Todas as ondas do amor / Vol. 4

Capítulo 53: Você me stalkeou?

—Eu sei que você tem medo, Érika. Todo mundo tem. Mas você não precisa se fechar sempre que alguém demonstra alguma coisa por você. Eu... —Balancei a cabeça negativamente, soltando uma risada nervosa e levando a mão aos lábios dele para impedi-lo de falar. Léo também riu, e eu tinha certeza que ele podia sentir o tremor nas minhas mãos. O friozinho na minha barriga, de nervosismo e euforia.

—O que você está fazendo? —Sussurrei, soltando o ar com força quando percebi que estava ficando sem fôlego.

Quando Léo envolveu meu rosto com as mãos e apertou minhas bochechas, me encarando como se pudesse atravessar o oceano inteiro pra ficar comigo. E eu sabia o que ele pretendia dizer e odiava que ele estivesse certo, porque eu estava morrendo de medo. Não conseguia evitar aquele sentimento mesmo que tentasse.

—Você me trouxe nesse barco só pra que eu não conseguisse fugir, não é? —Afirmei, porque tinha ficado bem óbvio pra mim que aquele tinha sido o plano dele desde o início.

—Conhecer seu adversário, lembra? —Ele ergueu as sobrancelhas, e eu acabei rindo, engolindo o nó que se formou na minha garganta quando Léo se inclinou e beijou minha testa com carinho. O ar entre nós parecendo carregado de faíscas prontas para explodir.

—E você confia muito que me conhece de verdade. —Retruquei, o fazendo rir, porque ele sabia que eu só estava tentando aliviar as coisas pra mim. As mãos dele ajeitaram meus cabelos, acariciando minhas bochechas e observando meus olhos, como se procurasse por alguma coisa.

—Eu conheço. Conheci você antes mesmo de a gente se ver pela primeira vez. —Léo afirmou, me fazendo juntar as sobrancelhas em confusão. —A primeira vez que eu te vi foi numa foto que minha irmã postou. Fiquei olhando pra ela por um bom tempo, porque ela não tinha me falado sobre nenhuma amiga nova. Não consegui tirar os olhos de você.

—Você me stalkeou? —Questionei, incrédula, e Léo deu de ombros como se isso não fosse nada demais. Mas eu não podia acreditar nele. Eu não conseguia acreditar que ele realmente tinha feito algo como aquilo. —Por quê?

—Porque eu te achei linda e fiquei interessado. Já sabia algumas coisas sobre você quando vim passar as férias aqui. —Léo balançou a cabeça, soltando uma risada e parecendo sem graça por me contar aquelas coisas. Aquilo era tão fofo e estava acabando comigo. —Tinha ficado ansioso pra conhecer você assim que entrei no ônibus pra cá.

—E aí eu te decepcionei, porque não era o que você estava esperando. —Falei, esperando que ele confirmasse, mas Léo negou com a cabeça na mesma hora, como se eu estivesse tão enganada.

—Você era exatamente o que eu esperava e eu não consegui tirar os olhos de você depois disso, mesmo quando você fazia um ótimo trabalho em me detestar. —Afirmou, e eu não consegui evitar o sorriso enorme que estava nos meus lábios, que fazia minhas bochechas doerem e meu coração errar algumas batidas, completamente abalado.

—Você não pode ficar me falando essas coisas. Eu não consigo... —Fiquei sem palavras, engolindo o nó que havia se formado na minha garganta.

Ah meu Deus, eu estava me sentindo tão envergonhada. Ele tinha razão de me levar até aquele barco, porque eu com certeza sairia correndo se pudesse, porque não sabia como reagir aquilo. Léo apenas sorriu mais ainda, como se soubesse o que estava causando em mim. Escondi meu rosto na garganta dele, puxando seu perfume pra mim enquanto tentava acalmar meu coração.

—Está tudo bem. —Léo afirmou, e eu balancei a cabeça, mesmo que não soubesse se aquilo significava que eu acreditava nele ou não. —Você quer namorar comigo, pirralha?

—Estava esperando você ficar de joelhos para pedir. —Retruquei, afastando meu rosto para encara-lo. Léo tombou a cabeça de lado, se virando e pegando uma caixinha dentro da mochila dele. Nem fiquei surpresa com aquilo, porque era óbvio que ele tinha se preparado para aquele dia mais do que eu poderia ter imaginado.

—Eu bem que pensei, mas achei que tinha grandes chances de você me empurrar pra  fora do barco se eu ousasse. —Deu de ombros, enquanto eu soltava uma risada, encarando aquela caixinha nas mãos dele. —Quero ficar com você, independente de qualquer coisa negativa que você imagine. Quero ficar com você desde quando vi aquela foto e não posso ir embora de novo sem ouvir um sim seu.

—Da próxima vez que você me convidar pra um passeio assim, já vou sabendo que você vai aprontar alguma coisa. —Sussurrei, abrindo a caixinha que ele ainda segurava, me sentindo sem fôlego ao ver seu sorriso divertido.

Peguei a aliança maior, colocando no dedo de Léo. Ele estava encarando meu rosto quase como se não estivesse piscando. Peguei a outra aliança e coloquei na palma da mão dele, engolindo a onda de ansiedade que quase me dividiu ao meio. Minhas mãos tremeram quando eu segurei a dele, antes de eu erguer a cabeça e encarar seus olhos.

—Sim. —Afirmei, baixo de mais, porque tinha ficado com vergonha de falar mais alto pela forma que ele me olhava. Mas sabia que Léo tinha ouvido quando ele se inclinou e me beijou em meio a um sorriso, segurando minha mão até colocar a aliança em mim.

A mão dele envolveu minha nuca, fazendo minha pulsação disparar quando aprofundamos o beijos. Meu corpo subindo para o colo dele enquanto eu abraçava seus ombros. Suspirei contra os lábios dele, sentindo seu gosto tomar conta da minha boca, trazendo uma sensação calorosa pelo meu peito.

—Hm... —Ele tentou se afastar, mas voltou e me deu outro beijo demorado que me deixou corada, porque sabia que não estávamos sozinhos ali. —Só temos um pequeno problema.

—Que problema? —Questionei, pronta para revirar os olhos com qualquer coisa que Léo tivesse a intenção de dizer. Ele passou a mão pelo rosto, parecendo meio tenso antes de puxar os cabelos escuros para trás. —Léo, o que foi?

—Como vamos contar isso para o seu irmão? —Indagou, e eu abri e fechei a boca, ficando sem saber o que falar quando me dei conta da situação em que tínhamos nos metido.

Continua...