Capítulo 48: A primeira foto do casal.

610 152 24
                                    

Rodrigo me ajudou a abrir os presentes antes de ir embora. Ele ficou muito feliz em abrir o próprio presente que tinha me comprado pra mim, fingindo surpresa quando viu a câmera que imprimia a foto na hora. Ele deixou claro que aquilo facilitaria muito nosso trabalho como investigadores, mesmo que eu soubesse que ele só queria tirar milhares de fotos de nós.

Meu irmão tinha me dado dois livros, que eu tinha o infernizado que queria muito, mas só não havia comprado por conta do valor. Camila, Manu e Júlia fizeram o mesmo, me deixando felizinha pelo aumento na minha estante. Felipe tinha me dado um colar e Bernardo uma pulseira. Nem precisei de muito pra perceber que os dois tinham ido comprar os presentes juntos.

O presente de Léo tinha sido o último a ser aberto. Rodrigo me ajudou a abrir a caixa e riu da minha expressão iluminada quando tirei a luminária ali de dentro, no formato de uma onda. A luz era num tom azul bem clarinho. Rodrigo não disse nada, mas acho que ele sabia que aquele tinha sido meu presente favorito.

Não vi meu pai na manhã seguinte, apesar de ter o escutado chegando as quatro horas da manhã. Não tenho certeza se Eduardo também ouviu, porque ele tinha ficado dormindo ali com Camila. Se viu, não comentou nada na manhã seguinte, quando estávamos sentados tomando café.

—Nossa, mas tem muita coisa na mesa hoje. E companhia também. —Meu pai abriu um sorriso ao entrar na sala, encontrando nós três e o que havia restado do aniversário ontem. Vi Camila ficar rígida ao meu lado, assim como Edu pareceu ficar tenso. —Se eu soubesse disso, tinha chamado a Suellen pra tomar café em família com a gente.

—Não somos uma família a muito tempo. —Retruquei, muito baixo. Ele não ouviu, se sentando na ponta da mesa com uma expressão de pura satisfação, antes de parecer se dar conta de algo.

—Ah, meu Deus, era seu aniversário. —Ele olhou pra mim, parecendo muito surpreso ao se dar conta daquilo. Não demonstrei qualquer emoção, cortando um pedaço de bolo generoso pra mim. —Me desculpa, filha, eu esqueci completamente. Tinha voltado mais cedo pra casa ontem. Deveria ter me lembrado.

—Eu não esperava que você fizesse questão de se importar. —Afirmei, vendo-o comprimir os lábios com meu comentário suave. Mas ele não pareceu se incomodar, assim como eu não estava preocupada com a existência dele naquele dia. A noite anterior tinha sido boa demais.

Comi super rápido, enquanto ele mexia em alguma coisa no terno. Ergui as sobrancelhas quando ele colocou um dinheiro sobre a mesa e estendeu na minha direção, como se fosse o meu presente atrasado. Me levantei junto com Camila e Edu, pegando o dinheiro e murmurando um obrigada antes de o deixarmos tomando café sozinho, porque era o que ele merecia.

[...]

Abri a porta da casa da árvore, entrando primeiro e deixando Léo e Rodrigo entrarem depois. Os dois pareceram surpresos com a organização ali. Mas eu tinha pedido a chave para Eduardo e arrumado o lugar para nós três, com as coisas que gostávamos, além de todo tipo de comida. Rodrigo foi direto até elas, enquanto Léo ainda olhava ao redor com uma expressão surpresa e pensativa.

—Sempre pensei em como séria aqui dentro quando via pela janela do seu quarto. —Léo falou, assim que percebeu que eu o observava. Tinha os levado até ali, pensando que seria mais fácil evitar Suellen se ela chegasse no meio da tarde e fosse escutar atrás da porta do meu quarto. —É bem mais legal do que eu tinha pensado.

—Arrumei pra gente. Acho que vamos conseguir evitar a Suellen muito mais facilmente aqui. —Afirmei, indo me sentar no colchão que havia em um dos cantos da casa na árvore, antes de puxar os papéis que estavam no meu bolso. —Anotei todos os horários que meu pai tem marcado nos próximos dias. Algumas coisas eu imagino que não sejam nada demais. Talvez mais encontros com aquela mulher ou até mesmo outras mulheres.

—Seu pai é um exemplo de homem. —Rodrigo afirmou, vindo se sentar na minha frente, enquanto Léo pegava o espaço ao meu lado. Tentei não ficar sem graça quando ele passou o braço ao redor da minha cintura. Um gesto quase natural e carinhoso demais.

—Pois é, deveriam ver ele hoje de amanhã, me dando dinheiro como se fosse super simples. Nenhum parabéns ou qualquer outra coisa. Parecia que ele tava me pagando por alguma coisa. —Falei, soltando uma risada meio sarcástica quando Léo e Rodrigo olharam pra mim incrédulos. —Enfim, ele tem um horário hoje às quatro super estranho. Em um café que fica depois da ponta, no continente. Quem marca um café tão longe? Ainda mais em horário de trabalho?

—Ele pode estar indo se encontrar com outra mulher. —Léo sugeriu, mas eu balancei a cabeça negativamente, porque tinha certeza que não era isso. Ele tinha ido buscar a outra em casa, certamente sempre fazia isso em vez de marcar um encontro já no lugar. —Podemos ir até lá. Mas de bicicleta não parece uma boa ideia.

—Vamos pegar um Uber ou um ônibus. —Dei de ombros, porque não faltavam opções. Mas eu tinha a sensação que aquilo era importante e não deixaria de ir checar se estava certa ou não. —Tô com um pressentimento bom, sabiam? As coisas andam super bem. Tenho a sensação que vai apenas melhorar.

—Espero que você esteja certa, guria. Eu ia gostar muito de ver o seu pai quebrando a cara. —Rodrigo afirmou, e eu abri um sorriso, porque ia gostar muito daquilo também.

Escorei minha cabeça no ombro de Léo, soltando um suspiro ao pensar no quão bom seria se as coisas simplesmente se resolvessem logo. Estava tudo indo tão bem. Só faltava aquele pequeno detalhe da minha guarda pra ficar melhor. Fechei meus olhos quando Léo se inclinou e beijou minha testa.

O fleche de uma câmera me fez erguer a cabeça, vendo Rodrigo com a câmera que ele havia me dado, tirando uma foto minha e de Léo daquele exato momento que ele tinha se abaixado para beijar minha testa. Observei a máquina fazer um barulhinho e a foto ser impressa. Rodrigo a tirou com cuidado, a balançando enquanto a foto começava a surgir ali lentamente.

—A primeira foto do casal e foi eu que tirei. —Afirmou, estendendo-a para nos dois. Soltei uma risada, tentando não me sentir constrangida quando Léo a pegou e a observou, abrindo um sorriso. Olhei para a foto, engolindo uma onda de emoção que atravessou meu coração quando comecei a me dar conta de que aquilo estava realmente acontecendo. Eu e Léo estávamos nos tornando alguma coisa.

Continua...

Todas as ondas do amor / Vol. 4Onde histórias criam vida. Descubra agora