Capítulo 55: Ele ia largar ela.

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Entrei em casa, encontrando Suellen sentada no sofá com os pés sobre a mesa de centro, comento um dos seus pudins idiotas, com uma expressão de pura satisfação. Apertei meus lábios com força quando os olhos dela me encontraram quando percebeu que não estava mais sozinha.

—Mandou seu amigo embora? —Questionou, e eu fiz uma careta de desdém pra ela, porque me irritava ela pensar que poderia usar aquilo contra mim de alguma forma, porque eu sabia que era exatamente isso que ela iria fazer se tivesse certeza.

—Não mandei, ele está bem aqui do meu lado, não está vendo? —Gesticulei para o nada, vendo-a revirar os olhos quando sentiu meu tom debochado. —Acho que você não o vê mesmo, da mesma forma que não vê o chifre na sua cabeça.

—Seu pai me ama, Érika. Sei que pra você é difícil de entender isso, já que sua cabeça é fechada demais. Mas ele me ama. —Ela deu de ombros, enquanto eu explodia em uma risada histérica que a fez sorrir de forma falsa, como se não se importasse com o meu comentário.

—Sabe, antes eu achava que você sabia e só não se importava. Mas agora eu vejo que você realmente acredita em qualquer coisa que ele te disser. —Me aproximei do sofá, o que a fez se sentar direito nele, como se eu a intimidasse de alguma forma. —Mas a verdade, Suellen, é que ele não te ama. Ele não sente absolutamente nada por você. Se ele te amasse como você pensa, ele teria largado da minha mãe pra ficar com você.

—Ele ia largar ela. —Suellen retrucou, e eu abri um sorriso e neguei com a cabeça, porque aquela era a maior mentira que qualquer homem poderia contar.

—Quando? Quando ele te prometeu que a largaria? —Questionei, e ela abriu a boca como se tivesse uma resposta pronta pra mim, antes de engolir as palavras e seus lábios tremerem de nervosismo. —Deixa eu adivinhar, um mês depois que vocês começaram a ficar juntos? E vocês dois ficaram juntos por quanto tempo até minha mãe descobrir?

—Eu não vou cair na sua, Érika. —Afirmou, abrindo um sorrisinho pra mim, mas eu podia ver a hesitação no rosto dela, com tudo que eu falava. —Acho que você não conhece seu próprio pai, garota.

—Eles só se separaram porque minha mãe descobriu, porque se ela nunca tivesse pegado vocês dois, ele nunca teria a deixado pra ficar com você. —Exclamei, sem um pingo de pena na minha voz, porque nem isso ela merecia. —E ele nunca mudou de ideia, Suellen. Mesmo agora, ele ainda pensa da mesma forma, sabia? Porque a maior raiva dele de todos nós é porque estragamos a família perfeita que ele tinha. Ele odeia minha mãe, porque ela se recusou a continuar nessa mentira de família com ele.

—Cale a boca! —Ela rosnou as palavras pra mim, fazendo um sorriso se abrir nos meus lábios. Aquilo estava dando tempo para que Léo e Rodrigo fossem embora sem ela os ver. Ela estava ocupada demais comigo pra pensar neles.

—Você não é o tipo de mulher que o meu pai considere interessante para casar. Você vai voltar a ser só a amante dele quando ele encontrar a próxima esposa. Ou ele vai simplesmente te chutar. —Falei, dando de ombros, porque aquela era uma possibilidade também.

Suellen ficou de pé, me encarando completamente furiosa. Esperei que ela gritasse comigo, mas ela apenas disparou pelas escadas e bateu a porta com força. Sorri ao encarar a sala vazia, me sentindo muito bem por ter dito todas aquelas coisas, porque nada daquilo era mentira.

[...]

Estava colocando um filme pra assistir quando escutei o barulho na minha janela. Escondi o sorriso quando Léo pulou para dentro, fechando a janela com cuidado antes de me lançar um sorriso disfarçado. Observei ele ir até a porta e a checar se estava trancada.

—Era pra você ir pra casa, seu maluco. A Suellen sabe que eu estou trazendo alguém aqui. Não é nem mais desconfiança. —Afirmei, lançando um olhar demorado para Léo quando ele se sentou ao meu lado da cama e roubou um pouco da pipoca que eu tinha feito.

—Eu fui pra casa e voltei. Quero aproveitar todo tempo possível com você antes de precisar ir embora. —Léo se inclinou para perto de mim, me fazendo morder o lábio em ansiedade, porque eu via o brilho de interesse nos seus olhos. —E eu não tenho medo da Suellen e muito menos do seu pai.

—Só do meu irmão. —Retruquei, e Léo soltou uma risada, sem fazer questão nenhuma de negar esse fato. —Precisamos falar baixo e nada de risadas altas.

Ergui a coberta, abrindo espaço para que Léo deitasse mais perto de mim. Ele tirou os tênis e se aproximou, enquanto eu colocava mais volume no meu notebook, para que ele abafasse qualquer som que fizéssemos ali dentro. Engoli em seco quando Léo passou o braço ao meu redor, deixando minha cabeça encostada no seu peito.

—Era isso que você queria desde o início, não é? —Sussurrei, e Léo confirmou com a cabeça, deixando um beijo na minha testa que deixou a boca do meu estômago cheia de borboletas. Estava me acostumando com elas, porque isso sempre acontecia quando eu estava perto de Léo.

Nos dois ficamos em silêncio, dividindo o balde de pipoca enquanto assistíamos o filme. Uma vez ou outra ele beijava minha pele, ou roçava a mão no meu braço, fazendo minha pele inteira ficar arrepiada. Me aconcheguei a ele, fechando os olhos e ignorando o restante do filme, porque não ia conseguir me concentrar nem um pouco com ele ali.

Toquei a mão de Léo, passando o dedo por cima da aliança dele, sem conseguir acreditar que estávamos mesmo namorando. Ainda me lembro de quando Júlia apresentou nos dois. Tinha a ouvido falar sobre o irmão dela algumas vezes, que ele aparecer no meu caminho. A primeira coisa que pensei quando o vi é que ele era lindo, mas provavelmente era tão idiota quanto meus colegas da escolhas.

Eu achei que estava certa sobre isso quando começamos a implicar um com o outro. Agora percebo que eu estava só enganando a mim mesma, porque Léo não é nada parecido com nenhum deles. Ele era engraçado, um pouco ranzinza quando alguém o tirava do sério, mas atencioso na maioria das vezes. E ele sabia ver e entender as pessoas, mesmo quando elas dificultavam tudo.

—Você dormiu? —Sussurrou, e eu balancei a cabeça negativamente, percebendo que as letrinhas na tela preta já estavam começando a subir. O filme tinha acabado e eu não me lembrava de quase nada, porque minha mente ficou a maior parte do tempo ligada em Léo. —Estava pensando, acho que deveríamos contar ao seu irmão logo. Você disse que vai almoçar com ele amanhã e eu pensei que... sei lá, a gente podia contar.

—Quer ir almoçar com a gente amanhã? —Questionei, erguendo a cabeça para olhar pra ele. Léo estava encarando nossas mãos juntas, parecendo pensar longe.

—Você vai precisar explicar como conseguiu aquelas fotos, então acho que a gente podia aproveitar o momento. —Léo deu de ombros, virando o rosto para me encarar. Ele ergueu a mão e tocou minha bochecha, deslizando o dedo pela linha do meu queixo. —Quanto mais demorarmos, pior vai ser, né? Ainda mais que as garotas já sabem e até mesmo a sua mãe.

—Tudo bem, acho uma boa ideia. —Concordei, abrindo um sorriso confidente para Léo, porque depois que meu pai perdesse as coisas iam ser boas demais.

Fechei meus olhos quando ele se inclinou. A respiração fazendo cócegas no meu nariz, fazendo meu corpo estremecer de ansiedade e antecipação. Calor manchou minhas bochechas quando a boca dele encontrou a minha, enquanto seus dedos desciam para minha garganta. Meu coração martelou no meu peito quando ele se virou e ficou um pouco sobre mim. Minha mão envolvendo a nuca dele quando aprofundamos o beijo.

Soltei uma risada quando a travessa de pipoca virou, espalhando o que ainda não havíamos comido sobre a coberta. Léo riu também, antes de voltar a me beijar. Ele afastou meus cabelos com cuidado. A respiração ficando mais pesada quando a calmaria foi dando lugar a uma coisa mais profunda. Senti ele sorrir contra minha boca, causando um friozinho delicioso na minha barriga.

Léo se afastou com a testa franzida, parecendo muito concentrado. Olhei pra ele confusa, até escutar o som de alguma coisa caindo. Ele saiu de cima de mim e nós dois olhamos pra porta, vendo minha chave caída perto do tapete. O sangue nas minhas veias se tornou gelo quando a porta se abriu e meu pai entrou, encarando Léo e eu como se fosse exatamente o que ele estava esperando ver.


Continua...

Todas as ondas do amor / Vol. 4Onde histórias criam vida. Descubra agora