado.
       Terminou de tirar a roupa e se manteve na água por mais algum tempo até não sentir-se tão tonta.  Então abriu os olhos, a ressaca seria terrível, mas não via mais nada embaralhado.
       Levantou-se e enrolou-se na toalha felpuda que ele deixara no suporte ao lado da banheira. Depois de seca colocou uma camisola de emergência que deixava na gaveta do banheiro e voltou ao quarto.
        -Era pra ter chamado, eu buscava você. -Resmungou assim que a viu meio trôpega saindo do banheiro.
      -Hum, eu não sabia loirinho. -Respondeu aceitando que ele passasse o braço pela cintura delane a trouxesse a seus braços novamente.
      -Quer dormir na minha cama ou na sua? –Fez a pergunta perto do ouvido dela.
       -Porque eu dormiria na sua cama, Draco? -A voz dela era divertida.
      -Está mais próxima. -Sussurrou próximo demais sentindo o cheiro que deixava da pele dela, e fazendo-a arrepiar combo halito frio.
       -Pode ser então. -Aquiesceu e ele a colocou-a na cama sentada.
       Malfoy puxou as cobertas e a auxiliou a deitar-se em seguida tapando-a. Deitou-se ao lado dela, que continuou de costas para ele.
      -Obrigada por cuidar de mim, e desculpe, sou muito chata de ressaca. -Sammantha soltou uma risada sem graça.
       -Boa noite foguinho. -Sussurrou antes de fechar os olhos.
       -Boa noite oxigenado. -Respondeu e ele sorriu.
       Provavelmente na manha seguinte ela surtasse reclamasse, xingasse e afins, mas nesse momento embriagada no perfume dele ela adormeceu sentindo-se mais segura do que nunca antes.
      Na manhã seguinte a ruiva acordou com uma dor de cabeça que não lembrava já ter sentido antes. Porém curiosamente sentiu alguém afagar seus cabelos suavemente.
     Inspirou vagarosamente e reconhece o cheiro dele. Alguns flashes bagunçados invadiram a mente dela. Imagens dela bebendo muito e dançando no balcão... A não.... Então imagens daquele beijo invadiram a mente dela, e a fizeram sentir quase a mesma emoção novamente, hum que beijo bom.
      Lembrou-se do banho e queimou de vergonha. Recordou então que deitou para dormir com o Malfoy, e agora estava sobre o peito dele ouvindo suavemente seu coração e sentidoseu cheiro.
      -Droga, eu não deveria estar aqui. -Reclamou sentando-se na cama.
     -Bom dia princesa. -Malfoy sussurrou imaginando que ela estaria com dor de cabeça.
      -Péssimo dia! Porque eu fui beber tanto? Parece que tem um circo na minha cabeça. -Reclamou irritada com a dor.
      -Aqui. Peguei aquela mesma poção que me deu certo dia. -Ele estendeu o frasco e ela bebeu sem nem ao menos verificar se era a certa.
      -Agradeço.  -Respondeu abrindo levemente os olhos e se afastando dele.
      -Que foi? Eu só cuidei de você, pode ficar aqui. -Malfoy se apressou para que ela não se levantasse rápido.
       -Eu sei que apenas cuidou de mim e agradeço. Mas não é sua obrigação cuidar de mim. -Mais uma vez ela tentou sair da cama, mas ele a segurou.
       -Eu QUERO cuidar de você.  -Foi sincero com ela, o que a pega de surpresa.
       -Porque? -Abriu os olhos para analisar os dele.
       -Eu acho que poderiamos ser amigos. -Surpreendeu-a com as palavras.
      -VOCÊ quer ser MEU amigo? -Repetiu para ver se entrava na cabeça dela.
      -Isso! Quero ser alguém em quem você confia, que cuida de você e te dá apoio. Mas também alguém com quem você implica de uma forma saudável. -Malfoy argumentou de forma convincente.
      -Podemos fazer um período de experiência. Mas ele só começa a valar depois que minha cabeça não quiser mais me matar. -Sammntha respondeu se deixando cair no travesseiro novamente.
     -Dorme mais um pouco. Mais tarde eu te acordo para comer algo. -Ele ofereceu e El o olhou de com os olhos franzidos nao muito crente nele. Mas acabou por assentir.
     Em cerca de alguns segundos ela já está novamente adormecida e ele a observava animado. Seria sua chance de mostrar que ele poderia ser melhor do que sempre foi.
     Malfoy ficou a observando por muito tempo. Depois levantou-se e tomou um banho quente, colocou uma roupa confortável e saía do closet quando Mattheo entravabno quarto.
     -E aí albino. -Mattheo zoou o outro assim que o viu.
      -Bom dia Riddle. A noite foi boa? -Draco deu um sorriso malicioso e o outro desviou o olhar.
      -Digamos que foi muito melhor do que eu imaginava que poderia ser. -Riu sentando-se na cama de Sammantha.
      -Ela já acordou, reclamou e voltou a dormir.  -Malfoy respondeu a pergunta muda do moreno.
      -Vocês? Rolou algo? Ela está na sua cama. -Mattheo sentiu-se no direito de questionar.
       -Eu a beijei ontem na festa, mas nada mais. Apenas cuidei dela como me pediu. Hoje eu falei em sermos amigos, ela não confiou muito. -O loiro desabafou e Mattheo riu.
      -Você não esperava que ela ia dizer "nossa você cuidou de mim hoje, vou ser sua amiga". -O moreno era irônico e o loiro revirava os olhos.
      -Não, claro que não esperava, mas isso não quer dizer que eu vá desistir. -Malfoy estava firme em sua decisão e o Riddle gostou da atitude.
      -E agora vai buscar comida para ela? -Perguntou ainda divertido e Malfoy assentiu.
     -Estava indo quando chegou. -Respondeu já se aproximando da porta.
     -Eu fico aqui cuidando dela. -Mattheo respondeu sorrindo.
     Malfoy saiu do quarto indo em direção ao grande salão pegar comida para ambos.
     -Filho da mãe. É coisa tua ele querendo ser meu amigo! Bem que eu achei suspeito. -Sammantha sentou-se na cama e jogou um travesseiro no amigo.
     -Não é nada disso, você interpretou errado. Alias tu não estava dormindo? -Mattheo desviou do travesseiro enquanto ela o olhava irritada.
     -Como não? Eu ouvi ele falando que cuidou de mim como você pediu. Estão me achando com cara de idiota, não é? Pois vão cair os dois da vassoura. Eu ia dar uma chance pro idiota oxigenado, mas ele não quer ser meu amigo coisa alguma, quer ser seu amigo. -Rosnou irritada entrando no closet e colocando uma roupa qualquer.
     -Ao menos está melhor da ressaca? O beijo foi bom? -Riddle a provocou e ouviu o rosnado dela.
     -Corre, porque se estiver aí ainda quando eu voltar eu mato você. -Gritou terminando de pentear os cabelos.
     -Mata nada. Sou seu irmão, o albino que não tem a mesma sorte. -Continuou provocando enquanto ela saia do closet.
     -Estou indo, vou atrás de falar com as meninas ou pegar um ar. -Falou parando na frente de Mattheo.
     -Ele foi buscar comida para vocês. Desde quando é tão ingrata? -O moreno sorria se levantando.
     -Eu não quero nada dele Matt, não pedi comida. -Retrucou irritada pronta para sair.
    -Não aconselho ir atrás das garotas. Daphne ainda deve estar na cama com Nott, acho que a noite foi boa, eles saíram cedo da festa. Katrina está dormindo como um anjo na minha cama. E a Pansy foi levada pelo Zabini para o dormitório deles muito tarde ontem a noite. -Mattheo deu um boletim de como a festa terminou para cada uma.
     -Deixou a Kath com o doente do seu irmão no quarto? -A ruiva perguntou preocupada.
     -Ele não estava lá. Alias ele anda estranho sorrindo para o telefone igual idiota. Conversa com alguem muito misterioso ultimamente. Sabia que sua amiga Katrina achou aquele bicho lindo... É uma maluca mesmo. -Ele sorria divertido e Sammantha  a contragosto acaba sorrindo também.
     -Nada contra o bicho, o problema era seu irmão psicopata me olhando com nojo com a porra de uma serpente no pescoço. -Faz careta e o outro riu ainda mais.
      -Que bom que está melhor Sammantha Trouxe nosso almoço. -Malfoy apareceu com uma travessa de lasanha, suco de abóbora e croissant de maça.
     -Cheiro bom. -A garota não resistiu espiando a comida.
     -Eu vou indo. Se quiser conversar Sam amanhã estarei disponível. Hoje estou de folga. -Avisou e saiu rindo da cara de ódio dela.
     -Eu perdi algo? -Malfoy perguntou olhando a irritação no rosto dela.
     -Vamos almoçar e depois conversamos Malfoy. -Respondeu servindo-se e sentando-se em sua cama.
     Malfoy fez o mesmo e ficou observando-a. Comeram em silêncio e rapidamente. Quando parte para a sobremessa e morde o croissant doce ela faz uma cara de prazer que o faz sorrir involuntariamente.
     -Terminamos o almoço.  -Ele fala assim que faz a louça desaparecer.
     -Sim. Vamos direto ao ponto, porque quer ser meu amigo Malfoy? Nunca se importou comigo e com meu bem estar. Na verdade foi culpado por eu me sentir diversas vezes muito mal. E agora resolve que quer ser meu amigo, qual seu propósito? -A pergunta poderia ofender, mas ele já conhecia o gênio difícil dela.
     -Sammantha acho que eu não preciso te dizer que conheço você minha vida toda. E que o divertido era implicar, porque você retruca. Não tem medo de apontar meus defeitos, que cá entre nós são quase nulos. -Ela mesmo irritada acabou rindo.
     -Vai confiando nessa asneira. -Repondeu ainda rindo.
     -Mas eu nunca deixei você desamparada Black. Quando você me contava algo que aquele infeliz tinha feito, eu sempre pedia a mamãe pra você ficar uns dias lá em casa. Ou as vezes para sairmos você poder comer nos restaurantes, lembra? -Ele tentava faze-la entender.
      -Eu não quero lembrar. Eu sei que por mais que não fossemos amigos você me ajudava, mas isso fazem muitos anos, depois que entramos na escola, você começou a agir diferente. -Ela desviou os olhos para a parede como se sua mente estivesse muito distante.
     -Aquele dia eu não sabia o que estava acontecendo com você. Mas ele ficou te olhando muito no último jantar lá em casa e quando mamãe disse que você estava cada vez mais parecida com a tia Wena mais nova eu fiquei muito preocupado, você ainda era uma menininha, mas ele não a via mais assim. -Malfoy tentou não faze-la reviver tudo, mas ela já está muito longe.
     -O casamento deles sempre foi um grande erro. Uma grande fachada para que mamãe podesse manter minha guarda. Mesmo eu sendo oficialmente uma Black e uma Lestrange a alta sociedade fala muito, e nao deixariam que uma mulher sozinha criasse a filha. Quando meu pai desapareceu todos falavam que a viúva deveria encontrar um novo partido, porque educar e dar limites a uma menina seria difícil demais, ainda mais para aquela Lestrange em especifico, ou ela casava ou a menina seria ainda pior do que ela fora. Então meu avô resolveu que seria uma boa ideia ela casar com o filho mais velho dos Abbott. Claro que ela não queria, mas foi convencida pelo meu avô, eles tinham negócios e vovó ameacou tirar-me dela caso ela nao aceitasse. Sua mãe foi a única pessoa que ajudou a coitada. Tia Cisa até mesmo implorou para que mamãe me desse a ela, me criaria como sua irmã. -O suspiro de Sammantha demonstrava toda a dor e irritação que tudo isso lhe causava.
     -Eu sei, mamãe meio que me contou por cima uma vez. -Ele tentou poupa-la, mas uma vez que ela começou precisava terminar
    -Então ela casou-se, e no começo ele me tratava razoavelmente bem, sempre dando brinquedos caros e luxos para comprar o que eu nunca pude ter. O amor. Tentou me comprar com coisas caras. Mas mamãe sempre me amou muito. Mesmo quando era torturada fisica e psicologicamente. Ela nunca conseguiu se entregar de bom grado a ele, não que fosse feio, mas ela ainda amava meu pai. Então muitas vezes ele a tomava a força, a estuprava, e o pior fazia isso na minha frente, mas eu não entendia nada. -Algumas lágrimas escaparam dos olhos dela fixos em um ponto na parede.
     -Mamãe tentava te fazer ter uma visão mais lúdica quando estava lá em casa, por isso seu quarto na mansão é rosa. -Ele tentava apaziguar um pouco e sentou-se ao lado dela na cama.
    -Eu comecei a crescer seis ou sete anos. Mamãe muitas vezes ficava amarrada, presa em uma gaila, ou outras torturas piores que eunvia e nao podia fazer nada. Effie a elfa da mamãe sofria em não poder ajudar sua senhora. Foi num desses dias que eu peguei comida na cozinha e dei para minha mae que nao comia a muitos dias. Ela comeu um pão velho. Ele percebeu claro, e a partir daquele dia começou a me torturar também! Algumas vezes dizia ser porque eu falava, ou porque eu pedia atenção demais. -Sem condição ela pausou por alguns minutos para readquirir o folego depois de chorar.
     Draco segurou a mão dela, e apertou suavemente transmitindo forças. Ela apertou de volta segurando-se como uma ancora no presente.
      -Ele comecou me deixando sem comer. Então sadicamente desenvolveu o gosto por me bater sempre que chegava do ministério. Me deixava amarrada e amordaçada pior do que um bicho. E quando chegava me batia sem dó. Mas o pior mesmo era quando ele queria infrigir dor psicológica em mim ou na mamãe, então ele usava a maldição da dor ou aquela que outra e fazia eu cortar minha própria mãe com uma adaga. Eu me rolava de dor no chão e sabia que a mamãe estava chorando por mim. Ou ele me fazia cortar meu próprio corpo. Viver naquela casa era um inferno diário. -Agora grossas lágrimas escapavam livremente e o loiro conseguia entender um pouco mais como ela sentia, muitas foram as vezes que seu pai o torturou, mas não foi nem um terço disso.
     -Porque não me falou? Eu faria algo. -Apertou a mão qur segurava firme e limpou as lágrimas do rosto dela suavemente.
     -Como te contar Draco? Eu tinha medo dele. Ele dizia pra não falar para ninguém. -Os olhos dela voltaram-se aos dele e se prenderam lá.
     -Desculpa não ter visto.  -Ele pediu apertando suavemente a mão dela e não desviavando o olhar dela.
     -Não é sua culpa. Ele era bom em esconder-se. Quando eu estava com dez anos você viu como ele me olhava. Eu tinha nojo, e ele dizia que a mamãe não mais o satisfazia porque estava acabada. Sempre falava pra ela que um dia iria me tomar para ele, mas eu pedia a Merlin que me levasse antes que isso acontecesse. Era uma sexta feira a noite.  Tivemos a aula de dança a tarde, então eu tinha passado a tarde com você. Estava radiante que tinha melhrado muito. O jantar na sua casa havia sido muito agradável também, eu cheguei e fui encontrar a mamãe, mas ela estava mais uma vez amarrada na escada amordaçada e cheia de hematomas e lágrimas. Nossa elfa que eu libertei sem ele saber cerro dia estava presa em uma gaiola dentro d’água na cozinha. Não o vi assim que entrei, ele estava escondido nas sombras, quando eu ia ate minha mãe ele veio por traz saindo das sombras e me encurralou. -Os olhos dela se fecharam em dor e Draco a puxou para seus braços.
    -Não precisa falar princesa, sei que ainda dói. -Ele sussurrava, mas ela precisava ir até o fim.
     -Ele... ele... me bateu muito,  muito mesmo, de todas as surras que eu levei aquela foi a pior. Quando então percebeu que eu não tinha mais forças pra lutar ele me lançou a maldição da dor até me deixar encolhida no canto trêmula e desnorteada. Quando me viu assim se aproximou e me deitou no chão, deitou aquele corpo nojento e começou a beijar meu rosto e pescoço. Mesmo fraca o asco fez eu me debater, mas minhas mãos estavam amarradas. Lágrimas inundaram meus olhos fazendo minha visão se borrar. Ele arrancou meu vestido, e apertou meu corpo com aquelas patas imundas. O cheiro de bebida dele me dava nojo. Eu chorava baixinho e pedia por socorro quase sem voz, mas ninguém ali podia ajudar. Eu já estava fraca demais, ele beijava meu corpo e me mordia, eu sentia nojo de mim mesma, eu nem bem corpo tinha. Quando ele estava tentando arrancar minha calcinha para me tocar, eu ouvi sua voz. -Os olhos dela carregavam muita dor e Draco estava preocupado, revirar tudo poderia ser pior.
     -Eu lembro, aquela cena me persegue até hoje, você com as mãos amarradas jogada no chão praticamente nua. As patas dele nos seus seios e calcinha. A raiva me consumiu e eu falei que ou ele te soltava ou eu o matava. -Malfoy lembrou o quão ingênuo fora ao fazer isso.
      -Sim, e ele te olhou e perguntou se você estava atrapalhando porque queria me comer primeiro. Então ele disse que você deveria esperar sua vez, porque primeiro eu seria dele, naquela hora ele arrancou minha calcinha com raiva. -Sammantha mantinha os olhos baixos como se a vergonha a subjugasse.
      -Eu repeti que ou ele te largava naquela hora ouveu o mataria naquele momento e ergui minha varinha pronto para isso. Ele então te levantou no ar e jogou longe. Vindo para cima de mim. Mamãe correu para você e te levantou colocando a capa dela ao seu redor. -Draco tentava amenizar a dor dela falando ele para que não a machucasse tanto.
      -Eu peguei a varinha dela dentro do bolso da capa, e o atingi com a maldição da morte. -Sammantha olhou nos olhos do loiro que limpou o rosto dela.
      -Foi legítima defesa Sammantha, ele ia me matar, um pirralho que ousou desafia-lo. -Malfoy não desviavou os olhos dos dela sequer um minuto.
      -Eu estava com medo, ele tinha me machucado e estava machucando você. Eu precisava fazer algo. Então só deixei a magia fluir através da raiva, e a maldição saiu dos meus lábios, queimando! Juro pra você que eu senti exatamente o momento que ele morreu, porque foi como se minha alma se quebrasse, como se lançar uma maldição imperdoável me marcasse para que sempre eu soubesse o que eu fiz. Mas se engana se pensa que senti tristeza por isso, foi mais uma sensação de poder. -Ela explicou e o olhar dele se modificou um pouco.
      -Você faria novamente? -A voz dele parecia em choque, ela se afastou um pouco com um sorriso de lado e um olhar brilhante respondeu.
     -Para nos salvar novamente? Com toda a certeza. -Os olhos azuis luziam um poder quase apocalíptico e Malfoy resolveu apaziguar.
      -Ele teria me matado se você não fizesse nada. Mas não se esqueça que o ministério logo chegou e você foi a julgamento. A sorte é que papai é muito influente e conseguiu provar que foi legítima defesa. -O loiro a lembrou que houveram consequências.
      -Eu me lembro, não se preocupe. O medo de ir pra prisão me tortura as vezes ainda. Não tanto como o pânico daquele monstro. Tudo que vivi naquela época me destruiu tanto que por muito tempo não havia mais sensações boas nas quais me apegar. -O olhar dela voltou a carregar aquela dor lancinante que o feria ver.
     -Você fez sua própria prisão, Sammantha. Prendeu-se em si mesma! Naquela noite quando fomos para minha casa, lembro-me  que mamãe te consolou por algum tempo e quando você não tinha mais força a levou para tomar um banho. Depois ela te ajudou a deitar em sua cama. -Draco colocou uma mecha de cabelo ruivo indisciplinada de volta no lugar e seus olhos se encontram novamente.
     -Eu estava embaixo das cobertas exausta e morta de vergonha, você veio com uma xicara de chá de Matricaria, me entregou e pediu que eu tomasse tudo. Quando eu acabei colocou a xicara sobre a mesinha de cabeceira e deitou ao meu lado. -Ela continua a se perder naquele poço de prata líquida que são os olhos dele.
      -Te abracei e disse que podia chorar, gritar, ou descansar, que estaria ali para você sempre. Mas no meio da noite eu acordei com você gritando para que eu lhe soltasse, implorando que não a machucasse. -Ela desviou o olhar envergonhada, tivera naquela noite um pesadelo, que se repetiu por tantas e tantas noites.
       -Eu acordei com você abraçado na minha cintura, mas não era você que eu via, não era suas mãos em mim, era aquelas patas, não era seu cheiro que sentia era o de álcool. Eu surtei gritei e chorei. Você então se afastou com as mãos a mostra e eu enfim entendi que não era ele. Enfim eu te vi. -Os olhos dela agora tinham as mesma lágrimas que outrora e da mesma forma ele a consolou.
     -Eu então me aproximei, te abracei e disse que tudo ia ficar bem. Pela manhã fiquei sabendo que mamãe tinha passado a noite no hospital com tia Rowena por isso me deixou cuidando de você. -Os olhos cinzentos mais uma vez procuravam pelos dela.
       -Eu acordei sozinha e envergonhada, então me vesti e desci para o café como a etiqueta pedia, no meio do café seu pai chegou com o restante do ministério e me levaram para lá. Uma semana presa em uma sala do ministério sozinha, com comida uma vez ao dia levada especificamente pelo seu pai. Me senti o monstro da história, como se depois de tudo que ele fez eu ainda fosse a errada. Quando teve aquela audiência e você deu seu depoimento eu te agradeci mentalmente. Mas quando fui solta e inocentada minha vergonha me impedia de agradecer, ou sequer de me aproximar. -Os olhos dela carregavam culpa além da dor e só agora ele conseguia ver.
       -Vocês ficaram lá em casa até a tia se recuperar completamente, foram meses trancada no seu quarto. Sem que nenhuma vez você falasse comigo. E como eu tentei falar com você. Até te chamar para comprar os materiais eu tentei. -Ele sorri lembrando as diversas desculpas que tentou.
      -Em minha defesa eu não sabia que a lista já tinha chego. -Sammantha deixou entrever um sorrisinho.
     -Por isso um dia cansado de não me responder eu deliberadamente provoquei você, e surtiu efeito, você me respondeu a altura. Comecei a te provocar sempre e você começou a voltar a ser a garota altiva e cheia de energia que eu conhecia. Você sempre foi forte Sam, ver você derrotada me destruía junto.  -Os olhos dele brilhavam como prata e ela sentiu seu coração acelerar.
     -Eu não falei mais com você por pura vergonha. Então você começou a implicar e a vergonha se tornou raiva. -Os olhos dela mostravam agora a raiva sentida outrora.
     -Eu fui um idiota, em não perceber quando parar, me perdoa. Eu espero que possa de verdade me aceitar como seu amigo. -Ele estendeu a mão e ela olhau para a mesma.
     -Você está em período de teste, se vacilar eu nunca mais olho na sua cara. -Ela sorri ignorando a mão estendida e o abraçou apertado. -Obrigado por me salvar do inferno. -Sussurou muito baixinho, mas ele ouviu.
      Para quem visse de fora era apenas um abraço, mas para Draco era um novo começo, e para Sammantha era fazer as pazes com seu passado.
      Depois daquela conversa ambos sentiam-se mais leves, como se colocar tudo aquilo para fora os tivesse liberto. Com a nova amizade aproveitaram para conversar e realmente colocar o papo em dia. Mais tarde foram resolver suas pendências, trabalhos e dever de casa.   
      Mas sempre que podiam aproveitavam para espiar o que o outro fazia e sorrirem sem se deixar notar.

One day moreOnde histórias criam vida. Descubra agora