Capítulo 15: Um grande avanço.

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Léo

Estava um pouco nublado quando chegamos a praia, mas isso não impediu Felipe, Eduardo e Érika de correrem pra dentro do mar pegar ondas, carregando suas pranchas. Manu e Bernardo tinham ido caminhar, deixando apenas eu, Júlia, Camila e Rodrigo sentados na areia. Diogo e Melissa provavelmente iam chegar logo, apesar de eu estar tentando não pensar muito nisso.

—Por Deus, você está com a maior cara de bunda de todas. —Júlia resmungou, fazendo uma careta ao olhar pra mim. Rodrigo olhou pro outro lado, tentando esconder uma risada, enquanto Camila se virava e olhava pra mim. —Você parecia animado com a ideia de vir pra praia. Aconteceu alguma coisa?

—Não, só estou pensando demais no campeonato. Os adversários vão ficando mais difíceis agora. —Afirmei, encarando a silhueta de Diogo e Melissa, que tinham acabado de chegar. Apertei meus lábios com força, desviando os olhos para o mar, vendo Érika pegar uma onda enorme e soltar um grito animado.

—Não sei porque você precisaria ficar preocupado com os adversários. Você já venceu os melhores enxadristas de todos os colégios onde jogou. —Júlia apertou meu ombro e me lançou um sorriso tranquilo, sem fazer ideia de que aquilo era bem mais do que parecia. —Nesse campeonato não vai ser diferente. Sério, você é o melhor.

—É fácil você falar isso quando é minha irmã. —Retruquei, o que a fez soltar uma risada, antes da atenção ser roubada pelos amigos que tinham chegado ali. Abri um sorriso, me esforçando pra ser simpático, já que meu humor estava uma merda naquele momento.

—Não sabia que estava de volta, Léo. Não vi você no bar na sexta. —Diogo comentou, se aproximando de mim, enquanto olhava na direção do mar. Comprimi meus lábios, vendo-o arrumar a prancha embaixo do braço. Não duvidava que ele correria para a água a qualquer momento.

—Minhas férias acabaram. Estou numa viagem pela escola. Só estou aqui porque a Júlia foi falar com meu professor. —Falei, e Diogo assentiu, antes de desviar os olhos de mim quando escutamos outro grito de Érika. Ela estava pegando outra onda, mas perdeu o equilíbrio e mergulhou na água. Parecia estar se divertindo pra caramba e eu sabia que ela merecia aquele momento com tudo que estava acontecendo.

Não escutei o que Diogo disse, porque estava ocupado demais observando Érika, até ele cruzar a minha frente correndo para o mar. Soltei um suspiro pesado, puxando meus cabelos para trás. Estava sentindo tantas coisas e não estava sabendo lidar com todas elas ao mesmo tempo.

—Quer ir beber alguma coisa? —Camila indagou, e eu concordei com a cabeça. Nos dois nos levantamos e seguimos até o barzinho mais próximo. Camila encontrou um lugar pra nos dois nos sentarmos, enquanto eu ia pegar algo pra bebermos. Quando voltei, ela estava sorrindo enquanto olhava na direção de Eduardo no mar. —Vai, me fala, o que está rolando?

—Você sabe. —Falei, girando a garrafa de cerveja. Não costumava beber quando estava fora, mas já que minha irmã estava ali eu me sentia na obrigação de beber um pouco, porque estava sentindo que precisava.

—Você deveria falar pra ela, Léo. Sério, comigo e com o Edu...

—Desculpa, mas vocês dois eram melhores amigos antes de se envolverem. Ela nem me considera amigo dela. —Soltei o ar com força, antes de balançar a cabeça negativamente. —E eu acho que você não conhece ela da mesma forma que eu.

—Por que acha isso? O que acha que ia acontecer se falasse pra ela o que sente? —Camila questionou, usando um tom de voz que deixava claro que estava pensando que eu estava fazendo tudo errado.

—Bom, primeiro, ela iria rir da minha cara e me sacanear até não aguentar mais. —Afirmei, vendo Camila abrir a boca para retrucar, antes de ficar em silêncio quando percebeu que eu não tinha terminado. —Depois ela iria se dar conta de que eu não estava brincando e iria me afastar, porque iria se recusar a aceitar isso como uma possibilidade.

—Acho que é você que não a conhece de verdade. —Camila rebateu, e eu neguei com a cabeça, porque eu sabia o que ia acontecer. Eu tinha tanta certeza daquilo, porque já tinha aprendido como ela reagia as coisas que eu fazia. —Sua ideia de conquistar primeiro e se declarar depois não está dando certo.

—Está dando certo, sim! —Afirmei, antes de me dar conta de que não podia falar demais, porque apesar de eu e Camila conversarmos bastante, ela não sabia sobro o que tínhamos feito ontem a tarde e nem deveria saber. —Fui vê-la todas as noites desde que cheguei. Ela me expulsou só uma vez do quarto dela. Eu considero isso um grande avanço.

—Claro, porque das outras vezes você conseguiu ser expulso todas as noites. —Camila revirou os olhos, enquanto eu comprimia os lábios em resignação. —Tudo bem, isso é um avanço. Mas então qual o problema? Você nem falou com ela hoje. Até seu amigo pareceu mais feliz em ver ela do que você.

Ela tinha razão. Rodrigo tinha parecido animado quando viu que Érika tinha conseguido vir com a gente. Os dois tinham sentado juntos no caminho pra cá e passaram o tempo todo conversando. Tinha perdido as contas de quantas risadas Rodrigo conseguiu arrancar dela, enquanto eu me sentia um idiota.

—Você não estava aqui ainda, mas ela se interessou pelo Diogo quando o conheceu. Na real, nem eu estava aqui, mas eu fiquei sabendo disso depois. —Falei, umedecendo os lábios com a língua, enquanto Camila erguia de leve as sobrancelhas. —Óbvio que não rolou nada, porque Érika é menor de idade e ele bem mais velho. Mas acho que ela ainda tem interesse nele.

—Ah, meu Deus, você está morrendo de ciúmes, não é? —Camila soltou uma risada, levando a mão aos lábios na tentativa de se segurar, enquanto eu a encarava com uma expressão descrente. —Desculpa, mas acho que esse é seu karma, não é? Você fez o Edu morrer de ciúmes de você comigo de proposito e agora está provando do próprio veneno.

—Bah, Camila, se você é minha amiga, não quero nem pensar em como seria se fosse minha inimiga. —Exclamei, e ela voltou a rir, antes de eu acabar cedendo e acabar rindo também, porque talvez eu merecesse um pouquinho daquilo. —Estou com ciúmes sim, mas não tem problema. Posso virar o jogo.

—E como você pretende fazer isso? —Camila questionou, enquanto eu pensava nas minhas visitas noturnas a Érika. —Acho que deveria pensar rápido, antes que alguém passe na sua frente.

Camila indicou algo com a cabeça, me fazendo virar o rosto na mesma hora para ver o que era. O calor atravessando meu corpo como eletricidade quando vi Érika e Diogo conversando perto do mar. Ela estava rindo, olhando pra ele com uma expressão muito iluminada. Algo desagradável se agitou no meu peito, enquanto eu me sentia prestes a entrar em um tabuleiro de xadrez, determinado a vencer.


Continua...

Todas as ondas do amor / Vol. 4Onde histórias criam vida. Descubra agora